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Após ataques a ônibus, moradores relatam caos na zona oeste do Rio

Repro­dução: © Divulgação/ Redes Soci­ais

Ação de milicianos provocou paralisia no tráfego da região


Pub­li­ca­do em 23/10/2023 — 23:51 Por Léo Rodrigues — Repórter da Agên­cia Brasil — Rio de Janeiro

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Os ataques real­iza­dos nes­ta segun­da-feira (23) por crim­i­nosos na zona oeste do Rio de Janeiro impactaram sev­era­mente o fun­ciona­men­to do comér­cio, das esco­las e causaram um nó no trân­si­to. Relatos de moradores e tra­bal­hadores da região são reple­tos de queixas pela ausên­cia de trans­porte públi­co e pelos con­ges­tion­a­men­tos em diver­sas vias.

Morado­ra do bair­ro San­ta Cruz, Cati­ta Leal Cesario tra­bal­ha na Esco­la Munic­i­pal Bertha Lutz, em Guarat­i­ba. Ela con­ta que a primeira pre­ocu­pação após rece­berem a notí­cia dos ataques foi avis­ar os pais e orga­ni­zar a saí­da dos alunos. A vol­ta para casa não foi fácil.

“A úni­ca solução era ficar na esco­la ou vir andan­do. E foi o que fize­mos. Eu e uma cole­ga resolve­mos vir andan­do. Lev­a­mos mais ou menos uma hora. Viemos andan­do rápi­do porque tin­ha lugar que esta­va deser­to. Então, acel­er­amos para não ficar dan­do mole”, con­ta.

A ação dos crim­i­nosos ocor­reu após a morte de um mili­ciano em uma oper­ação poli­cial. Nos ataques, 35 ônibus e um trem foram queima­dos. Com os veícu­los incen­di­a­dos, diver­sas vias ficaram blo­queadas. Em respos­ta, algu­mas lin­has do BRT oper­adas pela empre­sa públi­ca Mobi-Rio foram par­al­isadas por questões de segu­rança. A con­ces­sionária Super­via tam­bém fechou algu­mas estações de trem.

Cati­ta e a cole­ga pas­saram por dois ônibus queima­dos. Con­forme seu rela­to, todo o comér­cio esta­va fecha­do, o trans­porte públi­co parou de cir­cu­lar e diver­sas vias estavam con­ges­tion­adas. Ela diz ain­da que não havia poli­ci­a­men­to. “Se vimos uma patrul­ha foi muito. Vimos um cam­in­hão dos bombeiros para apa­gar um dos ônibus incen­di­a­dos”.

Nas redes soci­ais, reg­istros semel­hantes ao de Cati­ta se acu­mu­lam. São diver­sas posta­gens e ima­gens doc­u­men­tan­do difi­cul­dades de deslo­ca­men­to. Um vídeo reg­is­tra diver­sos moradores voltan­do para casa na tra­seira de um cam­in­hão cegonha.

“Min­ha irmã tra­bal­ha na zona sul e mora na zona oeste, pegou o metrô até Coel­ho Neto pra pegar a van pra casa. Estão cobran­do R$10,00 pra ir em pé na van. Uma covar­dia”, escreveu Maiara San­ti­a­go. Uma out­ra usuária rela­ta que o Uber na região esta­va com preços bem ele­va­dos e ain­da assim os motoris­tas inscritos no aplica­ti­vo estavam recu­san­do as cor­ri­das.

“Quase não con­segui chegar em casa. Cole­gas estão pre­sos em engar­rafa­men­tos cau­sa­dos por veícu­los incen­di­a­dos, não tem trans­porte públi­co rodan­do. O Rio de Janeiro acabou”, desabafou Aline Sarai­va. Enquan­to alguns relatavam sua situ­ação, out­ras pes­soas man­i­fes­tavam pre­ocu­pação com os par­entes. “Nes­sa guer­ra que o Rio de Janeiro se encon­tra, só con­si­go pen­sar nos meus ami­gos e famil­iares que estão na rua nesse exa­to momen­to pre­cisan­do voltar para a casa”, escreveu Car­olyn­na Assis.

Pouco antes das 17h, o Cen­tro de Oper­ações da Prefeitu­ra do Rio de Janeiro infor­mou por meio de suas redes soci­ais que os incên­dios provo­cavam reflex­os nos bair­ros Guarat­i­ba, Paciên­cia, Cos­mos, San­ta Cruz, Inhoaí­ba e Cam­po Grande. Pos­te­ri­or­mente, novos ataques foram reg­istra­dos em out­ros bair­ros. Um vídeo que cir­cu­la redes soci­ais mostra o momen­to em que um ônibus é queima­do em Inhoaí­ba ain­da com pas­sageiros no inte­ri­or do veícu­lo. Eles escapam pela por­ta tra­seira.

Às 18h40, para aler­tar a pop­u­lação sobre ocor­rên­cias que impactam a roti­na, o municí­pio declar­ou está­gio de atenção, o ter­ceiro nív­el de uma escala de cin­co. A ori­en­tação era para evi­tar os locais afe­ta­dos. Dezenas de esco­las tiver­am as aulas sus­pen­sas. Algu­mas delas já infor­maram que não abrirão as por­tas nes­ta terça-feira (24).

Medi­das de segu­rança tam­bém foram anun­ci­adas pela Uni­ver­si­dade Fed­er­al Rur­al do Rio de Janeiro (UFRRJ), que pos­sui cam­pus na zona oeste da cap­i­tal flu­mi­nense. Segun­do a insti­tu­ição, as avali­ações acadêmi­cas mar­cadas para esta terça-feira (24) serão reagen­dadas e as aulas dev­erão ser real­izadas de for­ma remo­ta. Já a Uni­ver­si­dade Fed­er­al do Rio de Janeiro (UFRJ), que não pos­sui unidades na zona oeste, divul­gou comu­ni­ca­do infor­man­do que suas ativi­dades estão man­ti­das, mas que estu­dantes e servi­dores moradores das áreas afe­tadas terão suas ausên­cias abonadas.

O gov­er­nador do esta­do, Cláu­dio Cas­tro, admi­tiu que as forças de segu­rança foram pegas de sur­pre­sa e disse que há um plano de con­tingên­cia em anda­men­to com o obje­ti­vo de garan­tir que não ocor­ram mais ataques. Até ago­ra, foram con­fir­madas 12 prisões de sus­peitos de envolvi­men­to nos incên­dios.

O prefeito Eduar­do Paes se man­i­festou pelas redes soci­ais. “Mili­cianos na Zona Oeste queimam ônibus públi­cos pagos com din­heiro do povo para protes­tar con­tra oper­ação poli­cial. Quem paga é o povo tra­bal­hador. E para pio­rar, tive­mos que inter­romper serviços de trans­porte na Zona Oeste para que não queimem mais ônibus. Ou seja, úni­cos prej­u­di­ca­dos: moradores das áreas que eles dizem pro­te­ger! Essa gente pre­cisa de uma respos­ta muito firme das forças poli­ci­ais! Como prefeito, ape­lo ao Gov­er­no do Esta­do e ao Min­istério da Justiça para que atuem para impedir que fatos assim se repi­tam”.

Edição: Marce­lo Brandão

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