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Agência Brasil explica: como funciona importação por pessoas físicas

Repro­du­ção: © Agên­cia Bra­sil

Encomendas de até US$ 50 sem fins comerciais são isentas


Publi­ca­do em 11/10/2021 — 07:00 Por Well­ton Máxi­mo – Repór­ter da Agên­cia Bra­sil — Bra­sí­lia

A tec­no­lo­gia que pos­si­bi­li­tou o con­ta­to entre pes­so­as em qual­quer par­te do mun­do tam­bém faci­li­tou o comér­cio. Com um cli­que é pos­sí­vel com­prar pro­du­tos do outro lado do pla­ne­ta. O con­su­mi­dor, no entan­to, deve estar aten­to aos impos­tos e a even­tu­ais taxas de entre­ga para evi­tar atra­so na che­ga­da das mer­ca­do­ri­as.

Atu­al­men­te, as impor­ta­ções por pes­so­as físi­cas não podem ultra­pas­sar US$ 3 mil por ope­ra­ção. Até US$ 500, o impos­to é sim­pli­fi­ca­do e cor­res­pon­de a 60% da com­pra, incluin­do o valor do pro­du­to e de even­tu­ais taxas de fre­te e de segu­ro. De US$ 500,00 a US$ 3 mil, tam­bém inci­de o Impos­to sobre a Cir­cu­la­ção de Mer­ca­do­ri­as e Ser­vi­ços (ICMS), admi­nis­tra­do pelos esta­dos, e uma taxa de des­pa­cho adu­a­nei­ro de R$ 150.

Aci­ma de US$ 3 mil, a com­pra pas­sa a ser con­si­de­ra­da de pes­soa jurí­di­ca. Cada pro­du­to é tari­fa­do con­for­me o Impos­to de Impor­ta­ção e são acres­ci­dos outros tri­bu­tos como Impos­to sobre Pro­du­tos Indus­tri­a­li­za­dos (IPI), Pro­gra­ma de Inte­gra­ção Soci­al (PIS) e Con­tri­bui­ção para o Finan­ci­a­men­to da Segu­ri­da­de Soci­al (Cofins).

A Recei­ta Fede­ral moni­to­ra empre­sas que abu­sam do arti­fí­cio para se pas­sa­rem por pes­so­as físi­cas. Quem faz com­pras repe­ti­das pró­xi­mas des­se valor cos­tu­ma ser inves­ti­ga­do. Caso a com­pra seja fei­ta em outra moe­da estran­gei­ra, a Recei­ta Fede­ral apu­ra o cum­pri­men­to do limi­te con­ver­ten­do o valor da com­pra para dóla­res pela cota­ção do dia em que a mer­ca­do­ria pas­sa pela fis­ca­li­za­ção.

O con­su­mi­dor pode pagar os tri­bu­tos pelo site dos Cor­rei­os, por meio de bole­to ban­cá­rio ou car­tão de cré­di­to. Algu­mas trans­por­ta­do­ras pri­va­das cobram os impos­tos no momen­to da entre­ga na casa do com­pra­dor. Algu­mas lojas vir­tu­ais cobram uma esti­ma­ti­va de impos­to no momen­to da com­pra e devol­vem a dife­ren­ça no mês seguin­te no car­tão de cré­di­to. O pra­zo de paga­men­to do impos­to cor­res­pon­de a 30 dias para enco­men­das trans­por­ta­das pelos Cor­rei­os e 20 dias para trans­por­ta­do­ras pri­va­das, a par­tir da libe­ra­ção da mer­ca­do­ria pela Recei­ta Fede­ral.

Isenções

Atu­al­men­te, o Impos­to de Impor­ta­ção não é cobra­do em duas situ­a­ções. A pri­mei­ra é a isen­ção esta­be­le­ci­da por lei para livros, revis­tas (e demais publi­ca­ções perió­di­cas) e remé­di­os. No caso dos medi­ca­men­tos, com­pras por pes­so­as físi­cas de até US$ 10 mil são isen­tas, com o pro­du­to libe­ra­do somen­te se cum­prir os padrões da Agên­cia Naci­o­nal de Vigi­lân­cia Sani­tá­ria (Anvi­sa).

Tam­bém não pagam impos­to, enco­men­das de até US$ 50. No entan­to, o bene­fí­cio só é con­ce­di­do se a remes­sa ocor­rer entre duas pes­so­as físi­cas, sem fins comer­ci­ais. Um decre­to de 1980 isen­ta­va enco­men­das de até US$ 100 quan­do o des­ti­na­tá­rio era pes­soa físi­ca. Em 1999, o limi­te foi redu­zi­do pela meta­de por uma por­ta­ria do anti­go Minis­té­rio da Fazen­da, com o acrés­ci­mo da exi­gên­cia de que o reme­ten­te tam­bém seja pes­soa físi­ca. Essa é a ori­en­ta­ção segui­da pela Recei­ta Fede­ral.

Correios

Mes­mo que con­si­ga esca­par dos impos­tos, o cli­en­te não con­se­gui­rá esca­par das taxas pos­tais. Os Cor­rei­os cobram R$ 15 por entre­ga. O dinhei­ro cobre cus­tos de trans­por­te e de fis­ca­li­za­ção. O cli­en­te deve entrar no sis­te­ma de ras­tre­a­men­to de obje­tos, no site da esta­tal , e con­sul­tar se a pági­na traz a infor­ma­ção “Aguar­dan­do paga­men­to do des­pa­cho pos­tal”.

Nor­mal­men­te, os Cor­rei­os tam­bém envi­am uma car­ta ao com­pra­dor avi­san­do que a mer­ca­do­ria está para­da em um dos cen­tros de pro­ces­sa­men­to de enco­men­das inter­na­ci­o­nais, nos aero­por­tos inter­na­ci­o­nais de Gua­ru­lhos (SP), do Galeão (RJ) e de Curi­ti­ba, onde pas­sam por raio X e por cães fare­ja­do­res.

Even­tu­al­men­te, os Cor­rei­os pedem escla­re­ci­men­tos, como pro­vas de valor e de con­teú­do, recei­tas médi­cas e auto­ri­za­ção de impor­ta­ção. Mer­ca­do­ri­as sus­pei­tas ou com con­teú­do que ofe­re­ça ris­co bio­ló­gi­co, sani­tá­rio, físi­co ou de algum outro tipo são envi­a­das para os fis­cais do Minis­té­rio da Agri­cul­tu­ra, do Exér­ci­to, da Anvi­sa e de demais órgãos. A lis­ta de mer­ca­do­ri­as proi­bi­das de entra­rem no país está no site dos Cor­rei­os.

Para cli­en­tes de trans­por­ta­do­ras pri­va­das, o valor nor­mal­men­te vem embu­ti­do no fre­te. Caso não este­ja incluí­do, como ocor­re com peque­nas trans­por­ta­do­ras, tam­bém cos­tu­mam ser cobra­dos R$ 15.

Multas e devoluções

Caso a Recei­ta Fede­ral cons­ta­te erros ou ten­ta­ti­vas de frau­de nas notas fis­cais, o com­pra­dor deve­rá pagar o impos­to devi­do, com mul­ta. As mul­tas vari­am con­for­me a situ­a­ção.

Quan­do o valor decla­ra­do é dife­ren­te do valor real da mer­ca­do­ria apu­ra­do pelo Fis­co, duas mul­tas são cobra­das: uma admi­nis­tra­ti­va, equi­va­len­te a 100% da dife­ren­ça, e outra tri­bu­tá­ria, de 37,5% sobre a mes­ma dife­ren­ça. Nes­se caso, o com­pra­dor terá de pagar o impos­to, mais a mul­ta de 100% e a mul­ta de 37,5%.

Se algum pro­du­to no paco­te não foi decla­ra­do na nota fis­cal, a mul­ta equi­va­le a 75% da dife­ren­ça do impos­to devi­do, com o con­su­mi­dor tam­bém pagan­do o impos­to sobre o item não decla­ra­do. Caso a com­pra entre no país com decla­ra­ção de isen­ta, e a Recei­ta não acei­te a isen­ção, o com­pra­dor terá de desem­bol­sar o impos­to devi­do mais mul­ta de 37,5%.

Caso um pro­du­to impor­ta­do venha com danos e pre­ci­se ser devol­vi­do para repa­ros ou tro­ca, o con­su­mi­dor pode recor­rer à Expor­ta­ção Tem­po­rá­ria. Nes­se caso é neces­sá­rio emi­tir uma guia espe­ci­al, dis­po­ní­vel no site dos Cor­rei­os. A pági­na expli­ca todos os pro­ce­di­men­tos a serem segui­dos.

Como recorrer dos valores cobrados?

Quem dis­cor­dar do impos­to ou da mul­ta pode recor­rer. Nes­se caso, é neces­sá­rio pre­en­cher um for­mu­lá­rio ofe­re­ci­do pelos Cor­rei­os ou pela trans­por­ta­do­ra pri­va­da den­tro do pra­zo de paga­men­to dos encar­gos, 30 dias para as enco­men­das trans­por­ta­das pela esta­tal e 20 dias para as empre­sas pri­va­das.

Nos Cor­rei­os, a revi­são pode ser pedi­da no ambi­en­te “Minhas Impor­ta­ções” , no site da com­pa­nhia. O pró­prio sis­te­ma per­mi­te o envio de docu­men­tos para emba­sar o recur­so.

A Recei­ta Fede­ral ana­li­sa a recla­ma­ção em ins­tân­cia úni­ca (ape­nas uma vez) e comu­ni­ca a deci­são por meio dos Cor­rei­os ou da trans­por­ta­do­ra pri­va­da. Quem se sen­tir insa­tis­fei­to pode recor­rer à Jus­ti­ça Fede­ral, com a pos­si­bi­li­da­de de entrar com ação em Jui­za­dos Espe­ci­ais Fede­rais se o valor total ques­ti­o­na­do equi­va­ler a até 60 salá­ri­os míni­mos (R$ 66 mil, atu­al­men­te).

Edi­ção: Valé­ria Agui­ar

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