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Agência Brasil completa 34 anos com cidadania em pauta

Repro­dução: © Agên­cia Brasil

Quilombolas e indígenas destacam papel do veículo para debate público


Publicado em 10/05/2024 — 07:00 Por Luiz Claudio de Ferreira — Repórter da Agência Brasil — Brasília

Os dedos tocam no tecla­do e na máquina fotográ­fi­ca com a ligeireza da urgên­cia. Pelo tele­fone ou nas ruas, os olhares dos jor­nal­is­tas estão lá con­cen­tra­dos. Cada palavra, cada imagem e cada novi­dade abrem o cam­in­ho dessa estra­da de todos os dias pela edição, pela pub­li­cação e pelo serviço presta­do. Pelas car­ac­terís­ti­cas da Agên­cia Brasil, veícu­lo jor­nalís­ti­co públi­co da Empre­sa Brasil de Comu­ni­cação (EBC) que com­ple­ta, nes­ta sex­ta-feira (10), 34 anos de histórias, os mate­ri­ais val­orizam, espe­cial­mente, a cidada­nia, a democ­ra­cia e os dire­itos humanos, e são repli­ca­dos por out­ros veícu­los, de pon­ta a pon­ta, pelo Brasil, de for­ma gra­tui­ta.

Essa vis­i­bil­i­dade faz toda a difer­ença para quem mais pre­cisa, como são os povos orig­inários e comu­nidades negras. A estu­dante Fran­ciele Sil­va, de 24 anos, que reside na comu­nidade quilom­bo­la Rio dos Maca­cos, em Simões Fil­ho (BA), recor­da que, depois de pub­li­cação de reporta­gens da Agên­cia Brasil, no ano pas­sa­do, sobre pedi­do de uma uma série de políti­cas públi­cas para a região, o gov­er­no do esta­do aceler­ou as obras ref­er­entes à via de aces­so ao ter­ritório.

Mes­mo a situ­ação da comu­nidade ain­da longe do ide­al, as pub­li­cações do veícu­lo públi­co, segun­do ela, foram muito impor­tantes. “Apare­ce­r­am em vários jor­nais. As obras, na época, ben­e­fi­cia­ram umas 80 das 160 famílias da comu­nidade.” Ela expli­ca que a úni­ca entra­da e saí­da da comu­nidade é por den­tro da Vila Naval em lugar con­tro­la­do pela Mar­in­ha. “Mas essas obras ain­da não ben­e­fi­ci­am toda a comu­nidade, já que só vão até um deter­mi­na­do tre­cho. Con­ta­mos com os jor­nal­is­tas para con­tar nos­sas histórias.” Na ocasião, a Mar­in­ha havia expli­ca­do que a área que englo­ba a Bar­ragem Rio dos Maca­cos é con­sid­er­a­da de segu­rança nacional.

Brasília (DF), 23.04.2024 - Cacique Dário Kopenawa Yanomami fala sobre mudaça de clima em sua regiaão, no Acampamento Terra Livre 2024Foto: Joédson Alves/Agência Brasil
Repro­dução: Cacique Dário Kope­nawa Yanoma­mi diz que Agên­cia Brasil atua como por­ta-voz da comu­nidades indí­ge­nas — Joéd­son Alves/Agência Brasil

“Porta-voz”

Out­ros exem­p­los de lutas dos povos orig­inários que têm sido abor­dadas nas pági­nas da Agên­cia Brasil são dos yanoma­mi, comu­nidade víti­ma de vio­lên­cia, da invasão de garimpeiros, da destru­ição das flo­restas e da desnu­trição. Segun­do o cacique Dário Kope­nawa Yanoma­mi, de 39 anos, as notí­cias sobre as comu­nidades indí­ge­nas são fun­da­men­tais para denun­ciar crimes e irreg­u­lar­i­dades.

“A Agên­cia Brasil faz um jor­nal­is­mo públi­co muito impor­tante. É uma agên­cia que atua como um por­ta-voz para chamar a atenção para divul­gações de infor­mações reais, sobre prob­lemáti­cas, inva­sores e crise human­itária que está acon­te­cen­do”, afir­ma o cacique.

Ele ressalta que a Agên­cia Brasil atua como rede de jor­nal­is­mo, com alcance local e nacional e inter­na­cional. “São muito impor­tantes ess­es canais que eles trazem a voz do povo Yanoma­mi. A gente pede que a Agên­cia Brasil con­tin­ue a bus­car infor­mações, e con­tin­ue entre­vi­s­tan­do o povo Yanoma­mi.”

“Pelos biomas de pé”

A vice-pres­i­dente do Con­sel­ho Indi­genista Mis­sionário (Cimi), Alci­lene Bez­er­ra da Sil­va, ressalta que há uma per­cepção entre as comu­nidades de que a Agên­cia Brasil pres­ta apoio à vis­i­bil­i­dade das lutas em defe­sa dos dire­itos dos povos indí­ge­nas no Brasil. “O jor­nal­is­mo da Agên­cia Brasil tem sido uma mar­ca de com­pro­me­ti­men­to com as pop­u­lações mais vul­neráveis do país e que primeiro lutam para man­ter os bio­mas de pé.”

Segun­do ela, o Cimi avalia que a Agên­cia Brasil, como agên­cia públi­ca do Esta­do, cumpre o papel de prestação de serviços em todo o país. “Como insti­tu­ição do Esta­do, e não de gov­er­no A ou B, a Agên­cia Brasil não está ata­da aos inter­ess­es políti­cos e do mer­ca­do. O jor­nal­is­mo de qual­i­dade e a comu­ni­cação públi­ca são seus com­pro­mis­sos.” Por isso, segun­do Alci­lene Sil­va, é essen­cial que a agên­cia con­tin­ue atu­ante. “Muitas vezes é o úni­co meio de comu­ni­cação onde os povos tradi­cionais podem denun­ciar vio­lên­cias, os  ataques aos seus dire­itos e garan­tir o alcance da infor­mação sobre suas real­i­dades.”

“Divulgação das lutas”

A vice-pres­i­dente do Cimi avaliou que a agên­cia de notí­cias não teme denun­ciar empre­sas ou lat­i­fundiários que vio­lam dire­itos e ameaçam os mod­os de vidas e ter­ritórios dos povos indí­ge­nas.

“A causa indí­ge­na tor­na-se ameaça aos grandes empreendi­men­tos econômi­cos. O tra­bal­ho da Agên­cia Brasil é essen­cial para a divul­gação das lutas, desafios  e cotid­i­anos dos gru­pos invis­i­bi­liza­dos, assim como dos povos indí­ge­nas”, desta­ca  Alci­lene.

Out­ro tema con­sid­er­a­do invis­i­bi­liza­do e que gan­ha atenção espe­cial na Agên­cia Brasil é o das mudanças climáti­cas, e não ape­nas durante os episó­dios de desas­tres socioam­bi­en­tais, como é o caso no Rio Grande do Sul, neste mês.

Brasília (DF) 09/05/2024 - Agência Brasil 34 anos, jornalista que compõem a Agência em BrasíliaFoto: Joédson Alves/Agência Brasil
Repro­dução: Parte da equipe da Agên­cia Brasil em Brasília — Joéd­son Alves/Agência Brasil

“Papel educativo”

Pesquisado­ra do lab­o­ratório de mudanças climáti­cas do Insti­tu­to Agronômi­co de Per­nam­bu­co (IAP), Fran­cis Lac­er­da desta­ca que a Agên­cia Brasil, e tam­bém os out­ros veícu­los da EBC, têm aju­da­do a aumen­tar a con­sci­en­ti­za­ção acer­ca das questões ambi­en­tais. “A gente pode citar várias matérias que já foram feitas sobre mudanças climáti­cas, des­mata­men­to, poluição e con­ser­vação da bio­di­ver­si­dade, que são de grande importân­cia. Essa comu­ni­cação é fun­da­men­tal porque tem um papel educa­ti­vo”, avalia.

Esse serviço aca­ba difer­en­ci­a­do, segun­do a cli­matólo­ga, por causa da bus­ca por fontes com pesquisas e estu­dos sobre os prin­ci­pais prob­le­mas ambi­en­tais, rela­cio­nan­do as causas e as con­se­quên­cias. “Nós que esta­mos do out­ro lado, do lado da pesquisa e da acad­e­mia, sen­ti­mos o papel de seriedade da comu­ni­cação públi­ca.” A pesquisado­ra iden­ti­fi­ca que out­ra função da agên­cia é a de pro­mover a transparên­cia sobre a ação dos gestores públi­cos em relação às práti­cas ambi­en­tais.

Brasília/DF, 08/05/2024, EBC promove o encontro da Rede Nacional de Comunicação Pública (RNCP), no auditório do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP). Na foto a Diretora de Jornalismo da EBC, Maria Aparecida Matos, Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
Repro­dução: Dire­to­ra de Jor­nal­is­mo da EBC, Cid­in­ha Matos desta­ca cred­i­bil­i­dade da Agên­cia Brasil —  Val­ter Campanato/Agência Brasil

“Direito do cidadão”

Em relação a esse papel de transparên­cia, a dire­to­ra de Jor­nal­is­mo da EBC, Cid­in­ha Matos, assi­nala que a Agên­cia Brasil é, para ela, sinôn­i­mo de qual­i­dade e cred­i­bil­i­dade no tra­to da notí­cia. “Hoje ten­ho um enorme orgul­ho de lid­er­ar a atu­al equipe que tem como prin­ci­pal mis­são aju­dar o cidadão a tomar decisões baseadas no jor­nal­is­mo pau­ta­do pelo inter­esse públi­co. Infor­mação de qual­i­dade é um dire­ito de todo o cidadão.”

Quem faz a gestão do jor­nal­is­mo públi­co desta­ca que todo o tra­bal­ho feito é cole­ti­vo, fru­to de pesquisas e dis­cussões de que todos os profis­sion­ais par­tic­i­pam nas reuniões de pau­ta. A ger­ente de Jor­nal­is­mo Dig­i­tal, Juliana Cézar Nunes, acres­cen­ta que esse tra­bal­ho gan­ha espe­cial resul­ta­do, uma vez que a veic­u­lação gra­tui­ta de con­teú­dos jor­nalís­ti­cos con­tribui para a defe­sa da democ­ra­cia, da diver­si­dade e da plu­ral­i­dade de vozes na sociedade brasileira. “Real­izamos uma cober­tu­ra fac­tu­al qual­i­fi­ca­da, com destaque para políti­cas públi­cas, even­tos e mobi­liza­ções fun­da­men­tais para o for­t­alec­i­men­to da cidada­nia e da con­sciên­cia críti­ca da sociedade”, desta­ca.

Democratização do acesso

A uti­liza­ção gra­tui­ta dos mate­ri­ais da Agên­cia Brasil é desta­ca­da pelo pres­i­dente da Asso­ci­ação Paulista de Por­tais e Jor­nais, Rena­to Del­i­ca­to Zaiden. A enti­dade con­gre­ga pelo menos 13 veícu­los region­ais no inte­ri­or de São Paulo. “Os mate­ri­ais da Agên­cia Brasil garan­tem a democ­ra­ti­za­ção de aces­so para quem bus­ca cred­i­bil­i­dade e serviço públi­co de qual­i­dade. O que a agên­cia faz é fun­da­men­tal para os veícu­los, para o jor­nal­is­mo e para a democ­ra­cia”, opina.

Foram as car­ac­terís­ti­cas da comu­ni­cação públi­ca da Agên­cia Brasil que chama­ram a atenção da pro­fes­so­ra e pesquisado­ra em dança Lau­ra Vain­er, de 35 anos, morado­ra do Rio de Janeiro. Ela resolveu escr­ev­er para a Ouvi­do­ria da EBC para destacar o tra­bal­ho “difer­ente” da Agên­cia Brasil. “Para mim, é impor­tante que exista um jor­nal­is­mo pre­ocu­pa­do em aju­dar a pop­u­lação a com­preen­der o que está acon­te­cen­do. Quero enten­der temas que não estão no nos­so vocab­ulário comum para que a gente enten­da como cidadão e [para que] nós pos­samos par­tic­i­par das dis­cussões”, exem­pli­fi­ca.

 

Edição: Juliana Andrade

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