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Atletas brasileiras fecham Jogos de Paris com desempenho histórico

© REUTERS/Arlette Bashizi/Proibida repro­dução

Em maior número na delegação, elas faturaram 60% dos pódios do país


Publicado em 11/08/2024 — 14:25 Por Igor Santos — Repórter da EBC* — Rio de Janeiro

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Antes mes­mo de os Jogos Olímpi­cos de Paris começarem, as mul­heres brasileiras já fazi­am história. Pela primeira vez em mais de cem anos de par­tic­i­pações do país em Olimpíadas, a del­e­gação do Brasil teve mais mul­heres do que home­ns: 163 con­tra 126, uma fatia cor­re­spon­dente a 56,4% do total. Ao final do even­to, elas mostraram que não estavam ape­nas fazen­do número. A maio­r­ia dos vinte pódios con­quis­ta­dos pela del­e­gação foi resul­ta­do do empen­ho fem­i­ni­no.

Paris 2024 Olympics - Artistic Gymnastics - Women's Floor Exercise Victory Ceremony - Bercy Arena, Paris, France - August 05, 2024. Gold medallist Rebeca Andrade of Brazil celebrates with her medal. REUTERS/Hannah Mckay
A paulista de Guarul­hos con­quis­tou o segun­do ouro do Brasil em Paris, tor­nan­do-se a maior campeã olímpi­ca do Brasil com cin­co pódios na car­reira  — REUTERS/Hannah Mckay/Proibida repro­dução

Para começar, os três ouros brasileiros em Paris foram de mul­heres: Beat­riz Souza no judô, Rebe­ca Andrade na ginás­ti­ca artís­ti­ca e a a dupla Duda e Ana Patrí­cia no vôlei de pra­ia. Doze das vinte medal­has foram de esportis­tas fem­i­ni­nas. Um déci­mo ter­ceiro pódio, o das equipes no judô, não foi obra 100% das mul­heres, mas com par­tic­i­pação impor­tante delas. Há três anos, em Tóquio, os pódios fem­i­ni­nos rep­re­sen­taram 43% do total do Brasil. No Rio, há oito, 26%.

Curiosa­mente, elas tam­bém se sobres­saíram nos out­ros naipes de medal­has: foram mais pratas (qua­tro con­tra três) e mais bronzes (cin­co con­tra qua­tro) fem­i­ni­nos do que mas­culi­nos.

Como era de se esper­ar, na cole­ti­va de impren­sa con­vo­ca­da pelo COB neste domin­go (11) para realizar um bal­anço da cam­pan­ha brasileira em Paris, o assun­to foi abor­da­do.

“Há dois cic­los olímpi­cos, o COB começou a inve­stir especi­fi­ca­mente nas mul­heres. Não só atle­tas, mas tam­bém para ten­tar aumen­tar o número de treinado­ras e gestoras. O que vimos aqui em Paris no esporte reflete o que está acon­te­cen­do na sociedade: a mul­her cada vez mais se for­t­ale­cen­do” disse Mar­i­ana Mel­lo, sub­chefe da Mis­são Paris 2024 e ger­ente de Plane­ja­men­to e Desem­pen­ho Esporti­vo do Comitê Olímpi­co do Brasil (COB), durante cole­ti­va neste domin­go (11) em Paris.

O chefe da mis­são e dire­tor-ger­al do COB, o ex-medal­hista olímpi­co Rogério Sam­paio, tam­bém desta­cou a per­for­mance das mul­heres brasileiras.

“Quer­e­mos sem­pre ultra­pas­sar bar­reiras, que­brar recordes, vencer sem­pre. Acho que ness­es Jogos Olímpi­cos con­seguimos que­brar alguns dess­es recordes, algu­mas dessas bar­reiras, prin­ci­pal­mente no que diz respeito ao esporte fem­i­ni­no, o que nos deixa bas­tante sat­is­feitos”, afir­mou Sam­paio.

A cada con­quista fem­i­ni­na do Brasil em Paris, o impacto destas medal­has no desem­pen­ho ger­al do país, assim como em seu históri­co, se afir­ma­va com mais força. Foi na cap­i­tal france­sa que, por exem­p­lo, a ginas­ta Rebe­ca Andrade saiu de um dos prin­ci­pais nomes do esporte brasileiro para se tornar a maior medal­hista olímpi­ca do Brasil em todos os tem­pos. Seus qua­tro pódios em Paris (um ouro, duas pratas e um bronze) levaram a paulista a seis no total, ultra­pas­san­do Robert Schei­dt e Tor­ben Grael, anti­gos deten­tores da posição.

“Para mim é uma hon­ra ser mul­her pre­ta e hoje estar onde eu estou: no topo do mun­do”, disse Rebe­ca.

Tatiana Weston-Webb, surfe, jogos de paris
Repro­dução: A gaúcha Tati West­on-Webb con­quis­tou a pra­ta, a primeira medal­ha olímpi­ca de uma sur­fista brasileira na modal­i­dade — William Lucas/COB/Direitos Reser­va­dos

No surfe, a pra­ta de Tatiana West­on-Webb foi a primeira medal­ha de uma mul­her brasileira na modal­i­dade. Um dos esportes que mais cresce no país, o surfe do Brasil se afir­mou como potên­cia entre os home­ns, com sete dos últi­mos nove títu­los mundi­ais. No entan­to, entre as mul­heres, nun­ca chegou lá. O resul­ta­do de West­on-Webb foi o mel­hor do Brasil em Paris e pode abrir cam­in­ho para uma nova era do surfe fem­i­ni­no.

“Sin­to nada mais do que orgul­ho de rep­re­sen­tar as meni­nas, espe­cial­mente o surfe no Brasil. Espero que isso inspire várias meni­nas a sur­farem e irem atrás dos seus son­hos”, declar­ou a sur­fista após a con­quista da pra­ta.

O ouro con­quis­ta­do por Duda e Ana Patrí­cia deu fim a um jejum de 28 anos sem mul­heres brasileiras subirem ao lugar mais alto do pódio no vôlei de pra­ia olímpi­co. Porém, enquan­to a vitória em 2024 era a afir­mação do cres­cente impacto fem­i­ni­no no esporte brasileiro, em Atlanta-1996 as duas medal­has do vôlei de pra­ia do Brasil — ouro para Jacque­line e San­dra e pra­ta para Môni­ca e Adri­ana Samuel — eram lit­eral­mente os primeiros pódios de mul­heres brasileiras em Olimpíadas.

Paris 2024 Olympics - Beach Volleyball - Women's Victory Ceremony - Eiffel Tower Stadium, Paris, France - August 10, 2024. Gold medallists Ana Patricia Silva Ramos of Brazil and Eduarda Santos Lisboa of Brazil pose with medals. REUTERS/Esa Alexander REFILE - CORRECTING DATE FROM
A sergi­pana Duda e a mineira Ana Patrí­cia foram ouro no vôlei de pra­ia fem­i­ni­no, pon­do fim a 28 anos de jejum do Brasil no topo do pódio  — REUTERS/Esa Alexan­der /Proibida repro­dução

Com mais opor­tu­nidades vêm mais resul­ta­dos. É o que pen­sa a box­eado­ra Bia Fer­reira, que em Paris acres­cen­tou um bronze à sua coleção olímpi­ca, que con­ta­va com uma pra­ta obti­da em Tóquio.

“As mul­heres sem­pre troux­er­am bons resul­ta­dos. Temos grandes atle­tas de refer­ên­cia fem­i­ni­na, só que tín­hamos um número menor. Acred­i­to que era por isso que não tin­ha mais resul­ta­dos. Então quan­to mais opor­tu­nidades vierem e mais mul­heres se clas­si­fi­carem, auto­mati­ca­mente vamos traz­er resul­ta­dos”, expôs a atle­ta.

* Em colab­o­ração com Verôni­ca Dal­canal, em Paris

Edição: Cláu­dia Soares Rodrigues

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