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A dor não tem cura, diz viúva de vítima da chacina de Vigário Geral

Repro­dução: @Agência Brasil / EBC

Massacre de 21 pessoas em favela do Rio por policiais completa 30 anos


Pub­li­ca­do em 29/08/2023 — 06:15 Por Vitor Abdala — Repórter da Agên­cia Brasil — Rio de Janeiro

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Há 30 anos, a chega­da do dia 29 de agos­to é dolorosa para Iracil­da Tole­do. Mes­mo o aniver­sário de um net­inho, cel­e­bra­do um dia antes, não é capaz de diminuir essa dor. Nes­sa data, em 1993, seu mari­do foi assas­si­na­do por poli­ci­ais mil­itares, quan­do esta­va em um bar, na comu­nidade de Vigário Ger­al, na zona norte do Rio de Janeiro. 

Seu mari­do, Adal­ber­to de Souza, foi uma das 21 pes­soas mor­tas por PMs naque­le dia na favela. O grupo, de cer­ca de 40 pes­soas e chama­do de Cav­a­l­os Corre­dores, era inte­gra­do por poli­ci­ais do batal­hão da área.

O obje­ti­vo dos assas­si­nos, ao entrar na comu­nidade na noite de 29 de agos­to, era vin­gar a morte de qua­tro com­pan­heiros, mor­tos pela facção crim­i­nosa que con­trola­va a ven­da de dro­gas em Vigário Ger­al.

Mas os alvos da retal­i­ação foram aleatórios. Nen­hum deles tin­ha relação com a quadrilha que matou os poli­ci­ais. O mari­do de Iracil­da, por exem­p­lo, tin­ha 40 anos, era fer­roviário e mora­va em uma casa de pro­priedade da empre­sa fed­er­al para a qual tra­bal­ha­va na época.  Ele foi mor­to quan­do esta­va em um bar com out­ras seis pes­soas.

Em uma casa, per­to dali, oito pes­soas de uma mes­ma família tam­bém seri­am exe­cu­tadas. Seis pes­soas que estavam na rua tam­bém foram mor­tas. “Como famil­iar, parece que foi ontem. Eu sofro tan­to quan­to há 30 anos. Vai faz­er 31 [anos], 32, 50, enquan­to eu viv­er essa dor vai estar comi­go. É uma dor den­tro da min­ha alma. Não tem remé­dio para isso, não tem cura”, con­ta Iracil­da, que é pres­i­dente da Asso­ci­ação de Famil­iares das Víti­mas de Vigário Ger­al.

Sentenças

Segun­do o Tri­bunal de Justiça do Rio, 52 pes­soas foram denun­ci­adas por envolvi­men­to na chaci­na, das quais ape­nas qua­tro foram con­de­nadas pelo crime. José Fer­nan­des Neto e Paulo Rober­to Alvaren­ga gan­haram liber­dade condi­cional em 2006 e 2013.

Sir­lei Alves Teix­eira esta­va em regime semi­aber­to des­de 2017 quan­do foi mor­to em 2021, na por­ta de sua. Alexan­dre Bicego Far­in­ha foi assas­si­na­do em 2007, enquan­to aguar­da­va o jul­ga­men­to de um recur­so em liber­dade.

Out­ros chegaram a ser con­de­na­dos no primeiro júri, mas foram absolvi­dos em jul­ga­men­tos seguintes: Arlin­do Mag­inário Fil­ho, con­de­na­do ini­cial­mente a 441 anos e absolvi­do em novo júri, em 2003; Rober­to César do Ama­r­al, con­de­na­do no primeiro júri a seis anos de reclusão, e absolvi­do em um segun­do jul­ga­men­to, em 2007; e Adil­son Sarai­va da Hora, con­de­na­do nos primeiro e segun­do júris (72 anos e 59 anos) e absolvi­do no ter­ceiro.

No ano pas­sa­do, as 13 famílias de víti­mas voltaram a rece­ber pen­são vitalí­cia do Esta­do, por meio de um pro­je­to de lei aprova­do pela Assem­bleia Leg­isla­ti­va.

Nes­ta terça-feira (29), está pre­vista a inau­gu­ração de um mon­u­men­to com os nomes dos 21 mor­tos, na Praça Catolé do Rocha. Uma mis­sa será cel­e­bra­da pelo arce­bis­po do Rio de Janeiro, dom Orani Tem­pes­ta, à noite, no Cen­tro Cul­tur­al Waly Salomão. Está pre­vista tam­bém a ilu­mi­nação do Cristo Reden­tor, na cor verde, às 19h.

Edição: Kle­ber Sam­paio

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