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Alcoólicos Anônimos só para mulheres tem impacto positivo

Repro­dução: © Arquivo/Marcelo Camargo/Agência Brasil

Dados são de estudo realizado por pesquisadores da USP


Pub­li­ca­do em 12/05/2022 — 21:03 Por Bruno Boc­chi­ni — São Paulo

Uma pesquisa sobre o alcoolis­mo fem­i­ni­no nos gru­pos de Alcoóli­cos Anôn­i­mos (AA) mostra que o trata­men­to das mul­heres pode ser mais efi­ciente quan­do os encon­tros dos par­tic­i­pantes são real­iza­dos ape­nas com pes­soas do sexo fem­i­ni­no. O estu­do, con­duzi­do por pesquisadores da Esco­la de Artes, Ciên­cias e Humanidades da Uni­ver­si­dade de São Paulo (EACH-USP), foi pub­li­ca­do na revista Drug and Alco­hol Review .

Segun­do o autor da pesquisa, o pro­fes­sor Ede­mil­son de Cam­pos, as mul­heres relataram sen­tirem-se  menos acol­hi­das e mais expostas nos gru­pos mis­tos. O pro­gra­ma ter­apêu­ti­co do AA se baseia no com­par­til­hamen­to de exper­iên­cias e de vivên­cias.

“Nas reuniões onde elas par­tic­i­pam com os home­ns, muitas vezes elas têm difi­cul­dade para expor questões ínti­mas, questões mais pes­soais, que envolve, por exem­p­lo, a questão da sex­u­al­i­dade ou questões afe­ti­vas. Elas se sen­tem intim­i­dadas pelos home­ns e tam­bém, em alguns casos, se ref­er­em a assé­dio, a brin­cadeiras sex­is­tas, que os home­ns fazem”.

“Pelo que eu con­statei, em entre­vis­tas e tam­bém na obser­vação dessas reuniões, algu­mas mul­heres con­seguem par­tic­i­par de reuniões mis­tas, mas a maio­r­ia ou a maior parte não con­segue, elas acabam muitas vezes aban­do­nan­do o trata­men­to por con­ta dis­so”, acres­cen­tou.

O pesquisador ressalta que o alcoolis­mo fem­i­ni­no enfrenta pre­con­ceito maior na sociedade do que o mas­culi­no. Segun­do ele, a mul­her alcoóla­tra é muito mais estigma­ti­za­da, ou seja, mes­mo que sofra da mes­ma doença, ser depen­dente de álcool para a mul­her é mais “des­on­roso” do que para o homem.

“O uso de bebidas alcoóli­cas por home­ns e mul­heres a sociedade vê de for­ma difer­en­ci­a­da. Para a sociedade, a mul­her assumir que ela tem o alcoolis­mo é uma questão difí­cil, existe um pre­con­ceito muito forte da mul­her alcoolista, e da mul­her que bebe tam­bém. Isso difi­cul­ta para que ela assuma que está real­mente depen­dente do álcool. É um prob­le­ma da sociedade como um todo, que reflete no próprio AA”.

Segun­do o últi­mo inven­tário feito pelo AA, em 2018, cer­ca de 13% dos par­tic­i­pantes eram mul­heres. Na cap­i­tal paulista, de acor­do com o pesquisador, dos 120 gru­pos exis­tentes na cidade, ape­nas dois real­izam reuniões exclu­si­va­mente fem­i­ni­nas.

“E é nesse espaço fem­i­ni­no, da reunião fem­i­ni­na, que as mul­heres se sen­tem mais acol­hi­das. Entre pares, entre iguais, enfim, do pon­to de vista de gênero, aí elas con­seguem com­par­til­har mel­hor as suas exper­iên­cias. Esse espaço de gênero é muito impor­tante para a recu­per­ação das mul­heres”.

Edição: Clau­dia Fel­czak

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