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Acessibilidade amplia inclusão de pessoas com deficiência

Dia Internacional da Pessoa com Deficiência é comemorado hoje

Ana Car­oli­na Alli Mar­ques*
Pub­li­ca­do em 03/12/2024 — 08:02
Brasília
Rio de Janeiro - Tradução em Libras de encenação com temática inclusiva no lançamento de mais uma turma do projeto Agentes de Promoção da Acessibilidade, na biblioteca da Rocinha (Fernando Frazão/Agência Brasil)
Repro­dução: © Fer­nan­do Frazão/Agência Brasil

Lev­an­ta­men­to feito pelo Insti­tu­to Loco­mo­ti­va, em con­jun­to com a Sem­ana da Aces­si­bil­i­dade Sur­da, mostra que o Brasil tem 10,7 mil­hões de pes­soas com algum tipo de defi­ciên­cia audi­ti­va. Esse tipo de defi­ciên­cia é clas­si­fi­ca­do de acor­do com a inca­paci­dade de detec­tar deter­mi­na­da quan­ti­dade de decibeis, sendo con­sid­er­a­da sur­da a pes­soa que apre­sen­ta per­da pro­fun­da ou com­ple­ta de audição.

No Dia Inter­na­cional da Pes­soa com Defi­ciên­cia, cel­e­bra­do nes­ta terça-feira (3), a Agên­cia Brasil con­ver­sou com pes­soas com defi­ciên­cia, que falam sobre seus desafios. A data foi insti­tuí­da pela Orga­ni­za­ção das Nações Unidas (ONU) em 1992, com o obje­ti­vo de garan­tir dire­itos e aces­so às pes­soas com defi­ciên­cia. Para que a inclusão pos­sa ocor­rer, são necessárias condições como a inserção e per­manên­cia dessas pes­soas no mer­ca­do de tra­bal­ho.

Júnior Teles (51) é con­ta­dor no Tri­bunal Supe­ri­or Eleitoral e tem defi­ciên­cia audi­ti­va neu­rossen­so­r­i­al bilat­er­al descen­dente, car­ac­ter­i­za­da pela difi­cul­dade em enten­der con­ver­sas para­le­las e sons agu­dos. Ele usa Apar­el­hos de Ampli­fi­cação Sono­ra Indi­vid­ual (AASI) e faz leitu­ra labi­al ao con­ver­sar com out­ras pes­soas. Júnior con­ta que comu­nicar que tem defi­ciên­cia audi­ti­va tem facil­i­ta­do a inter­ação com os cole­gas.

“Pas­sei a usar apar­el­hos audi­tivos e essa aces­si­bil­i­dade tem me aju­da­do muito, emb­o­ra não resol­va 100%. Então, como sabem que eu ten­ho per­da, mas tam­bém sou bem oral­iza­do (não uso Libras), ven­ho me adap­tan­do bem aos ambi­entes de tra­bal­ho, des­de que não sejam locais rui­dosos e com muitas pes­soas falan­do ao mes­mo tem­po.”

Amar­il­do João Espin­dola é sur­do, pro­fes­sor uni­ver­sitário e con­duz o pro­je­to Libras em Cena, que ofer­ece ativi­dades que incen­ti­vam a inte­gração entre sur­dos e ouvintes, pro­moven­do a inclusão e a capac­i­tação artís­ti­ca por meio de ofic­i­nas.

“Todas as vezes que cheg­amos em qual­quer ambi­ente que não tem intér­prete de Libras ou qual­quer out­ro profis­sion­al flu­ente nes­sa lín­gua, enfrenta­mos lim­i­tações, bar­reiras. E no mer­ca­do de tra­bal­ho não é difer­ente.”

Ele con­ta como as relações de tra­bal­ho podem ser impactadas pela fal­ta de aces­si­bil­i­dade para pes­soas com defi­ciên­cia audi­ti­va.

“A questão é que tra­bal­har não está foca­do ape­nas nas ativi­dades dire­ta­mente real­izadas, mas, em todo o con­tex­to em que a pes­soa está inseri­da: des­de o momen­to em que entra no local de tra­bal­ho, quan­do pre­cisa resolver algu­ma coisa admin­is­tra­ti­va, ou até mes­mo de inter­ação com os demais cole­gas.”

A advo­ga­da tra­bal­hista Iara Neves expli­ca como a fal­ta de inte­gração ade­qua­da do empre­ga­do com defi­ciên­cia audi­ti­va na empre­sa pode afe­tar o con­vívio social desse profis­sion­al.

“A fal­ta de inte­gração ade­qua­da do empre­ga­do sur­do pode resul­tar em seu iso­la­men­to do con­vívio social e esvazi­a­men­to da autono­mia para exe­cu­tar as ativi­dades, ocor­ren­do, até mes­mo, a subu­ti­liza­ção das suas habil­i­dades, ao atribuir funções de baixa vis­i­bil­i­dade e com pou­cas chances de desen­volvi­men­to profis­sion­al.”

Caso os dire­itos dos tra­bal­hadores sur­dos não sejam cumpri­dos, exis­tem alter­na­ti­vas para con­tornar o prob­le­ma, como con­ver­sar com os empre­gadores ou com o setor de Recur­sos Humanos da empre­sa. A advo­ga­da sug­ere como os fun­cionários sur­dos podem agir.

“Caso as ten­ta­ti­vas de diál­o­go não sejam efi­cazes, o empre­ga­do pode ingres­sar com uma ação na Justiça do Tra­bal­ho. Se não tiv­er condições de con­tratar um advo­ga­do para ajuiza­men­to de recla­mação tra­bal­hista, ele poderá recla­mar pes­soal­mente per­ante a Justiça e acom­pan­har as suas recla­mações até o final, na condição de jus pos­tu­lan­di (sem a aju­da de um advo­ga­do), pre­vista no arti­go 791 da CLT.”

Estratégias de inclusão

Para o pro­fes­sor Amar­il­do João, estraté­gias de aces­si­bil­i­dade pode­ri­am ser imple­men­tadas para ampli­ar a inclusão de pes­soas sur­da.

“É pre­ciso a capac­i­tação das pes­soas (ouvintes) em Libras e na cul­tura sur­da, a fim de aprox­i­mar o mun­do ouvinte do mun­do sur­do. Tam­bém é pre­ciso que se con­trate ou que haja con­cur­sos para profis­sion­ais flu­entes em Libras, como tradu­tores e intér­pretes, pro­fes­sores, advo­ga­dos, médi­cos, secretários, recep­cionistas, porteiros, entre out­ros.”

As práti­cas a seguir tam­bém podem pro­mover a inclusão de pes­soas com difer­entes tipos de defi­ciên­cias audi­ti­vas:

Falar com clareza e pau­sada­mente (facili­ta o entendi­men­to da pes­soa com sur­dez par­cial).

Diri­gir-se dire­ta­mente à pes­soa com defi­ciên­cia audi­ti­va, pos­si­bil­i­tan­do a leitu­ra labi­al.

Insta­lar painéis e alarmes com avi­so lumi­noso em locais de atendi­men­to ao públi­co, facil­i­tan­do a visu­al­iza­ção de infor­mações escritas.

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