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Alfabetizaçao de crianças ainda é desafio para o Brasil

Repro­dução: © Arquivo/Marcello Casal Jr/Agência Brasil

No Dia Mundial da Alfabetização, educador vê perspectivas de futuro


Pub­li­ca­do em 08/09/2023 — 08:28 Por Luciano Nasci­men­to — Repórter da Agên­cia Brasil — São Luís

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O Brasil ain­da pre­cisa avançar mais para que as cri­anças con­sigam apre­sen­tar desem­pen­ho sat­is­fatório na leitu­ra, é o que apon­tam espe­cial­is­tas ouvi­dos pela Agên­cia Brasil para falar sobre o Dia Mundi­al da Alfa­bet­i­za­ção, comem­o­ra­do nes­ta sex­ta-feira (8). Dados recentes do Insti­tu­to Nacional de Estu­dos e Pesquisas Edu­ca­cionais (Inep), a par­tir das provas do Sis­tema de Avali­ação da Edu­cação Bási­ca (Saeb) dos anos de 2019 e 2021, rev­e­lam que hou­ve uma que­da no desem­pen­ho da alfa­bet­i­za­ção, mostran­do que, em 2019, 54,8% das cri­anças avali­adas foram con­sid­er­adas alfa­bet­i­zadas. Entre­tan­to, em 2021, o per­centu­al caiu para 49,4%.

A data foi cri­a­da pela Orga­ni­za­ção das Nações Unidas (ONU) e pela Orga­ni­za­ção das Nações Unidas para a Edu­cação, a Ciên­cia e a Cul­tura (Unesco), em 1967, com o obje­ti­vo de pro­mover a dis­cussão sobre a importân­cia da alfa­bet­i­za­ção, prin­ci­pal­mente em país­es que ain­da têm índices con­sid­eráveis de anal­fa­betismo.

Ceilândia (DF) - Biblioteca Roedores de Livros atrai a criançada para rodas de leitura no Shopping Popular da Ceilândia. Foto: Marcelo Magalhães/Divulgação
Repro­dução: Bib­liote­ca Roe­dores de Livros atrai a cri­ança­da para rodas de leitu­ra — Foto: Marce­lo Magalhães/Divulgação

De acor­do com o Saeb, são con­sid­er­adas alfa­bet­i­zadas as cri­anças que con­seguem atin­gir a nota mín­i­ma de 743, o que as tor­nam aptas para ler palavras, fras­es e pequenos tex­tos; localizar infor­mações na super­fí­cie tex­tu­al; escr­ev­er ortografi­ca­mente palavras com reg­u­lar­i­dades dire­tas entre fone­mas e letras e escr­ev­er tex­tos que cir­cu­lam na vida cotid­i­ana, ain­da que com desvios ortográ­fi­cos e de seg­men­tação.

Para o ger­ente de Políti­cas Edu­ca­cionais do Todos pela Edu­cação, orga­ni­za­ção que tra­bal­ha pela mel­ho­ria na qual­i­dade da edu­cação bási­ca no Brasil, Ivan Gon­ti­jo, o cenário é desafi­ador, “mas exis­tem per­spec­ti­vas de futuro”.

“Basi­ca­mente metade dos alunos do Brasil que estão na faixa dos 7 anos não con­seguem ler e escr­ev­er de uma for­ma min­i­ma­mente ade­qua­da. Ess­es dados retratam uma real­i­dade muito alar­mante, mas não são novi­dades. Des­de a Avali­ação Nacional de Alfa­bet­i­za­ção, a ANA, que começou a ser imple­men­ta­da des­de 2014, o Brasil já apre­sen­ta­va indi­cadores bem pre­ocu­pantes, e esse resul­ta­do de 2021 mostrou que a pan­demia teve um impacto rel­e­vante, e entre todas as eta­pas da edu­cação bási­ca foi na alfa­bet­i­za­ção. Os dados são inequívo­cos em diz­er que, no Brasil, existe um grande desafio em relação a alfa­bet­i­za­ção das cri­anças”, disse Gon­ti­jo à Agên­cia Brasil.

O Todos pela Edu­cação defende a efe­ti­vação políti­cas públi­cas edu­ca­cionais que garan­tam apren­diza­gem e igual­dade de opor­tu­nidades para as cri­anças e jovens. Gon­ti­jo aler­ta que a alfa­bet­i­za­ção é uma habil­i­dade base, e que se a cri­ança não for alfa­bet­i­za­da ade­quada­mente na idade cer­ta, ela terá difi­cul­dades ao lon­go da sua vida esco­lar.

“Acho muito impor­tante a gente dar a dev­i­da cen­tral­i­dade para a questão da alfa­bet­i­za­ção no Brasil, porque a alfa­bet­i­za­ção é uma habil­i­dade base. Se o aluno não se alfa­bet­i­za na idade cer­ta, de for­ma ade­qua­da, ele vai ter difi­cul­dade em todas as dis­ci­plinas, não só em lín­gua por­tugue­sa, ele vai ter difi­cul­dade em matemáti­ca, ciên­cias, história, etc. Então é uma habil­i­dade muito cen­tral para o aluno con­seguir ter uma tra­jetória acadêmi­ca muito ade­qua­da por isso que a gente pre­cisa colo­car tan­ta ener­gia nesse proces­so”, defende.

São Paulo SP 25/08/2023 - Biblioteca Comunitária Djeanne Firmino na Zona Sul da cidade. Mediadora de Leitura. Na foto a Coordenadora de Projetos Alessandra Leite. Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil
Repro­dução: Bib­liote­ca Comu­nitária Djeanne Firmi­no, na zona sul de São Paulo — Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

Pandemia

A CEO da Fun­dação Maria Cecília Souto Vidi­gal, Mar­i­ana Luz, que atua no debate sobre a primeira infân­cia, com cri­anças do nasci­men­to até os 6 anos de idade, avalia que a pan­demia do coro­n­avírus, com o fechamen­to dos espaços edu­ca­cionais, afe­tou o desem­pen­ho das cri­anças em crech­es e pré-esco­las, esta últi­ma con­sid­er­a­da uma eta­pa fun­da­men­tal para aux­il­iar no proces­so de alfa­bet­i­za­ção, segun­do Mar­i­ana.

“Esse quadro [da pan­demia] ger­ou um déficit edu­ca­cional e ampliou as desigual­dades. Infe­liz­mente, quem teve menos aces­so, menos apoio, menos instrução, menos opor­tu­nidade de apren­der foram as camadas vul­ner­a­bi­lizadas, foram pre­tos, par­dos, indí­ge­nas, e os que vivem em uma situ­ação de pobreza, e isso ger­ou um dis­tan­ci­a­men­to”, disse Mar­i­ana que pon­der­ou sobre a neces­si­dade de se dar mais atenção a espaços como crech­es e pré-esco­las.

Segun­do Mar­i­ana, pesquisas feitas pela fun­dação apon­taram um atra­so pedagógi­co de seis a sete meses nas cri­anças nos com­po­nentes de lin­guagem e de matemáti­ca, mas desta­cou que a recom­posição dessa per­da foi pos­sív­el com o retorno às ativi­dades pres­en­ci­ais.

“É na edu­cação infan­til, sobre­tu­do na pré-esco­la, que é eta­pa obri­gatória, que a cri­ança vai ter con­ta­to com letras e números de uma for­ma mais inten­cional, com o entendi­men­to de que a eta­pa seguinte é o primeiro ano do fun­da­men­tal, onde a alfa­bet­i­za­ção acon­tece. Então, essa famil­iari­dade, esse gos­to, esse con­hec­i­men­to, esse des­per­tar do inter­esse e da curiosi­dade, isso tudo acon­tece na edu­cação infan­til”, expli­ca.

A coor­de­nado­ra de Pro­gra­ma e Políti­cas da Cam­pan­ha pelo Dire­ito à Edu­cação, Mar­celle Frossard, tam­bém avalia que a pan­demia do coro­n­avírus con­tribuiu em parte para o resul­ta­do neg­a­ti­vo, ressaltan­do que as cri­anças foram afe­tadas de difer­entes for­mas, espe­cial­mente as morado­ras de zonas rurais e as negras.

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, e o secretário de Alfabetização, Carlos Nadalim, lançam programa Conta pra Mim
Repro­dução: Pro­gra­ma Con­ta pra Mim — Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

“As con­se­quên­cias da pan­demia na edu­cação brasileira não foram uni­formes, mas afe­taram prin­ci­pal­mente estu­dantes de zonas rurais e negros. Essas estatís­ti­cas e por­cent­a­gens são, na ver­dade, pes­soas, vidas e estu­dantes por trás dess­es números. A desigual­dade edu­ca­cional brasileira, que o PNE [Plano Nacional e Edu­cação] pre­tendia super­ar, con­tin­ua pre­sente, man­i­fes­ta na ausên­cia de tan­tos alunos que não con­seguiam assi­s­tir às aulas durante a pan­demia”, disse Mar­celle à Agên­cia Brasil.

Mar­celle desta­ca que, no cenário pós-pan­demia, é pre­ciso pro­mover um diag­nós­ti­co sobre o impacto da pan­demia na saúde men­tal de cri­anças e ado­les­centes. Ela con­sid­era fun­da­men­tal a inte­gração entre políti­cas de saúde men­tal e a área de edu­cação.

“Até o momen­to, o país ain­da não tem uma dimen­são do que foi esse perío­do e o impacto para as pes­soas, a edu­cação e out­ras áreas de importân­cia. Temos que con­sid­er­ar que a maio­r­ia dos estu­dantes brasileiros estão na esco­la públi­ca e com difi­cul­dade de aces­so a equipa­men­tos e profis­sion­ais de saúde men­tal. Assim, sem essa inte­gração, difi­cil­mente haverá apoio a essas cri­anças”, aler­ta. “Em relação aos pro­fes­sores, tam­bém devem usufruir desse mes­mo tipo de políti­ca e terem for­mação con­tin­u­a­da para lidarem com o atu­al momen­to, lem­bran­do que a respon­s­abil­i­dade em relação a saúde men­tal deve ser dos profis­sion­ais de saúde e não dos pro­fes­sores”, argu­men­ta Mar­celle.

Municípios

Intervenções artísticas realizadas pelo projeto Escola Criativa, promovido pelo Instituto Choque Cultural, na Escola Municipal de Ensino Fundamental Presidente Campos Salles, na Cidade Nova Heliópolis, zona sul.
Repro­dução: Esco­la Munic­i­pal de Ensi­no Fun­da­men­tal Pres­i­dente Cam­pos Salles, na Cidade Nova Heliópo­lis — Rove­na Rosa/Agência Brasil

Pela Con­sti­tu­ição, os municí­pios têm papel fun­da­men­tal na ofer­ta da edu­cação infan­til e respon­dem pela maio­r­ia das vagas nos anos ini­ci­ais do ensi­no fun­da­men­tal (1º ao 5º ano). Já os esta­dos devem pri­orizar o ensi­no médio, mas podem atu­ar, em parce­ria com os municí­pios, na ofer­ta de ensi­no fun­da­men­tal.

Para a coor­de­nado­ra de Pro­gra­ma e Políti­cas da Cam­pan­ha Pelo Dire­ito à Edu­cação, que agluti­na difer­entes forças políti­cas, pri­orizar ações de mobi­liza­ção, pressão políti­ca e comu­ni­cação social, em favor da defe­sa e pro­moção dos dire­itos edu­ca­cionais, é fun­da­men­tal para que esta­dos e municí­pios atuem con­jun­ta­mente para bus­car soluções.

Mar­celle desta­ca que out­ro prob­le­ma que deve ser enfrenta­do é a evasão esco­lar. Ape­sar de o país já ter leis e pro­gra­mas asse­gu­ran­do o dire­ito ao trans­porte esco­lar, ele sofre com prob­le­mas orça­men­tários para exe­cução e imple­men­tação dessas políti­cas.

“Para evi­tar a evasão é impor­tante a garan­tia de edu­cação inte­gral, trans­porte esco­lar e ali­men­tação esco­lar, por exem­p­lo. Os pro­gra­mas de bus­ca ati­va são impor­tantes, mas é pre­ciso tam­bém garan­tir a per­manên­cia dess­es estu­dantes na esco­la. Por isso a rede de pro­teção deve fun­cionar para garan­tir o bem-estar e a redução de vul­ner­a­bil­i­dades soci­ais e econômi­cas das famílias, para que os estu­dantes ten­ham aces­so ao dire­ito à edu­cação”, desta­cou.

“As famílias tam­bém pre­cisam de condições para garan­tir que seus fil­hos con­tin­uem a estu­dar. Nesse sen­ti­do, para garan­tir o dire­ito à edu­cação é fun­da­men­tal o inves­ti­men­to em políti­cas soci­ais para que as famílias ten­ham condições de man­ter os fil­hos na esco­la”, con­cluiu.

Segun­do ela, para o país avançar na alfa­bet­i­za­ção de cri­anças na idade cer­ta, é pre­ciso que o Esta­do e a sociedade atuem de for­ma a garan­tir o cumpri­men­to das políti­cas plane­jadas, como o Plano Nacional de Edu­cação 2014–2024.

“É [pre­ciso] aumen­tar os inves­ti­men­tos em edu­cação, que sofr­eram cortes impor­tantes nos últi­mos anos. É impor­tante com­preen­der que as metas são interli­gadas e depen­dem umas das out­ras para o cumpri­men­to inte­gral. Ou seja, não é pos­sív­el escol­her uma ou out­ra meta entre as 20, é pre­ciso seguir todas, pro­gres­si­va­mente”, disse.

Diante desse cenário, o gov­er­no fed­er­al lançou o Com­pro­mis­so Nacional Cri­ança Alfa­bet­i­za­da, em regime de colab­o­ração entre União, esta­dos, Dis­tri­to Fed­er­al e municí­pios. O obje­ti­vo é garan­tir que 100% das cri­anças brasileiras este­jam alfa­bet­i­zadas ao final do 2° ano do ensi­no fun­da­men­tal; além da recom­posição das apren­diza­gens, com foco na alfa­bet­i­za­ção, de 100% das cri­anças matric­u­ladas no 3°, 4° e 5° ano, afe­tadas pela pan­demia.

O com­pro­mis­so é basea­do no pro­tag­o­nis­mo de esta­dos e municí­pios na con­strução das soluções para o enfrentar os prob­le­mas do proces­so de alfa­bet­i­za­ção das cri­anças. Cada esta­do, em colab­o­ração com os municí­pios, deve elab­o­rar a sua políti­ca ter­ri­to­r­i­al, de maneira a dar con­ta de suas especi­fi­ci­dades. Cabe à União apoiar, téc­ni­ca e finan­ceira­mente, os entes fed­er­a­dos na medi­da das suas neces­si­dades.

Segun­do o Min­istério da Edu­cação, o pro­gra­ma pre­tende atin­gir cer­ca 4 mil­hões de estu­dantes de 4 e 5 anos de idade em 80 mil esco­las públi­cas que ofer­tam pré-esco­la; 4,5 mil­hões de alunos de 6 e 7 anos em 98 mil esco­las públi­cas dos anos ini­ci­ais do ensi­no fun­da­men­tal e 7,3 mil­hões de estu­dantes de 8 a 10 anos em 98 mil esco­las públi­cas tam­bém dos anos ini­ci­ais do fun­da­men­tal.

12.06.2023 - Presidente da República, Luíz Inácio Lula da Silva, durante cerimônia de Lançamento do Compromisso Nacional Criança Alfabetizada. Palácio do Planalto – Brasília - DF. Foto: Ricardo Stuckert/PR
Repro­dução: Lança­men­to do Com­pro­mis­so Nacional Cri­ança Alfa­bet­i­za­da — Foto: Ricar­do Stuckert/PR — Ricar­do Stuck­ert

Na avali­ação do ger­ente de Políti­cas Edu­ca­cionais do Todos pela Edu­cação, Ivan Gon­ti­jo, a ini­cia­ti­va tem o poten­cial de mel­ho­rar os índices de alfa­bet­i­za­ção de cri­anças. Ele cita a exper­iên­cia do Ceará, em que o gov­er­no estad­ual tem um pro­gra­ma de alfa­bet­i­za­ção em regime de colab­o­ração com os municí­pios. Pelo pro­gra­ma, o esta­do apoia os municí­pios com suporte téc­ni­co e recur­sos finan­ceiros.

“Ele se inspi­ra muito na exper­iên­cia cearense que vem sendo imple­men­ta­da há prati­ca­mente 15 anos, para levar esse mod­e­lo da alfa­bet­i­za­ção em regime de colab­o­ração para todos os esta­dos brasileiros. É uma políti­ca muito bem for­mu­la­da, olha para os critérios de suces­so da exper­iên­cia cearense e tem tudo para dar cer­to. O grande desafio, ago­ra, é con­seguir imple­men­tar todas essas medi­das para que os esta­dos este­jam prepara­dos para apoiar de for­ma téc­ni­ca, com for­mação, mate­r­i­al didáti­co, avali­ações, os municí­pios que são os prin­ci­pais respon­sáveis pela alfa­bet­i­za­ção das cri­anças”, disse.

A pres­i­dente da União Nacional dos Diri­gentes Munic­i­pais de Edu­cação (Undime) no Paraná e diri­gente munic­i­pal de edu­cação de Cas­cav­el, Mar­cia Bal­di­ni, tam­bém ressaltou a importân­cia do tra­bal­ho con­jun­to entre esta­dos e municí­pios. Ela tam­bém citou o exem­p­lo do Ceará como uma exper­iên­cia exi­tosa.

“É necessário que haja real­mente um regime de colab­o­ração muito forte, e cito aqui, o exem­p­lo do esta­do do Ceará. Friso que isso deve ser uma políti­ca de Esta­do e não uma políti­ca de gov­er­no que vai pas­sar. É necessário sub­sí­dios finan­ceiros e téc­ni­cos para ori­en­tar os municí­pios, mas no entan­to há que se pen­sar na respon­s­abil­i­dade e no respeito à autono­mia de cada municí­pio. O esta­do não pode sim­ples­mente vir e impor. É necessário ouvir os municí­pios e todas as real­i­dades difer­entes que temos no país e den­tro de cada esta­do”, defend­eu.

Gon­ti­jo disse à Agên­cia Brasil que o prin­ci­pal papel dos esta­dos será atu­ar na coor­de­nação da políti­ca de alfa­bet­i­za­ção nos seus ter­ritórios, fornecen­do apoio téc­ni­co, por meio de avali­ações, mate­r­i­al didáti­co, mas tam­bém de suporte para as equipes das sec­re­tarias con­seguirem imple­men­tar boas ações de alfa­bet­i­za­ção.

“A gente pre­cisa enten­der que a alfa­bet­i­za­ção está nas mãos dos municí­pios. A alfa­bet­i­za­ção acon­te­ceu prin­ci­pal­mente nos anos ini­ci­ais, onde 80% das matrícu­las estão nas redes munic­i­pais. E muitos municí­pios têm muitas difi­cul­dades do pon­to de vista téc­ni­co de imple­men­tação de políti­cas edu­ca­cionais para terem boas políti­cas de alfa­bet­i­za­ção. Boa parte dos municí­pios brasileiros é de pequeno porte, então não têm capaci­dade de mon­tar, muitas vezes, uma super­for­mação con­tin­u­a­da de pro­fes­sores ou ter um óti­mo mate­r­i­al didáti­co sobre alfa­bet­i­za­ção para os estu­dantes”, obser­vou Gon­ti­jo.

Ele desta­ca que a Emen­da Con­sti­tu­cional do Fun­deb Per­ma­nente, aprova­da em 2020, já trouxe ele­men­tos para que esta­dos apoiem os municí­pios com recur­sos, em espe­cial a que deter­mi­na aos esta­dos a cri­ação da Lei ICMS Edu­ca­cional – que deter­mi­na que um per­centu­al do Impos­to sobre a Cir­cu­lação de Mer­cado­rias e Serviços (ICMS) seja redis­tribuí­do aos municí­pios em razão de mel­ho­ra nos indi­cadores de alfa­bet­i­za­ção e profi­ciên­cia em lín­gua por­tugue­sa e matemáti­ca dos estu­dantes do ensi­no fun­da­men­tal.

“Por mais que o cenário seja extrema­mente pre­ocu­pante, eu vejo per­spec­ti­vas futuras bem inter­es­santes, por con­ta da aprovação da Lei ICMS Edu­cação, por con­ta do pro­gra­ma do gov­er­no fed­er­al Cri­ança Alfa­bet­i­za­da. Acho que é muito desafi­ador con­seguir atin­gir resul­ta­dos expres­sivos e exce­lentes em edu­cação, mas a gente está con­stru­in­do bons pilares para avançar de for­ma nacional, basea­do nas exper­iên­cias de suces­so para os próx­i­mos 10, 15 anos”, afir­mou.

Edição: Fer­nan­do Fra­ga

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