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Auto de Natal mistura tradição e cultura popular no Recife

Repro­dução: © Mor­gana Narjara/Divulgação

Evento é realizado na Praça Marco Zero da capital pernambucana


Pub­li­ca­do em 23/12/2023 — 12:47 Por Lety­cia Bond — Repórter da Agên­cia Brasil — São Paulo

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Comem­o­rar a chega­da do Natal, mas com um toque brasileiro, no lugar da car­ac­ter­i­za­ção com flo­cos de neve que fazem mais sen­ti­do no Hem­is­fério Norte. É com a pro­pos­ta de faz­er essa trans­posição entre uni­ver­sos dis­tin­tos que o espetácu­lo Baile do Meni­no Deus: Uma brin­cadeira de Natal retor­na hoje (23) à Praça do Mar­co Zero, no Recife, onde gan­ha holo­fotes des­de 2004.

A peça, que com­ple­ta 40 anos nes­ta sem­ana, deve reunir um públi­co de 75 mil pes­soas, sem con­tar com a audiên­cia no YouTube, onde poderá ser assis­ti­da ao vivo na segun­da-feira (25), às 20h.

Brasília (DF) 23/12/2023 – Auto de Natal que mistura tradição e cultura popular completa 40 anos no Marco Zero de RecifeFoto: Gianny Melo/Divulgação
Repro­dução: Apre­sen­tação envolve cer­ca de 300 pes­soas. Foto: Gian­ny Melo/Divulgação

O auto de Natal, cri­a­do pelo escritor Ronal­do Cor­reia de Brito, autor do romance Galileia, Fran­cis­co Assis Lima e Anto­nio Madureira, tem porte de ópera, já que envolve cer­ca de 300 pes­soas. São artis­tas das artes cêni­cas, do fre­vo, do mara­catu, do cav­a­lo mar­in­ho e out­ros com diver­sas funções den­tro da esfera da músi­ca, incluin­do coros adul­to e infan­til.

Além dis­so, o espetácu­lo con­ta com expoentes do movi­men­to hip hop e nomes como o can­tor per­nam­bu­cano Almério. Os ensaios da equipe começaram em agos­to, segun­do o escritor, que tam­bém dirige a peça.

Brasília (DF) 23/12/2023 – Auto de Natal que mistura tradição e cultura popular completa 40 anos no Marco Zero de RecifeFoto:Hans Manteuffel/Divulgação
Repro­dução: Apre­sen­tação pode ser vista no YouTube — Mark­suel Medeiros /Divulgação

“Para um espetácu­lo desse taman­ho se realizar, é pre­ciso mui­ta gente por trás do pano, na camar­in­ha, equipe téc­ni­ca, de reportagem, de pro­dução”, comen­ta o ator fulni‑ô Caique Fer­raz, o primeiro indí­ge­na a inter­pre­tar José.

Um aspec­to que mar­cou o ator, durante o proces­so de con­strução do per­son­agem e ensaios, foi saber que as pes­soas em ger­al descon­hecem a dimen­são dos con­hec­i­men­tos dom­i­na­dos pelos indí­ge­nas de sua região. “O Brasil é um país con­ti­nen­tal, e pos­so repe­tir esse clichê mar­avil­hoso. Mas, além de con­ti­nen­tal, é diver­so, ecléti­co cul­tural­mente. E, quan­do falo isso, é porque, em cada pedac­in­ho de chão do nos­so país, temos mui­ta cul­tura, mui­ta riqueza históri­ca.”

A jor­na­da teve iní­cio na for­ma de um esboço de rep­re­sen­tação teatral ide­al­iza­da por Assis Lima, que foi envi­a­do ao ami­go Cor­reia de Brito. Em tra­bal­ho con­jun­to com Madureira, tam­bém na casa dos 30 anos de idade, a rep­re­sen­tação se trans­for­mou em nove com­posições musi­cais, todas inspi­radas em rit­mos per­nam­bu­canos, nordes­ti­nos, brasileiros ou ibéri­cos.

As conexões entre os três ami­gos, para dar anda­men­to ao pro­je­to, ficaram impres­sas em car­tas e em “papos” por tele­fone. Da parce­ria, surgiu um dis­co, grava­do na extin­ta Rozen­blit e lança­do pelo selo Eldo­ra­do, em 1983.

Naque­le ano, sua cri­ação se esti­cou sobre as cadeiras do Teatro Valde­mar de Oliveira, lota­do. Ao todo, os três com­pan­heiros ficaram em car­taz por oito anos, com a peça. “Mas sem­pre son­hamos que o lugar dessa peça era a rua, que é o lugar de onde veio”, diz Cor­reia de Brito.

Com o pas­sar dos anos, o auto se alon­gou um pouco mais, chegan­do a ocu­par cen­te­nas de esco­las a ter­reiros, de assen­ta­men­tos a comu­nidades quilom­bo­las. Os rodopios do baile, país afo­ra, se deve grande­mente ao apoio rece­bido pelo Pro­gra­ma Nacional Bib­liote­ca da Esco­la (PNBE), através do qual cer­ca de 700 mil exem­plares com o tex­to da peça foram impres­sos.

Símbolos universais

Brasília (DF) 23/12/2023 – Auto de Natal que mistura tradição e cultura popular completa 40 anos no Marco Zero de RecifeFoto: Morgana Narjara/Divulgação
Repro­dução: Tradição e cul­tura pop­u­lar se mis­tu­ram no Natal. Foto: Mor­gana Narjara/Divulgação
O que o espetácu­lo man­tém, no cam­po da tradição, é a con­tação do nasci­men­to de Jesus, fil­ho de Maria e José. Con­tu­do, a nar­ração intro­duz ele­men­tos como folgue­dos e brin­cadeiras pop­u­lares, como o rit­u­al de aber­tu­ra da por­ta do reisa­do, além de reflexões sobre even­tos recentes, que estão, obvi­a­mente, em con­stante atu­al­iza­ção e naveg­am pelo cam­po da políti­ca, como a vul­ner­a­bil­i­dade viven­ci­a­da por indí­ge­nas em ter­ritórios que se tor­nam pal­co de con­fli­tos.

“Nas lap­in­has, nos reisa­dos e nas brin­cadeiras pop­u­lares, existe essa man­i­fes­tação da atu­al­i­dade”, obser­va o dire­tor da peça, expli­can­do que, ao colo­car refer­ên­cias como o ter­reiro de umban­da em cena sig­nifi­ca reafir­mar que, “Sim, esta­mos pre­sentes, somos povo, somos gente, esta­mos nes­sa fes­ta”.

Uma das metá­foras que o auto traz são as por­tas, que, con­forme esclarece Cor­reia de Brito, rep­re­sen­tam a disponi­bil­i­dade que o espetácu­lo estim­u­la o públi­co a desen­volver, em relação a out­ras pes­soas e ao difer­ente. Out­ros para­le­los tam­bém são traça­dos, como um jogo com o nome Nazaré, que acom­pan­ha o da família de Jesus, já que, em Per­nam­bu­co, há um municí­pio chama­do Nazaré da Mata. “À medi­da que eu via o povo galileu, enten­dia que a Galileia é um Brasil, uma favela do Rio e de São Paulo, aqui de Recife.”

Serviço

Baile do Meni­no Deus: Uma brin­cadeira de Natal

Quan­do: 23 a 25 de dezem­bro, às 20h

Onde: Praça do Mar­co Zero do Recife (Recife Anti­go)

Aces­so gra­tu­ito

Clas­si­fi­cação: Livre

Duração: 60 min­u­tos

Aces­si­bil­i­dade: cadeirante, audiode­scrição e intér­prete em Libras

Trans­mis­são ao vivo, no dia 25 de dezem­bro, às 20h, pelo Youtube: https://www.youtube.com/@BailedoMeninoDeus

Edição: Maria Clau­dia

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