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Afroturismo mostra passado escravista brasileiro

Repro­dução: © Tânia Rêgo/Agência Brasil

Modalidade de turismo valoriza patrimônio material e imaterial


Pub­li­ca­do em 13/05/2023 — 19:27 Por Car­oli­na Pessôa — Repórter da Rádio Nacional — Rio de Janeiro

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Das ladeiras de Ouro Pre­to às ruas de Sal­vador, pas­san­do pelo Cais do Val­on­go, no Rio de Janeiro, ou pela Rota da Liber­dade, em São Paulo, e chegan­do à Ser­ra da Bar­ri­ga, em Alagoas. Ess­es são alguns dos lugares que abrem as por­tas para o pas­sa­do escrav­ista brasileiro, e con­tam para todos nós, até hoje, um pouco das ori­gens do povo negro do país.

Mais de 130 anos depois da abolição da escra­vatu­ra, assi­na­da em 13 de maio de 1888, o afro­tur­is­mo, modal­i­dade que val­oriza o patrimônio mate­r­i­al e ima­te­r­i­al da pop­u­lação negra brasileira, vem gan­han­do espaço. Tan­to que, em janeiro deste ano, o Min­istério da Igual­dade Racial e a Embratur ini­cia­ram uma parce­ria para incen­tivá-lo.

O tur­is­mól­o­go e vice-pres­i­dente do Con­sel­ho Munic­i­pal de Defe­sa dos Dire­itos do Negro do Rio de Janeiro, Bruno Fran­co, diz que o ter­mo afro­tur­is­mo ain­da é novo, mas essa é uma estraté­gia que já vem sendo estru­tu­ra­da há algum tem­po.

“Por onde a diás­po­ra africana nos lev­ou, a gente deixou as nos­sas mar­cas. E essas mar­cas estão tan­to hoje na história, na cul­tura, na músi­ca, e tam­bém até em mon­u­men­tos históri­cos. O afro­tur­is­mo é con­tar a nos­sa história, por nós mes­mos, na nos­sa essên­cia”.

Uma das maiores refer­ên­cias nesse tipo de tur­is­mo no Brasil é o Par­que Memo­r­i­al Quilom­bo dos Pal­mares, que ocu­pa o espaço que foi o de maior resistên­cia à escravidão do país, lid­er­a­do pelo herói Zumbi.

Bal­bi­no Praxedes, rep­re­sen­tante region­al de Alagoas da Fun­dação Cul­tur­al Pal­mares, desta­ca que, em 2022, o par­que rece­beu mais de 35 mil vis­i­tantes — um aumen­to de 51% em relação ao ano ante­ri­or.

“O par­que con­tribui para a vis­i­bil­i­dade e recon­hec­i­men­to da história do povo negro des­ta nação, a par­tir do momen­to em que ele nos leva à reflexão e entendi­men­to dos fatos ocor­ri­dos por uma das etnias que com­põe a nos­sa nação”.

No Rio de Janeiro, o Cais do Val­on­go, prin­ci­pal pon­to de desem­bar­que e comér­cio de pes­soas negras escrav­izadas nas Améri­c­as, é tão impor­tante que foi eleito Patrimônio da Humanidade pela Unesco. Mer­cedes Guimarães, dire­to­ra do Insti­tu­to Pre­tos Novos, cri­a­do para preser­var o patrimônio mate­r­i­al e ima­te­r­i­al da região con­heci­da como Peque­na África, no cen­tro do Rio, expli­ca o que o vis­i­tante pode apren­der ao con­hecer o Cais.

“É um livro a céu aber­to. A gente fala do Macha­do de Assis, a gente fala da própria Mer­cedes Batista, o sam­ba, as tias, o mer­ca­do que hou­ve aqui da região e até chegar ao cemitério e tam­bém a gente leva depois para o Museu da História Afro-Brasileira”.

Bruno Fran­co tam­bém desta­ca que out­ro pon­to rel­e­vante para o afro­tur­is­mo no Rio de Janeiro é o Vale do Café. No entan­to, este é um local que exige uma visi­ta críti­ca.

“Porque tem a questão do fazen­deiro, do cafezal, a glam­our­iza­ção da escravidão, né, como se fos­se algo belo, e não é. Porque mostra as fazen­das como coisa lin­da, quan­do, na ver­dade, aqui­lo, para nós, era um local de sofri­men­to”.

Em Ouro Pre­to, um dos destaques do afro­tur­is­mo é a vis­i­tação à Mina do Chico Rei, africano escrav­iza­do que era rei no Con­go, antes de ser trazi­do ao Brasil para tra­bal­har nas minas, e que con­seguiu com­prar sua alfor­ria e tam­bém de out­ros escrav­iza­dos.

Já em Sal­vador, a cidade mais negra do Brasil, há muitos museus e mon­u­men­tos que rev­er­en­ci­am a cul­tura negra, além da sua forte influên­cia na reli­giosi­dade e na culinária.

 

Edição: Kel­ly Oliveira, Tâmara Freire e Nathália Mendes

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