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Alto nível de alfabetização facilita tarefas no mundo digital

Pela 1ª vez, Inaf traz dados sobre analfabetismo no contexto digital

Mar­i­ana Tokar­nia — Repórter da Agên­cia Brasil
Pub­li­ca­do em 05/05/2025 — 08:33
Rio de Janeiro
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Repro­dução: © Divulgação/MCTIC

Pes­soas com níveis mais altos de com­preen­são de leitu­ra e escri­ta têm menos difi­cul­dade para realizar tare­fas no ambi­ente dig­i­tal, como com­prar um par de tênis online, tro­car men­sagens, enviar fotos ou preencher for­mulários na inter­net. Mes­mo assim, entre aque­les con­sid­er­a­dos alfa­bet­i­za­dos pro­fi­cientes, quase a metade, 40%, apre­sen­ta médio ou baixo desem­pen­ho dig­i­tal.

Os dados são do Indi­cador de Alfa­betismo Fun­cional (Inaf), divul­ga­do nes­ta segun­da-feira (5). A pesquisa mapeia as habil­i­dades de leitu­ra, escri­ta e matemáti­ca dos brasileiros. Este ano, pela primeira vez, o Inaf traz dados sobre o alfa­betismo no con­tex­to dig­i­tal para com­preen­der como as trans­for­mações tec­nológ­i­cas inter­fer­em no cotid­i­ano.

O Inaf clas­si­fi­ca as pes­soas con­forme o nív­el de alfa­betismo com base em teste apli­ca­do a uma amostra rep­re­sen­ta­ti­va da pop­u­lação. Os entre­vis­ta­dos  são dis­tribuí­dos em cin­co níveis: anal­fa­beto,  rudi­men­tar, ele­men­tar, inter­mediário e pro­fi­ciente.

Para medir o alfa­betismo dig­i­tal, as pes­soas foram con­vi­dadas a realizar algu­mas tare­fas no celu­lar, entre elas com­prar um par de tênis a par­tir de um anún­cio pub­lic­itário em uma rede social e se inscr­ev­er em um even­to por meio de for­mulário online. Com base nas respostas foram clas­si­fi­cadas em três níveis: baixo, médio ou alto.

Os resul­ta­dos mostraram que quase todos os anal­fa­betos, 95%, estão no nív­el baixo, ou seja, con­seguem realizar ape­nas um número lim­i­ta­do de tare­fas no con­tex­to dig­i­tal.

No nív­el ele­men­tar, a maio­r­ia, 67%, está no nív­el médio de alfa­betismo dig­i­tal. Para 17% dos alfa­bet­i­za­dos nesse pata­mar, o ambi­ente dig­i­tal aju­da em suas tare­fas. Mas, para 18% dos alfa­bet­i­za­dos em nív­el ele­men­tar, o dig­i­tal traz, na ver­dade, desafios adi­cionais.

No nív­el mais alto, o pro­fi­ciente, 60% estão no nív­el alto de alfa­bet­i­za­ção dig­i­tal. Mes­mo nesse nív­el, 37% estão no nív­el de desem­pen­ho dig­i­tal médio e 3%, no baixo.  

Segun­do a coor­de­nado­ra do Obser­vatório Fun­dação Itaú, Esmer­al­da Macana, as habil­i­dades dig­i­tais não são supér­flu­as, mas são impor­tantes para que as pes­soas este­jam inseri­das na sociedade.

“Para mim, foi um aler­ta de que a gente vai pre­cis­ar faz­er for­mações para que as pes­soas se apro­priem dessas for­mas mais tec­nológ­i­cas, porque o mun­do está cada vez mais dig­i­tal. A gente já aces­sa serviços dig­i­tais como Pix, como mar­car uma con­sul­ta médi­ca. Aces­sar inclu­sive os pro­gra­mas de trans­fer­ên­cia de ren­da, de carteira de tra­bal­ho, doc­u­men­tos, iden­ti­dade. Então, tudo é por meio dig­i­tal. Se uma pes­soa não tem essa habil­i­dade para poder min­i­ma­mente ter esse aces­so, a políti­cas públi­cas inclu­sive, então, é muito pre­ocu­pante”, diz.

Segun­do a pesquisa, con­sideran­do a idade, os mais jovens são aque­les que se situ­am no nív­el mais alto de desem­pen­ho dig­i­tal, com maior número de acer­tos no teste pro­pos­to, espe­cial­mente aque­les entre 20 e 29 anos (38% no nív­el alto) e, em segui­da, aque­les entre 15 e 19 anos (31%).

Segun­do o coor­de­nador da área de edu­cação de jovens e adul­tos da Ação Educa­ti­va, Rober­to Catel­li, as desigual­dades iden­ti­fi­cadas na edu­cação e na alfa­bet­i­za­ção são repli­cadas quan­do se tra­ta do desem­pen­ho dig­i­tal. Então, não se pode focar ape­nas em um letra­men­to dig­i­tal.

“Acho que um uma con­statação, mais do que uma descober­ta, mas impor­tante, é que não adi­anta a gente ficar achan­do que só o mun­do dig­i­tal vai ser a solução para todos. Ao con­trário, na ver­dade, o que fica evi­dente é que as mes­mas desigual­dades para aque­les que não que têm baixa esco­lar­i­dade se repro­duzem no con­tex­to dig­i­tal, porque tam­bém são pes­soas que vão ter menos aces­so”, diz.

Inaf

O Inaf voltou a ser real­iza­do depois de seis anos de inter­rupção. Esta edição con­tou com a par­tic­i­pação de 2.554 pes­soas de 15 a 64 anos, que realizaram os testes entre dezem­bro de 2024 e fevereiro de 2025, em todas as regiões do país, para mapear as habil­i­dades de leitu­ra, escri­ta, matemáti­ca e dig­i­tais dos brasileiros. A margem de erro esti­ma­da varia entre dois e três pon­tos per­centu­ais, a depen­der da faixa etária anal­isa­da con­sideran­do um inter­va­lo de con­fi­ança esti­ma­do de 95%.

O estu­do foi coor­de­na­do pela Ação Educa­ti­va e pela con­sul­to­ria Con­hec­i­men­to Social. A edição de 2024 é cor­re­al­iza­da pela Fun­dação Itaú, em parce­ria com a ⁠Fun­dação Rober­to Mar­in­ho, ⁠Insti­tu­to Uni­ban­co, Fun­do das Nações Unidas para a Infân­cia (Unicef) e Orga­ni­za­ção das Nações Unidas para a Edu­cação, Ciên­cia e Cul­tura (Unesco).

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