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Atividades físicas proporcionam mais e melhores dias dos avós

Repro­dução: © Mar­cel­lo Casal jr/Agência Brasil

Rotina de exercícios evita riscos à saúde durante a terceira idade


Publicado em 26/07/2024 — 07:52 Por Pedro Peduzzi — Repórter da Agência Brasil — Brasília

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Avós e netos têm nes­ta sex­ta-feira (26), Dia dos Avós, opor­tu­nidade para cel­e­brar uma parce­ria que une os dois extremos da lin­ha da vida. De um lado, a vital­i­dade da juven­tude; do out­ro a exper­iên­cia e os con­hec­i­men­tos adquiri­dos ao lon­go de toda uma jor­na­da.

Essa com­ple­men­tari­dade, rica para ambas as partes, pode gan­har qual­i­dade e ser pro­lon­ga­da a par­tir de alguns cuida­dos que, ape­sar de valerem para todos, são ain­da mais rel­e­vantes àque­les que se encon­tram na ter­ceira idade.

“A ativi­dade físi­ca é o que me dá condições acom­pan­har o pique dos meus netos. Quero que isso dure ao máx­i­mo. É o que mais me moti­va a deixar a inér­cia de lado e faz­er as min­has ginás­ti­cas”, expli­ca a aposen­ta­da Helia de Assis Ribeiro que, aos 86 anos, aca­ba de voltar de uma viagem a Foz do Iguaçu acom­pan­ha­da dos cin­co netos com idades entre 12 e 30 anos.

Riscos da idade

Dados do Min­istério da Saúde mostram que, em 2023, as três prin­ci­pais causas de inter­nações e óbitos de pes­soas com mais de 60 anos estão de algu­ma for­ma rela­cionadas à fal­ta de uma ativi­dade físi­ca rotineira.

Doenças dos apar­el­hos cir­cu­latório resul­taram em mais de 790 mil inter­nações no ano pas­sa­do, e em 310,9 mil óbitos. Já as doenças do apar­el­ho res­pi­ratório resul­taram em 465,8 mil inter­nações e 145,2 mil óbitos. As Neo­plas­tias (tumores) foram a causa de 455,5 mil inter­nações e 184,3 mil óbitos.

A boa notí­cia é que exer­cí­cios físi­cos prat­i­ca­dos com reg­u­lar­i­dade podem aju­dar a mel­ho­rar essas estatís­ti­cas.

“A ativi­dade físi­ca é fun­da­men­tal para a pre­venção e con­t­role de doenças não trans­mis­síveis, como doenças car­dio­vas­cu­lares, dia­betes tipo 2 e vários tipos de câncer”, expli­ca a edu­cado­ra físi­ca Tali­ta Cezareti, espe­cial­ista em geron­tolo­gia pela Sociedade Brasileira de Geri­a­tria e Geron­tolo­gia (SBGG).

Segun­do ela, a fal­ta de ativi­dade físi­ca está asso­ci­a­da a uma série de des­fe­chos adver­sos para a saúde dos idosos, “incluin­do maior mor­tal­i­dade por todas as causas e por doenças car­dio­vas­cu­lares, aumen­to da incidên­cia de hiperten­são, cer­tos tipos de câncer e dia­betes tipo 2”.

Ten­do por base dados da Orga­ni­za­ção Mundi­al da Saúde (OMS), Tali­ta diz que entre 4 e 5 mil­hões de mortes pode­ri­am ser evi­tadas anual­mente, se a pop­u­lação glob­al fos­se fisi­ca­mente mais ati­vas, uma vez que um terço de todas as mortes decor­rem de doenças car­dio­vas­cu­lares.

Benefícios

Antes de se aposen­tar, quan­do tra­bal­ha­va como assis­tente social, Helia Ribeiro já obser­va­va, nos idosos que ficavam sob seus cuida­dos, os bene­fí­cios pro­por­ciona­dos por exer­cí­cios e ginás­ti­cas à ter­ceira idade.

“Eu tin­ha o papel de estim­ulá-los às ativi­dades físi­cas. Sem­pre tive mui­ta clareza de que parar com os exer­cí­cios com­pro­m­ete a qual­i­dade de vida, e que idosos para­dos acabavam fican­do com a mus­cu­latu­ra flá­ci­da. Isso é cam­in­ho para prob­le­mas físi­cos e, tam­bém, men­tais. Para evitá-los, é fun­da­men­tal que o cor­po con­tin­ue se mex­en­do e que o cére­bro este­ja sem­pre tra­bal­han­do. Todos que prat­i­cavam ativi­dades físi­cas e men­tais ficaram em um pata­mar muito supe­ri­or”, disse a aposen­ta­da, que faz ginás­ti­ca duas vezes por sem­ana e todos os dias faz exer­cí­cios para as per­nas.

A per­cepção de Helia é cor­rob­o­ra­da pela geron­tólo­ga Tali­ta Cezareti. “A saúde men­tal pode ser afe­ta­da com sin­tomas de ansiedade e depressão, assim como a saúde cog­ni­ti­va e o sono”.

Per­son­al trein­er com diver­sos clientes da ter­ceira idade, Dio­go Duarte diz ter em casa, na avó Elis­a­beth, com 87 anos, o prin­ci­pal exem­p­lo do quan­to as ativi­dades físi­cas agregam qual­i­dade de vida para a ter­ceira idade.

“Ela tem próte­ses nos dois joel­hos, dev­i­do ao des­gaste das car­ti­la­gens cau­sa­do pela difer­ença de taman­ho de suas duas per­nas. A neces­si­dade de for­t­ale­cer a mus­cu­latu­ra da per­na foi o pon­to de par­ti­da para ela se inscr­ev­er em uma acad­e­mia. No começo, por obri­gação. Mas acabou pegan­do gos­to pela coisa, o que acabou aju­dan­do a lidar com a neces­si­dade de colo­car, depois, a prótese no segun­do joel­ho”, disse.

Convívio com os netos

As difi­cul­dades e super­ações da avó de Dio­go tornaram ain­da mais espe­ci­ais os momen­tos dela com a bis­ne­ta Gabriela, de 8 anos. “É muito bom vê-la tão saudáv­el e autôno­ma, pas­san­do horas ali, brin­can­do com a min­ha fil­ha, con­viven­do inten­sa­mente com ela, com os out­ros bis­ne­tos e netos”, disse.

“A ver­dade é que a ativi­dade físi­ca deu a ela uma juven­tude mais pro­lon­ga­da. A pon­to de a gente acabar ten­do de freá-la um pouco dev­i­do a taman­ha dis­posição. A von­tade dela em ter essas vivên­cias é cada vez maior, por ela quer­er aproveitar cada momen­to”, acres­cen­tou o neto per­son­al trein­er.

Diego clas­si­fi­ca a avó como uma pes­soa hiper­a­ti­va e autossu­fi­ciente que ado­ra via­jar soz­in­ha de car­ro. Gos­ta tam­bém de levar as ami­gas para pas­seios.

“Muitas delas, ape­sar de mais novas, apre­sen­tam situ­ação mais debil­i­ta­da por não prati­carem ativi­dades físi­cas. Às vezes ficamos pre­ocu­pa­dos e ten­ta­mos con­trolá-la para evi­tar riscos, mas a ver­dade é que a von­tade dela é a de abraçar o mun­do, car­ac­terís­ti­ca que ficou ain­da mais reforça­da a par­tir do momen­to em que ela incluiu, em sua roti­na, as ativi­dades físi­cas”.

Além de ampli­ar o con­vívio com netos, as ativi­dades físi­cas dão mais qual­i­dade a esse con­vívio. “Dão, inclu­sive, condições de acom­pan­har as novi­dades apre­sen­tadas por eles, bem como ver­i­ficar o que eles estão fazen­do e influ­en­ciá-los pos­i­ti­va­mente, até porque, aposen­ta­dos, temos o tem­po que às vezes os pais não têm”, expli­ca Helia Ribeiro.

Sair da inércia

Ain­da ten­do como refer­ên­cia os idosos de quem cui­da­va durante o perío­do em que exer­cia a profis­são de assis­tente social, Helia Rineiro diz que o primeiro pas­so a ser dado na bus­ca por qual­i­dade de vida na ter­ceira idade, é o de sair da situ­ação de inér­cia.

“A pes­soa tem de sair da aco­modação e da situ­ação de inér­cia porque, para­do, a coisa só pio­ra. Nesse sen­ti­do, família e ami­gos podem ter papel fun­da­men­tal porque podem ser fonte de estí­mu­lo”, disse.

Segun­do ela, há, em muitas cidades, diver­sas ativi­dades voltadas aos idosos. “Algu­mas, inclu­sive, ofer­e­ci­das gra­tuita­mente pelas prefeituras em praças públi­cas. Vale começar pela mus­cu­lação porque, além de preparar o cor­po para out­ras ativi­dades, pos­si­bili­ta inte­gração com out­ras pes­soas. Digo isso porque muitos idosos pas­sam muito tem­po soz­in­hos, e a solidão é muito ruim porque traz tris­teza”, acres­cen­tou ao ressaltar que, prin­ci­pal­mente na ter­ceira idade, é fun­da­men­tal que se ten­ha um acom­pan­hamen­to profis­sion­al.

Acompanhamento profissional

O per­son­al trein­er Dio­go Duarte expli­ca que toda ativi­dade volta­da a idosos deve evi­tar esforços exces­sivos, respei­tan­do sem­pre as lim­i­tações nat­u­rais da idade. Tali­ta Cezareti acres­cen­ta que a recomen­dação da OMS e do Min­istério da Saúde para pes­soas idosas é clara: realizar exer­cí­cios aeróbi­cos de inten­si­dade mod­er­a­da, como cam­in­hadas, natação ou dança, por pelo menos 150 min­u­tos por sem­ana (ou 75 min­u­tos se inten­si­dade for vig­orosa).

Além dis­so, é cru­cial incluir exer­cí­cios de for­t­alec­i­men­to mus­cu­lar e equi­líbrio em dois ou mais dias sem­anais para preser­var a mas­sa mus­cu­lar, pre­venir quedas e man­ter a fun­cional­i­dade.

“Treina­men­tos de equi­líbrio, for­t­alec­i­men­to mus­cu­lar e ativi­dades aeróbi­cas são mais efi­cazes para aumen­tar a capaci­dade fun­cional em idosos frágeis, quan­do real­iza­dos de 3 a 5 vezes por sem­ana por 30 a 45 min­u­tos por sessão ao lon­go de 3 a 5 meses”, detal­hou a geron­tólo­ga.

Ela desta­ca ser impor­tante estar aten­to ao que o idosos gostam e dese­jam faz­er, o que pode abranger exer­cí­cios a serem exe­cu­ta­dos na com­pan­hia de pes­soas com quem eles ten­ham afinidade. “O que pre­cisamos é de con­stân­cia, e obser­var pon­tos como praz­er faz toda difer­ença”.

A dança pode ser uma dessas ativi­dades, segun­do Helia Ribeiro, até por ser uma ativi­dade que estim­u­la os idosos tan­to do pon­to de vista físi­co como int­elec­tu­al.

“Gos­to de dançar. Inclu­sive fiz dança de salão por um bom tem­po, mas como meu mari­do não gos­ta, acabei paran­do. É uma ativi­dade praze­rosa e agradáv­el, que deixa o cor­po mais leve, ao mes­mo tem­po em que mel­ho­ra o esta­do de cog­nição. Além dis­so, ao nos pos­si­bil­i­tar con­hecer out­ras pes­soas, amplia a vida social, com tro­cas de exper­iên­cias que acon­te­cem de for­ma espon­tânea, nat­ur­al e sem pro­gra­mação”.

Edição: Aline Leal

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