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Animal em extinção de 1 mm é encontrado apenas em caverna no Pará

Repro­dução: © Acer­vo IDE­FLOR-Bio/­PAT Xin­gu

Cientistas buscam sensibilizar comunidades para conservação do inseto


Pub­li­ca­do em 03/10/2023 — 09:02 Por Luiz Cláu­dio Fer­reira — Repórter da Agên­cia Brasil — Brasília

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Um inse­to de 1 milímetro sem olhos e com seis per­nas é encon­tra­do den­tro de uma úni­ca cav­er­na no inte­ri­or do Pará. Longe do sen­so comum, pesquisadores brasileiros estão mobi­liza­dos para a preser­vação do Troglo­bius brasilien­sis, ain­da sem nome pop­u­lar, que está criti­ca­mente ameaça­do de extinção. 

A ação para man­ter o inse­to (inofen­si­vo ao ser humano) em uma rocha na Cav­er­na do Limoeiro (o úni­co reg­istro em todo o mun­do), em Medicilân­dia (PA), vai além das pare­des da cav­er­na e tem poten­cial de sen­si­bi­lizar comu­nidades para o respeito ao meio ambi­ente. Nas expe­dições, os cien­tis­tas ficaram agacha­dos por horas em bus­ca de encon­trar o inse­to.

“O ani­mal existe, tem dire­ito de con­tin­uar existin­do e está inti­ma­mente asso­ci­a­do ao proces­so de ciclagem de nutri­entes no solo (da cav­er­na)”, afir­ma o pro­fes­sor Dou­glas Zep­peli­ni, da Uni­ver­si­dade Estad­ual da Paraí­ba (UEPB). Ele expli­ca que o bich­in­ho, reg­istra­do pela primeira vez há 25 anos,  se ali­men­ta de detri­tos e trans­for­ma a matéria orgâni­ca em decom­posição, man­ten­do o ciclo nat­ur­al para a riqueza do solo.

O tra­bal­ho de preser­vação do Troglo­bius brasilien­sis é do Plano de Ação Ter­ri­to­r­i­al para Con­ser­vação das Espé­cies Ameaçadas de Extinção do Ter­ritório Xin­gu (PAT Xin­gu), com o tra­bal­ho de pesquisadores do pro­je­to Pró-Espé­cies: Todos con­tra a Extinção.

A ação é coor­de­na­da pelo Min­istério do Meio Ambi­ente e Mudança do Cli­ma (MMA) e pre­tende ger­ar ini­cia­ti­vas para reduzir as ameaças e mel­ho­rar o esta­do de con­ser­vação de pelo menos 290 espé­cies cat­e­go­rizadas como Criti­ca­mente em Peri­go.

Pará - Animal em extinção de 1 mm é encontrado apenas em caverna no PA. Cientistas buscam sensibilizar comunidades para conservação de bichinho. Foto: Acervo IDEFLOR-Bio/PAT Xingu
Repro­dução: Pará — Ani­mal em extinção de 1 mm é encon­tra­do ape­nas em cav­er­na no PA. Cien­tis­tas bus­cam sen­si­bi­lizar comu­nidades para con­ser­vação de bich­in­ho. Foto: Acer­vo IDE­FLOR-Bio/­PAT Xin­gu — Acer­vo IDE­FLOR-Bio/­PAT Xin­gu

“Com as expe­dições recentes, con­seguimos cole­tar novos dados sobre essa espé­cie e obser­va­mos que o bicho está den­tro de uma cadeia ali­men­tar de organ­is­mos. Imag­ine que todos os indi­ví­du­os da espé­cie inteira habitam uma local­i­dade em um úni­co pon­to”.

Segun­do os pesquisadores, a cav­er­na está bem con­ser­va­da e con­ta com a con­sciên­cia dos donos da fazen­da. “A gente se sente muito priv­i­le­gia­da depois dessas descober­tas, já que a fazen­da está bem con­ser­va­da”, diz a fazen­deira Rosane Gotar­do. Ela espera que as pes­soas na região fiquem mais bem infor­madas sobre a novi­dade e que exis­tam mais recur­sos para pro­teção do local.

Políticas públicas

O pro­fes­sor Dou­glas Zep­peli­ni entende que seria necessária uma unidade de con­ser­vação, tam­bém levan­do em con­ta que os pro­pri­etários colab­o­ram para preser­vação da região. “Nós cole­ta­mos o mate­r­i­al de pesquisa em três expe­dições para faz­er o lev­an­ta­men­to”. O pesquisador defende que exis­tam políti­cas públi­cas para preser­var os ani­mais ameaça­dos de extinção.

Ele lem­bra que, além do Troglo­bius brasilien­sis, os pesquisadores encon­traram um pseu­doescor­pião predador. Uma mostra, segun­do ele, de que o ecos­sis­tema da cav­er­na está fun­cio­nan­do per­feita­mente. “São duas espé­cies que ocu­pam difer­entes níveis na cadeia ali­men­tar”.

Pará - Animal em extinção de 1 mm é encontrado apenas em caverna no PA. Cientistas buscam sensibilizar comunidades para conservação de bichinho. Foto: Acervo IDEFLOR-Bio/PAT Xingu
Repro­dução: Pará — Ani­mal em extinção de 1 mm é encon­tra­do ape­nas em cav­er­na no PA. Cien­tis­tas bus­cam sen­si­bi­lizar comu­nidades para con­ser­vação de bich­in­ho. Foto: Acer­vo IDE­FLOR-Bio/­PAT Xin­gu — Acer­vo IDE­FLOR-Bio/­PAT Xin­gu

Sensibilização

A coor­de­nado­ra do PAT Xin­gu, Nívia Pereira, pesquisado­ra do Insti­tu­to de Desen­volvi­men­to Flo­re­stal e da Bio­di­ver­si­dade do Pará (Ide­flor), tam­bém defende que é necessário garan­tir vis­i­bil­i­dade para mudar a real­i­dade de espé­cies ameaçadas, o que inclui levar as histórias para difer­entes públi­cos, como é a esco­la, por exem­p­lo. “Con­sci­en­ti­zar ou sen­si­bi­lizar a comu­nidade está entre os obje­tivos. Percebe­mos que a cav­er­na do Limoeiro, entre todas que a gente vis­i­tou, tem o entorno mais con­ser­va­do. Há uma fau­na que entra e sai da cav­er­na”.

A área do plano tem con­tex­to de difi­cul­dades, incluin­do incidên­cia de des­mata­men­to, avanço agrário e garim­po. “O plano con­tem­pla a preser­vação de oito espé­cies e já tive­mos resul­ta­dos muito inter­es­santes”. Além das expe­dições, os pesquisadores têm como pri­or­i­dade a edu­cação ambi­en­tal. É esse apren­diza­do que fasci­na os pesquisado­ras que pre­cisa chegar às cri­anças em uma aula práti­ca de meio ambi­ente, saúde e edu­cação.

A biólo­ga Tayane Accor­di, da Sec­re­taria de Meio Ambi­ente de Medicilân­dia, defende que é impor­tante para a cidade a parce­ria com o plano Pat Xin­gu, a fim de pro­mover a pro­teção das espé­cies na cidade, com ênfase no Troglo­bius, que é o mais sen­sív­el. A con­sci­en­ti­za­ção sobre a novi­dade é tra­bal­ha­da na esco­la. “Pro­move­mos cam­pan­has de edu­cação ambi­en­tal nas esco­las e, em breve, vamos imple­men­tar com  algu­mas das metas do plano”.

Pará - Animal em extinção de 1 mm é encontrado apenas em caverna no PA. Cientistas buscam sensibilizar comunidades para conservação de bichinho. Foto: Acervo IDEFLOR-Bio/PAT Xingu
Repro­dução: Pará — Ani­mal em extinção de 1 mm é encon­tra­do ape­nas em cav­er­na no PA. Cien­tis­tas bus­cam sen­si­bi­lizar comu­nidades para con­ser­vação de bich­in­ho. Foto: Acer­vo IDE­FLOR-Bio/­PAT Xin­gu — Acer­vo IDE­FLOR-Bio/­PAT Xin­gu

Potencial de cavernas

Para o anal­ista ambi­en­tal Daniel Men­donça, do Insti­tu­to Chico Mendes de Con­ser­vação da Bio­di­ver­si­dade (ICM­bio), que atua na pesquisa e con­ser­vação de cav­er­nas, pode haver inter­esse turís­ti­co em regiões como essa.

A lóg­i­ca é sim­ples: ao garan­tir vis­i­bil­i­dade para os ani­mais, maior seria o inter­esse de con­ser­var. “Que mais cav­er­nas pos­sam ter planos para o tur­is­mo ocor­rer de for­ma sus­ten­táv­el”. As insta­lações têm cus­tos como escadaria, ram­pa e out­ras estru­turas, mas que devem ser feitas com plane­ja­men­to

Men­donça expli­ca que a Con­sti­tu­ição Fed­er­al con­sid­era as cav­er­nas como bem da União e que devem ter pro­teção máx­i­ma. Para ele, há um mun­do de descober­tas em estru­turas nat­u­rais de fau­na e flo­ra. Hoje o Brasil tem, reg­istradas e con­heci­das, aprox­i­mada­mente 23.500 cav­er­nas.

Há esti­ma­ti­va de mais de 150 mil. A cav­er­na do Limoeiro tem 1,5 mil met­ros de exten­são. “Quan­to mais mapear, maior a chance de pro­te­ger tam­bém. Na ver­dade, é desacon­sel­háv­el que se entre em uma cav­er­na que não se con­hece soz­in­ho. Sem­pre é um ambi­ente de risco”, aler­ta.

Veja gale­ria de fotos da espé­cie em extinção:

Car­rossel — Ani­mal em extinção de 1 mm é encon­tra­do no Pará — juca.varella

Edição: Graça Adju­to

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