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Alimentação escolar: projetos brasileiros são exemplo de boas práticas

Repro­dução: © Pref. São Cae­tano do Sul/ Divul­gação

Três escolas de São Caetano do Sul (SP) são citadas pela FAO


Pub­li­ca­do em 11/06/2023 — 08:30 Por Lud­mil­la Souza — Repórter da Agên­cia Brasil — São Paulo

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“As cri­anças acom­pan­ham des­de a ger­mi­nação das sementes até o surg­i­men­to das primeiras fol­has, regan­do e obser­van­do, diari­a­mente, as mudanças no cresci­men­to da plan­tinha”, con­ta a dire­to­ra da Esco­la Munic­i­pal de Edu­cação Infan­til (Emei) Rosana Munhos, Juliana de Car­val­ho Yamane, de São Cae­tano do Sul (SP). A esco­la foi cita­da como refer­ên­cia de boas práti­cas em ali­men­tação esco­lar pela Food and Agri­cul­ture Orga­ni­za­tion of the Unit­ed Nations (FAO), Orga­ni­za­ção das Nações Unidas para Ali­men­tação e Agri­cul­tura.

Além da Emei Rosana Apare­ci­da Munhos, mais duas esco­las da rede munic­i­pal de São Cae­tano do Sul são citadas: Emei Clei­de Rosa Auric­chio e Esco­la Munic­i­pal de Ensi­no Fun­da­men­tal (Emef) Ana­cle­to Cam­panel­la. As exper­iên­cias das esco­las foram sele­cionadas para par­tic­i­par do pro­je­to Mak­ing School Meals Tasty (Tor­nan­do as Refeições Esco­lares Saborosas), com o obje­ti­vo de pro­mover não ape­nas uma ali­men­tação nutri­ti­va, mas, tam­bém, atra­ti­vas aos alunos. “Não só dietas saudáveis são cru­ci­ais para cri­anças, [em ter­mos de] desen­volvi­men­to e bem-estar, mas o usufru­to da ali­men­tação tam­bém faz parte do dire­ito à ali­men­tação”, desta­cam os orga­ni­zadores do pro­je­to.

Com esse obje­ti­vo, a FAO pub­li­cou diver­sas dicas para que as meren­das esco­lares sigam ori­en­tações nutri­cionais e sejam des­fru­tadas por todos os alunos. Para cada dica, com­par­til­hou exem­p­los reais de boas práti­cas já real­izadas em esco­las. As exper­iên­cias de São Cae­tano podem inspi­rar out­ras esco­las no Brasil e no mun­do.

Na Emei Rosana Apare­ci­da Munhos, as ações seguem a ori­en­tação da FAO rela­ciona­da à cria­tivi­dade: “Seja cria­ti­vo com a apre­sen­tação do pra­to e as escol­has ali­menta­res para tornar as refeições atraentes”. Para envolver os alunos em escol­has ali­menta­res saudáveis, o pro­je­to começou com o plan­tio de tomate-cere­ja. A ideia surgiu de uma con­ver­sa com cri­anças que não havi­am exper­i­men­ta­do o ali­men­to antes.

Além do tomate-cere­ja, há out­ros ali­men­tos plan­ta­dos. “As cri­anças plan­taram mil­ho, já que era uma curiosi­dade dos pequenos saber se era pos­sív­el plan­tar o mil­ho de pipoca, e, atual­mente, estão acom­pan­han­do o fei­jão des­de o plan­tio à mesa, ou seja, nos­sos pequenos estão expe­ri­en­cian­do o cul­ti­vo, as trans­for­mações do grão quan­do adi­ciona­do a out­ros ele­men­tos até a recei­ta do bolin­ho de fei­jão que será fei­ta na nos­sa coz­in­ha exper­i­men­tal”, detal­ha a dire­to­ra Juliana de Car­val­ho Yamane.

07/06/2023 - São Caetano do Sul - Escolas brasileiras são exemplos de boas práticas em alimentação escolar - Projetos de São Caetano do Sul são citados em projeto da FAO, agência da ONU para o combate à fome. Foto: Pref. São Caetano do Sul/ Divu
Repro­dução: Esco­las brasileiras são exem­p­los de boas práti­cas em ali­men­tação esco­lar — Prefeitu­ra de São Cae­tano do Sul/ Divul­gação

O plan­tio é feito na própria esco­la. “Esta­mos estu­dan­do a pos­si­bil­i­dade de a hor­ta aden­trar as salas refer­ên­cias para nat­u­ralizar, sem­pre que pos­sív­el, os espaços esco­lares para uma edu­cação com sus­tentabil­i­dade e respeito à natureza.”

A coz­in­ha exper­i­men­tal da esco­la tam­bém segue a ori­en­tação da FAO: “Apoie um ambi­ente ali­men­tar, que enco­ra­je escol­has saudáveis e o praz­er das refeições.” A esco­la tem um espaço próprio para as cri­anças exper­i­menta­rem, cri­arem, coz­in­harem e desco­brirem novas pos­si­bil­i­dades com os ali­men­tos.

“A coz­in­ha exper­i­men­tal surge da neces­si­dade de pro­por às cri­anças ambi­entes e espaços esco­lares que impli­cam a exper­i­men­tação e apren­diza­gens sig­ni­fica­ti­vas através da culinária. Na coz­in­ha exper­i­men­tal, a ali­men­tação tor­na-se mais atraente e ampli­am-se as exper­iên­cias e con­ceitos cien­tí­fi­cos dada a com­bi­nação de sub­stân­cias e mis­turas”, rela­ta a dire­to­ra.

Na coz­in­ha exper­i­men­tal, con­vivem out­ros apren­diza­dos, como de ciên­cias, artes e história. Recen­te­mente, as cri­anças tiver­am a opor­tu­nidade de inves­ti­gar os proces­sos que resul­tam na bor­ra de café. Par­tic­i­param da preparação da bebi­da e, depois, fiz­er­am uma ativi­dade artís­ti­ca, uti­lizan­do a bor­ra de café como pig­men­to. “As nos­sas cri­anças bem peque­nas exper­i­men­tam o con­hec­i­men­to de mun­do inte­gran­do todos os cam­pos de exper­iên­cias e dire­itos de apren­diza­gens pos­tos na Base Nacional Comum Cur­ric­u­lar [BNCC] e Cur­rícu­lo Munic­i­pal da cidade”, com­ple­ta Juliana.

Familiaridade

“Pre­pare refeições com pratos e sabores que são famil­iares às cri­anças” é out­ra dica da FAO para moti­var os alunos a se ali­menta­rem bem na esco­la. Para isso, a Emef Ana­cle­to Cam­panel­la tem o cardá­pio da meren­da esco­lar reple­to de ali­men­tos nat­u­rais, nutri­tivos e bem brasileiros, como arroz, fei­jão, man­dio­ca e fru­tas.

“Temos colab­o­radores envolvi­dos afe­ti­va­mente com o preparo dos ali­men­tos dos alunos. Um lev­an­ta­men­to mostrou que a maio­r­ia das meren­deiras coz­in­ha como se estivesse coz­in­han­do para os seus fil­hos e netos”, afir­mou a dire­to­ra Andrea Moreno Castil­lo.

Durante o inter­va­lo para as refeições, os alunos que são par­entes são incen­ti­va­dos a com­er jun­tos. “O ali­men­to conec­ta, agre­ga e aprox­i­ma as pes­soas. Por isso, é impor­tante dar tem­po para con­ver­sarem, assim os irmãos e pri­mos que estu­dam em salas difer­entes sen­tam jun­tos quan­do o horário per­mite, o ali­men­to aca­ba sendo uma das maneiras de o aluno se sen­tir acol­hi­do pela esco­la”, com­ple­ta a dire­to­ra.

Sustentabilidade

“Pro­mo­va preparações mais sus­ten­táveis que tam­bém sejam deli­ciosas”, ori­en­ta a FAO. Segun­do a orga­ni­za­ção da ONU, esti­ma-se que 17% dos ali­men­tos do mun­do sejam des­perdiça­dos no vare­jo e pelo con­sum­i­dor final. “É essen­cial que a von­tade de reduzir ou elim­i­nar o des­perdí­cio de ali­men­tos seja desen­volvi­da des­de muito cedo e incen­ti­va­da nas esco­las.”

A Emef Ana­cle­to Cam­panel­la tem desen­volvi­do pro­je­to que bus­ca reduzir o des­perdí­cio de ali­men­tos, con­sci­en­ti­zan­do os alunos e abor­dan­do o tema nas aulas de ciên­cias. “Obser­va­mos quais os ali­men­tos que foram mais des­perdiça­dos, e bus­camos faz­er um tra­bal­ho de incen­ti­vo ao con­sumo dess­es pratos, con­vi­dan­do as cri­anças a exper­i­menta­rem novos sabores. Des­de março já con­seguimos uma redução de des­perdí­cio de 11 kg  para 3 kg”, comem­o­ra a dire­to­ra Andrea Moreno Castil­lo.

Horta

“Use hor­tas esco­lares para famil­iar­izar as cri­anças com ali­men­tos nutri­tivos”, recomen­da a FAO. Segun­do a orga­ni­za­ção, as hor­tas esco­lares são uma maneira práti­ca e exce­lente para as cri­anças apren­derem sobre ali­men­tação, dietas e nutrição, mudan­do até as ati­tudes delas em relação a ali­men­tos nutri­tivos, como fru­tas e veg­e­tais.

No pro­je­to É Gos­toso Com­er Bem, as cri­anças da Emei Clei­de Rosa Auric­chio têm a opor­tu­nidade de plan­tar e col­her hor­tal­iças que serão uti­lizadas em receitas ou incluí­das no cardá­pio. Segun­do a coor­de­nado­ra pedagóg­i­ca Mér­cia Fer­reira, a par­tic­i­pação ati­va das cri­anças no pomar incen­ti­va o con­sumo dess­es ali­men­tos.

Os pro­je­tos cita­dos pela FAO foram cri­a­dos de for­ma autôno­ma pelas esco­las, seguin­do um dire­ciona­men­to ger­al da Sec­re­taria de Edu­cação do municí­pio de São Cae­tanos do Sul.

Edição: Juliana Andrade

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