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Agência Brasil explica por que pólio voltou a preocupar o país

Repro­dução: © Fer­nan­do Frazão/Agência Brasil

Baixas taxas de vacinação levam autoridades a alertar população


Pub­li­ca­do em 10/10/2022 — 06:32 Por Paula Labois­sière – Repórter da Agên­cia Brasil — Brasília

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Em pouco menos de um ano, o Pro­gra­ma Nacional de Imu­niza­ções (PNI) com­ple­ta meia déca­da de existên­cia. Con­sid­er­a­do uma das políti­cas públi­cas em saúde mais bem-suce­di­das do país, o pro­gra­ma, em seus quase 50 anos, foi mar­ca­do pela errad­i­cação de doenças como a poliomielite, a rubéo­la, o tétano mater­no e neona­tal e a varío­la. Ao lon­go dos últi­mos anos, entre­tan­to, algu­mas doenças voltaram a assus­tar o país em meio a baixas taxas de vaci­nação.

A poliomielite, tam­bém con­heci­da como par­al­isia infan­til, é uma das que mais pre­ocu­pam as autori­dades san­itárias. Tra­ta-se de uma doença con­ta­giosa agu­da cau­sa­da por um vírus que vive no intesti­no, o poliovírus, e que pode infec­tar cri­anças e adul­tos por meio do con­ta­to dire­to com fezes e secreções elim­i­nadas pela boca de pacientes. Nos casos graves, em que acon­te­cem as par­al­isias mus­cu­lares, os mem­bros infe­ri­ores são os mais atingi­dos.

Diante das taxas de cober­tu­ra vaci­nal em que­da, o Min­istério da Saúde real­i­zou, entre 8 de agos­to e 30 de setem­bro, a Cam­pan­ha Nacional de Vaci­nação con­tra a Poliomielite. A cam­pan­ha chegou a ser pror­ro­ga­da por causa da baixa adesão. A meta é vaci­nar 95% de um uni­ver­so de 14,3 mil­hões de cri­anças menores de 5 anos no Brasil. Atual­mente, a taxa de cober­tu­ra vaci­nal con­tra a pólio está em torno de 60%.

Transmissão

A trans­mis­são ocorre pelo con­ta­to dire­to com uma pes­soa infec­ta­da, pela via fecal-oral (obje­tos, ali­men­tos e água con­t­a­m­i­na­dos com fezes de pacientes) ou pela via oral-oral (gotícu­las de secreção ao falar, tossir ou espir­rar. A fal­ta de sanea­men­to, as más condições habita­cionais e hábitos de higiene pes­soal precários são fatores que favore­cem a trans­mis­são do poliovírus.

Sintomas

De acor­do com o min­istério, os sin­tomas mais fre­quentes da doença são febre, mal-estar, dor de cabeça, dor de gar­gan­ta e dor no cor­po, além de vômi­tos, diar­reia, con­sti­pação (prisão de ven­tre), espas­mos, rigidez na nuca e até mes­mo menin­gite. Nas for­mas mais graves, insta­la-se a flacidez mus­cu­lar que afe­ta, em regra, mem­bros infe­ri­ores.

Tratamento

Segun­do a pas­ta, não existe trata­men­to especí­fi­co para a pólio. Todos as pes­soas infec­tadas devem ser hos­pi­tal­izadas e recebem trata­men­to para os sin­tomas man­i­fes­ta­dos, de acor­do com o quadro clíni­co do paciente.

Sequelas

As seque­las da doença estão rela­cionadas com a infecção da medu­la e do cére­bro pelo poliovírus. Nor­mal­mente, são seque­las motoras e que não têm cura. As prin­ci­pais são: prob­le­mas nas artic­u­lações; pé tor­to; cresci­men­to difer­ente das per­nas; osteo­porose; par­al­isia de uma das per­nas; par­al­isia dos mús­cu­los da fala e da deg­lu­tição; difi­cul­dade para falar; atrofia mus­cu­lar e hipersen­si­bil­i­dade ao toque.

Prevenção

O min­istério lem­bra que a vaci­nação é a úni­ca for­ma de pre­venção da pólio. Todas as cri­anças menores de 5 anos devem ser imu­nizadas con­forme esque­ma de vaci­nação de roti­na e tam­bém por meio das cam­pan­has anu­ais. O esque­ma vaci­nal con­siste em três dos­es da vaci­na injetáv­el (aos 2, 4 e 6 meses de vida) e duas dos­es de reforço com a vaci­na oral biva­lente, con­heci­da como got­in­ha.

Alerta

Em nota, o min­istério desta­cou que o Brasil é refer­ên­cia mundi­al em imu­niza­ção e con­ta com um dos maiores pro­gra­mas de vaci­nação do mun­do. Anual­mente, o PNI apli­ca cer­ca de 100 mil­hões de dos­es de difer­entes vaci­nas, enquan­to o Sis­tema Úni­co de Saúde (SUS) tem capaci­dade para vaci­nar até 1 mil­hão de pes­soas por dia.

“Toda a pop­u­lação com menos de 5 anos pre­cisa ser vaci­na­da para evi­tar a rein­tro­dução do vírus que causa a par­al­isia infan­til”, aler­tou a pas­ta.

De acor­do com o min­istério, doenças já elim­i­nadas graças à vaci­nação cor­rem o risco de rein­tro­dução no país dev­i­do às baixas cober­turas vaci­nais, voltan­do a con­sti­tuir um prob­le­ma de saúde públi­ca. “Lev­em seus fil­hos às salas de vaci­nação”, reforçou o min­istro da Saúde, Marce­lo Queiroga, na sem­ana pas­sa­da.

Principais fatos

Dados da Orga­ni­za­ção Pan-Amer­i­cana da Saúde (Opas), rep­re­sen­tação da Orga­ni­za­ção Mundi­al da Saúde (OMS) nas Améri­c­as, mostram que uma em cada 200 infecções pelo poliovírus resul­tam em par­al­isia irre­ver­sív­el (geral­mente das per­nas). Entre as pes­soas acometi­das pela doença, de 5% a 10% mor­rem por par­al­isia dos mús­cu­los res­pi­ratórios.

Segun­do a enti­dade, os casos da doença dimin­uíram mais de 99% nos últi­mos anos, pas­san­do de 350 mil casos esti­ma­dos em 1988 para 29 casos noti­fi­ca­dos em 2018. A maio­r­ia dos casos, atual­mente, se con­cen­tra no Afe­gan­istão e no Paquistão, onde a doença é con­sid­er­a­da endêmi­ca. Em 2022, dois casos foram con­tabi­liza­dos em Israel e nos Esta­dos Unidos.

“Enquan­to hou­ver uma cri­ança infec­ta­da, cri­anças de todos os país­es cor­rem o risco de con­trair a poliomielite. Se a doença não for errad­i­ca­da, podem ocor­rer até 200 mil casos no mun­do a cada ano, den­tro do perío­do de uma déca­da”, infor­mou a Opas.

O Brasil rece­beu o cer­ti­fi­ca­do de elim­i­nação da pólio em 1994. Entre­tan­to, a Opas aler­ta que, até que a doença seja errad­i­ca­da no mun­do, há risco de casos impor­ta­dos e, con­se­quente­mente, de o vírus voltar a cir­cu­lar em ter­ritório brasileiro. “Para evi­tar isso, é impor­tante man­ter as taxas de cober­tu­ra vaci­nal altas e faz­er vig­ilân­cia con­stante”, acres­cen­tou.

Edição: Graça Adju­to

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