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Atingida pela censura, Rita Lee modernizou a música brasileira

Repro­dução: © Flickr/Carol Men­donça

Pesquisa mostra que vetos continuaram mesmo após a ditadura


Pub­li­ca­do em 10/05/2023 — 14:55 Por Cami­la Boehm – Repórter da Agên­cia Brasil — São Paulo

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Rita Lee foi uma das artis­tas mais cen­suradas durante a ditadu­ra mil­i­tar no Brasil, segun­do a pesquisado­ra Nor­ma Lima, douto­ra em lit­er­atu­ra e pro­fes­so­ra da Uni­ver­si­dade do Esta­do do Rio de Janeiro (UERJ). “Nas min­has pesquisas, eu ver­i­fiquei isso, encon­trei várias letras dela que tin­ham sido cen­suradas e é uma cen­sura de cos­tumes, não é só políti­ca”.

Evidên­cia dis­so é que a artista foi alvo de mon­i­tora­men­to mes­mo após o perío­do de repressão no país. “Quan­do a ditadu­ra acabou, ela foi cen­sura­da em um dis­co de 1988 que é Pega Rapaz, a letra foi cen­sura­da: de “frente e de trás eu te amo cada vez mais”, lem­brou. Rita Lee mor­reu na noite da últi­ma segun­da-feira (8), aos 75 anos.

Sāo Paulo (SP) - Cópia da letra
Repro­dução: Cópia da letra “Pega Rapaz”  Foto: — Divul­gação
Entre os casos de vetos no que se ref­ere a cos­tumes e que trazem questões de sex­u­al­i­dade, Nor­ma Lima apon­tou Lança Per­fume e Cor-de-rosa choque. “Mas ela tam­bém teve letras que crit­i­cavam os políti­cos, como Arrom­bou o cofre, essa que foi uma faixa risca­da [o dis­co era ven­di­do com a faixa risca­da], e ela fala­va da cor­rupção no Brasil, dos escân­da­los, isso foi denun­ci­a­do por ela nes­sa músi­ca.”

“O fato de ser mul­her já a colo­ca como uma pes­soa persegui­da den­tro do patri­ar­ca­do. E uma mul­her ousa­da, ela só foi pre­sa porque ela era ousa­da, porque ela rompia. Se você olhar o com­por­ta­men­to da mul­her nos anos 60, com­para com a Rita, ela não fica­va em caix­in­ha. Ela fala­va o que pen­sa­va, uma pes­soa inteligente, que sabia se expres­sar, e ela real­mente foi muito persegui­da por causa dis­so.”

Rita Lee foi diver­sas vezes defini­da por estereóti­pos rela­ciona­dos a dro­gas, enquan­to tin­ha car­reira e atu­ação rel­e­vantes, uma figu­ra de van­guar­da em diver­sas questões. De acor­do com a pesquisado­ra, o primeiro bei­jo gay em TV aber­ta foi apre­sen­ta­do em um clipe de Rita Lee, em “Obri­ga­do não”, no pro­gra­ma de TV Fan­tás­ti­co, da Rede Globo. A canção abor­da diver­sos assun­tos con­sid­er­a­dos tabu até hoje.

A pesquisado­ra citou a canção Ambição como rep­re­sen­ta­ti­va da artista e da sua car­reira. “Tem uns ver­sos no final em que ela diz assim: “eu quero matar a von­tade enquan­to ten­ho saúde e idade, faz­er um pouco de tudo, vender a alma para poder com­prar o meu mun­do”. Ela é uma pes­soa que que criou o mun­do dela, mas é um mun­do exten­si­vo tan­ta gente.”

“Eu acho que ela mudou mui­ta coisa, ela real­mente trans­for­mou. Era uma pes­soa inqui­eta, não era uma pes­soa aco­moda­da, ela quis um out­ro mun­do, uma out­ra real­i­dade”, acres­cen­tou. Nor­ma avalia ain­da que Rita Lee mod­ern­i­zou a músi­ca brasileira e que trouxe con­tribuições diver­sas. “Ela colo­cou o Brasil de uma for­ma muito futur­ista. A men­sagem da Rita não é data­da, per­tence a todas as épocas”.

“Na época dos Mutantes, ela era o col­ori­do, a graça do grupo. Quan­do ela foi can­tar com Tut­ti Frut­ti, ela pegou as letras em inglês e deu uma qual­i­dade muito grande, em por­tuguês, tin­ham men­sagens. Depois, me parece que ela abriu muito cam­in­ho para as can­toras, ela foi uma mul­her ousa­da nos anos 70 den­tro da repressão, como uma mul­her que real­mente abriu os cam­in­hos para as que vier­am depois”, disse a pesquisado­ra.

Edição: Maria Clau­dia

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