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Ato em Copacabana pede justiça por rapaz morto em ação policial

Repro­dução: © Tânia Rêgo/Agência Brasil

Manifestação foi conduzida pela organização Rio de Paz


Pub­li­ca­do em 19/08/2023 — 15:23 Por Mar­i­ana Tokar­nia — Repórter da Agên­cia Brasil — Rio de Janeiro

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Famil­iares, ami­gos, moradores da Cidade de Deus, artis­tas e apoiadores realizaram um ato, neste sába­do (19), pedin­do justiça por Thi­a­go Menezes Flausi­no, 13 anos de idade, mor­to em ação poli­cial no iní­cio da madru­ga­da do dia 7 de agos­to, na prin­ci­pal rua de aces­so à Cidade de Deus, comu­nidade em Jacarepaguá, zona oeste do Rio de Janeiro. Com car­tazes, balões bran­cos e caixões, o grupo cam­in­hou pelo calçadão de Copaca­bana, na zona sul da cidade, da altura do hotel Copaca­bana Palace até a Aveni­da Prince­sa Isabel.

“É uma for­ma de chamar atenção do gov­er­no, que até ago­ra não esclare­ceu nada. Se a gente fizesse isso na nos­sa comu­nidade, a gente ia estar entre tiro de bor­racha, tiro de bom­ba e out­ros tiros. Hoje, a gente está aqui atrás de justiça”, disse o pai de Thi­a­go, Dio­go Flausi­no.

O grupo, com­pos­to tam­bém por cri­anças, car­rega­va car­tazes com os diz­eres “Thi­aguin­ho, artil­heiro da Cidade de Deus”, “Thi­a­go Menezes, eter­no camisa 10”, “Não foi oper­ação, foi exe­cução”. Em um dia de sol, quem pas­sa­va pela pra­ia turís­ti­ca mais famosa da cidade, par­a­va e presta­va sol­i­dariedade à família.

Rio de Janeiro (RJ), 19/08/2023 - Diogo Fausino e Priscila Menezes, pais de Thiago, participam de ato. A ONG Rio de Paz, familiares de Thiago Menezes Flausino, moradores, amigos e lideranças da Cidade de Deus, onde o menino de 13 anos foi morto em ação da PM, no último dia 6; fazem protesto e enterro simbólico, na Praia de Copacabana. Foto:Tânia Rêgo/Agência Brasil
Repro­dução: Dio­go Fausi­no e Priscila Menezes, pais de Thi­a­go, par­tic­i­pam de ato — Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

“Meu fil­ho não vai voltar mais, eles fiz­er­am o que fiz­er­am para matar. Foram mais de cin­co tiros. Dói saber que meu fil­ho pas­sou por isso e eu não esta­va lá, quan­do fui pegar a mãoz­in­ha dele, ele já esta­va gelad­in­ho na hora, e out­ras pes­soas falan­do as coisas que acon­te­ce­r­am. Eu só quero justiça”, recla­ma a mãe de Thi­a­go, Priscila Menezes.

O grupo car­regou 14 caixões de taman­ho infan­til, rep­re­sen­tan­do as 14 cri­anças e ado­les­centes que mor­reram víti­mas de balas per­di­das des­de o ano pas­sa­do. Os caixões foram enfileira­dos na areia. Ban­deiras do Brasil com 14 furos foram pin­tadas de ver­mel­ho pelas cri­anças e posi­cionadas em cima dos caixões.

“Eu não vou ter mais meu fil­ho, mas eu quero bus­car justiça por ele e por out­ras cri­anças. Que eles parem de agir assim nas comu­nidades, parem de achar que toda comu­nidade, toda favela, só existe ban­di­do, porque lá não é assim, existe morador, exis­tem famílias igual eu tin­ha meu fil­ho, que tin­ha um son­ho de ser jogador de fute­bol”, disse Priscila Menezes.

Rio de Janeiro (RJ), 19/08/2023 - A ONG Rio de Paz, familiares de Thiago Menezes Flausino, moradores, amigos e lideranças da Cidade de Deus, onde o menino de 13 anos foi morto em ação da PM, no último dia 6; fazem protesto e enterro simbólico, na Praia de Copacabana. Foto:Tânia Rêgo/Agência Brasil
Repro­dução: Protesto e enter­ro sim­bóli­co, na Pra­ia de Copaca­bana, pedem justiça por Thi­a­go Menezes Flausi­no — Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Jun­to com as ban­deiras do Brasil foram posi­cionadas as chuteiras e a camise­ta que Thi­a­go usa­va para treinar nos três clubes de fute­bol dos quais fazia parte. Tam­bém foram colo­ca­dos out­ros per­ten­centes dele, como as 13 medal­has que gan­hou jogan­do fute­bol e uma Bíblia.

O ato foi con­duzi­do pela orga­ni­za­ção não gov­er­na­men­tal Rio de Paz, a pedi­do da família e dos moradores da Cidade de Deus. “His­tori­ca­mente é gente igno­ra­da pelo poder públi­co, que não foi capaz de pro­te­ger o bem mais pre­cioso dessa família. A vida de um fil­ho. Essas mortes ocor­rem pre­dom­i­nan­te­mente em favela. Mais de 90% dos casos. A auto­ria dos homicí­dios nun­ca é elu­ci­da­da. A justiça não é fei­ta, o esta­do não ampara essas famílias, por­tan­to, são mortes absur­das, e a face mais hedion­da da crim­i­nal­i­dade, uma vez que esta­mos falan­do de cri­anças que tiver­am a vida inter­romp­i­da”, disse o pres­i­dente da Rio de Paz, Anto­nio Car­los Cos­ta.

Procu­ra­da pela Agên­cia Brasil, a Sec­re­taria de Esta­do de Polí­cia Mil­i­tar do Rio de Janeiro infor­mou, em nota, que qua­tro agentes do Batal­hão de Choque “que atu­aram na noite em que um ado­les­cente foi feri­do na Cidade de Deus, zona oeste, foram afas­ta­dos do serviço das ruas pro­vi­so­ri­a­mente até o fim das inves­ti­gações, e cumprem funções admin­is­tra­ti­vas por deter­mi­nação do coman­do da unidade. As armas usadas pelos mil­itares foram apreen­di­das para a perí­cia e as ima­gens das câmeras de segu­rança são anal­isadas pela Polí­cia Civ­il, que inves­ti­ga o caso”, diz a nota.

Rio de Janeiro (RJ), 19/08/2023 - A ONG Rio de Paz, familiares de Thiago Menezes Flausino, moradores, amigos e lideranças da Cidade de Deus, onde o menino de 13 anos foi morto em ação da PM, no último dia 6; fazem protesto e enterro simbólico, na Praia de Copacabana. Foto:Tânia Rêgo/Agência Brasil
Repro­dução: Protesto e enter­ro sim­bóli­co, na Pra­ia de Copaca­bana, pedem justiça por Thi­a­go — Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

A PM infor­mou ain­da que, para­le­la­mente ao tra­bal­ho da Polí­cia Civ­il, o coman­do da cor­po­ração instau­rou um pro­ced­i­men­to apu­ratório, por meio de sua Cor­rege­do­ria Ger­al, para averiguar todas as cir­cun­stân­cias do caso, no últi­mo dia 7 de agos­to. Além do pro­ced­i­men­to instau­ra­do pela cor­po­ração, a SEPM infor­ma que colab­o­ra inte­gral­mente com todos os trâmites inves­tiga­tivos da Polí­cia Civ­il.

Edição: Fer­nan­do Fra­ga

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