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Após adiamento por causa da pandemia, Bienal de SP é aberta ao público

Repro­dução: © Levi Fanan/Fundação Bien­al de São Paulo

Verso do poeta Thiago de Mello dá título à 34ª edição da mostra


Pub­li­ca­do em 04/09/2021 — 15:00 Por Daniel Mel­lo e Elaine Patrí­cia Cruz – Repórteres da Agên­cia Brasil — São Paulo

Ini­cial­mente pre­vista para o ano pas­sa­do e adi­a­da por causa da pan­demia de covid-19, a 34º Bien­al de Artes de São Paulo começa neste sába­do (4) no Pavil­hão da Bien­al, no Par­que Ibi­ra­puera, em São Paulo. A entra­da é gra­tui­ta, mas o vis­i­tante pre­cisa apre­sen­tar com­pro­vante, impres­so ou online, de que tomou pelo menos uma dose da vaci­na con­tra a doença.

A Bien­al fica aber­ta até 5 de dezem­bro. Aos domin­gos, terças, quar­tas e sex­tas-feiras, a vis­i­tação é das 10h às 19h; aos sába­dos e às quin­tas-feiras, das 10h às 21h. É necessário chegar ao menos meia hora antes do fechamen­to.

Para esta edição, a curado­ria da mostra escol­heu o títu­lo Faz escuro mas eu can­to, um ver­so do poe­ma Madru­ga­da Cam­pone­sa, pub­li­ca­do em 1965 pelo poeta ama­zo­nense Thi­a­go de Mel­lo. Segun­do os curadores, o tema apre­sen­ta o cam­po da arte como resistên­cia, trans­for­mação e rup­tura frente a urgên­cia dos prob­le­mas do mun­do atu­al.

“O breu que nos cer­ca foi se aden­san­do: dos incên­dios na Amazô­nia que escure­ce­r­am o dia aos lutos e reclusões ger­a­dos pela pan­demia, além das crises políti­cas, soci­ais, ambi­en­tais e econômi­cas que estavam em cur­so e ora se apro­fun­dam”, diz o tex­to assi­na­do pelos cin­co curadores: Jacopo Criv­el­li Vis­con­ti, Paulo Miya­da, Car­la Zaccagni­ni, Francesco Stoc­chi, Ruth Estévez.

Mais de mil tra­bal­hos de 91 artis­tas inte­gram a mostra. Além dos tra­bal­hos expos­tos no pré­dio da Bien­al, out­ros serão apre­sen­ta­dos em insti­tu­ições par­ceiras, haven­do tam­bém inter­venções tem­porárias fora do pavil­hão, no Par­que Ibi­ra­puera. “Assim como o que se vê den­tro do Pavil­hão rever­bera exposições que se rela­cionam com difer­entes con­tex­tos urbanos, diver­sas obras da mostra con­vivem com o cotid­i­ano do par­que, ora inte­gran­do-se à sua pais­agem, ora refletindo o seu papel como espaço icôni­co e sim­bóli­co”, diz o curador adjun­to Paulo Miya­da.

Uma das obras exter­nas no par­que é uma insta­lação de grandes dimen­sões em for­ma­to de ser­pente, colo­ca­da per­to da fonte do lago, fei­ta pelo artista, escritor e pro­du­tor cul­tur­al indí­ge­na da etnia Makuxi, Jaider Esbell (1979, Nor­man­dia, Roraima). No xam­an­is­mo indí­ge­na, a cobra é con­sid­er­a­da um “ani­mal de poder” e está pre­sente como força de cura, regen­er­ação e trans­for­mação.

Fig­u­ram entre as insti­tu­ições par­ceiras des­ta bien­al a Casa do Povo, no Bom Retiro, o Cen­tro Cul­tur­al Ban­co do Brasil, no cen­tro, e o Cen­tro Cul­tur­al São Paulo, na região da Liber­dade.

Os curadores desta­cam tam­bém a seleção equi­li­bra­da dos par­tic­i­pantes entre artis­tas home­ns e mul­heres, além dos 4% que se iden­ti­fi­cam como não binários, ou seja, não se enquadram em nen­hum dos dois gêneros. Den­tre os par­tic­i­pantes, nove são indí­ge­nas de povos orig­inários de diver­sas partes do mun­do. Há ain­da uma pro­gra­mação públi­ca com apre­sen­tações musi­cais, per­for­mances e encon­tros com artis­tas.

Aniversário

A Bien­al deste ano é tam­bém uma cel­e­bração dos 70 anos da mostra, cuja primeira edição foi em 1951.

“Ao lon­go dos últi­mos 70 anos, as bien­ais de São Paulo adap­taram-se aos tem­pos, e foram jus­ta­mente a capaci­dade de mudança e a aber­tu­ra ao novo que asse­gu­raram que a mostra man­tivesse a relevân­cia artís­ti­ca e cul­tur­al. A 34ª Bien­al de São Paulo, de algu­ma for­ma, sim­boliza isso: em tem­pos desafi­adores, encon­tramos maneiras de nos man­ter­mos fiéis à pro­pos­ta des­ta edição sem, no entan­to, ficar­mos pre­sos em ideias e pro­je­tos que havi­am per­di­do sua per­t­inên­cia no novo con­tex­to glob­al”, disse José Olym­pio da Veiga Pereira, pres­i­dente da Fun­dação Bien­al de São Paulo.

Enunciados

A leitu­ra das obras é guia­da por 14 enun­ci­a­dos, obje­tos que apre­sen­tam pon­tos de vista e reflexões. Fazem parte desse con­jun­to três obje­tos do acer­vo do Museu Nacional, atingi­do por um incên­dio no Rio de Janeiro em setem­bro de 2018.

Um dos obje­tos é uma rocha, que, dev­i­do à alta tem­per­atu­ra do fogo na ocasião, superan­do os 450 graus Cel­sius, foi trans­for­ma­da em ametista e cit­ri­no – tipo de quart­zo. “Ao absorv­er indelevel­mente o calor, a rocha tornou-se um indí­cio, e sua cor, uma teste­munha do que acon­te­ceu. Trans­for­mou-se, mas é a mes­ma rocha. Con­tin­ua sendo a mes­ma rocha porque soube trans­for­mar-se”, expli­ca o tex­to da curado­ria.

Tam­bém está pre­sente o mete­ori­to San­ta Luzia, descober­to em 1921, que saiu com­ple­ta­mente ile­so do incên­dio e uma boneca doa­da por um indí­ge­na da aldeia Kara­já de Hawaló, na Ilha do Bananal, Tocan­tins. O item foi envi­a­do ao museu para aju­dar na recom­posição do acer­vo da insti­tu­ição. “Começar de novo pode ser tam­bém uma opor­tu­nidade de reit­er­ar as parce­las dos pactos que for­t­ale­cem as partes envolvi­das, crit­i­can­do o que sub­ju­ga o saber de um povo à vio­lên­cia explo­ratória de out­ro”, acres­cen­ta o mate­r­i­al cura­to­r­i­al.

Mais infor­mações sobre a mostra podem ser encon­tradas no site da 34ª Bien­al.

Edição: Nádia Fran­co

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