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B20, C20, Y20; conheça as siglas que acompanham o G20

Repro­dução: © Arte EBC

Grupos de engajamento atuam como se fossem satélites do fórum


Pub­li­ca­do em 28/02/2024 — 08:16 Por Bruno de Fre­itas Moura — Rio de Janeiro

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B20, C20, J20, Y20… Essas e out­ras siglas ter­mi­nadas com o número 20 são gru­pos de enga­ja­men­tos que atu­am como se fos­sem satélites do G20 (Grupo dos 20, que reúne as prin­ci­pais econo­mias do mun­do), que tem o Brasil ocu­pan­do a presidên­cia do fórum inter­na­cional ao lon­go de 2024.

Nes­ta sem­ana em que min­istros das Finanças e pres­i­dentes de ban­cos cen­trais dos país­es inte­grantes do blo­co se reúnem em São Paulo, na quar­ta (28) e quin­ta-feira (29), a Agên­cia Brasil apre­sen­ta os 13 gru­pos de enga­ja­men­to que se propõem a dis­cu­tir políti­cas públi­cas e cam­in­hos para o desen­volvi­men­to. Con­heça as siglas:

B20

O Busi­ness 20 (B20) conec­ta a comu­nidade empre­sar­i­al aos gov­er­nos do G20. O grupo envolve cer­ca de 900 rep­re­sen­tantes empre­sari­ais e tem por obje­ti­vo pro­por recomen­dações de políti­cas elab­o­radas por difer­entes forças-tare­fa. No Brasil, os tra­bal­hos são orga­ni­za­dos pela Con­fed­er­ação Nacional da Indús­tria (CNI), com o lema Cresci­men­to Inclu­si­vo para um Futuro Sus­ten­táv­el.

O B20 reuniu-se ofi­cial­mente pela primeira vez na Cúpu­la de Toron­to, no Canadá, em 2010, em um movi­men­to para lidar com os efeitos da crise econômi­ca de 2008.

C20

Um dos prin­ci­pais braços soci­ais do G20, o Civ­il Soci­ety 20 (C20) visa a asse­gu­rar que os líderes mundi­ais este­jam aten­tos às recomen­dações e deman­das da sociedade civ­il orga­ni­za­da. O princí­pio do grupo é “não deixar ninguém para trás”.

A igual­dade de gênero, o antir­racis­mo, os dire­itos humanos e as defi­ciên­cias, como temas trans­ver­sais, serão con­sid­er­a­dos em todas as ações do grupo. A Asso­ci­ação Brasileira de ONGs (Abong) atua como pres­i­dente do C20 brasileiro. O grupo foi for­mal­iza­do em 2013, durante a presidên­cia rus­sa do G20.

J20

O Supreme Courts and Con­sti­tu­tion­al Courts 20 (J20) tem por obje­ti­vo o inter­câm­bio de ideias e de ini­cia­ti­vas sobre temas jurídi­cos de relevân­cia na atu­al­i­dade. Na presidên­cia brasileira do G20 em 2024, o Supre­mo Tri­bunal Fed­er­al (STF) orga­ni­za o J20, ten­do como con­vi­da­dos os pres­i­dentes das cortes supre­mas dos país­es do G20, da União Europeia e da União Africana.

A primeira reunião do J20 ocor­reu em 2018 em Buenos Aires, na Argenti­na. A agen­da incluiu dis­cussões sobre dire­itos e justiça, desen­volvi­men­to sus­ten­táv­el, for­t­alec­i­men­to do Esta­do de Dire­ito, refor­ma judi­cial, democ­ra­cia glob­al e mer­ca­dos globais, justiça e gênero, e o papel da justiça con­tra o trá­fi­co de dro­gas.

L20

O Labour 20 (L20) rep­re­sen­ta os tra­bal­hadores e vai apre­sen­tar as pre­ocu­pações rela­cionadas ao emprego, aos dire­itos tra­bal­his­tas e que condições lab­o­rais jus­tas sejam con­sid­er­adas nas dis­cussões. Questões prev­i­den­ciárias tam­bém são assun­to de debates do L20.

O grupo reúne rep­re­sen­tações sindi­cais dos país­es e da Inter­na­tion­al Trade Union Con­fed­er­a­tion (ITUC), orga­ni­za­ção inter­na­cional de sindi­catos. O L20 surgiu em 2011, sob a presidên­cia france­sa do G20.

O20

A pre­ocu­pação com os oceanos é rep­re­sen­ta­da no G20 pelo Oceans 20 (O20). O fórum con­cen­tra as questões dos mares e pro­move debates e bus­ca de soluções cria­ti­vas à sus­tentabil­i­dade mar­in­ha e à uti­liza­ção sus­ten­táv­el de seus recur­sos. O grupo foi cri­a­do em 2022, durante a presidên­cia indonésia do G20.

P20

O Par­la­ment 20 (P20), cri­a­do em 2010, é lid­er­a­do pelos pres­i­dentes dos par­la­men­tos dos país­es do grupo. Visa envolver os par­la­men­tos para for­t­ale­cer a colab­o­ração glob­al e garan­tir a apli­cação práti­ca de acor­dos inter­na­cionais nos país­es-mem­bros.

Com a cres­cente e necessária par­tic­i­pação das mul­heres na políti­ca, pre­tende-se realizar, em 2024, uma reunião de par­la­mentares mul­heres no Brasil, com obje­ti­vo de apro­fun­dar as pau­tas de gênero, como fez a presidên­cia indi­ana.

S20

O Sci­ence 20 (S20) é o grupo de enga­ja­men­to para a área de ciên­cia e tec­nolo­gia. For­ma­do pelas acad­e­mias nacionais de ciên­cias dos país­es do G20, o grupo de enga­ja­men­to pro­move o diál­o­go entre a comu­nidade cien­tí­fi­ca e os for­mu­ladores de políti­cas.

No Brasil, a orga­ni­za­ção é respon­s­abil­i­dade da Acad­e­mia Brasileira de Ciên­cias (ABC), que definiu o lema Ciên­cia para a Trans­for­mação Mundi­al. O grupo foi cri­a­do em 2017. Tran­sição energéti­ca, inteligên­cia arti­fi­cial e equidade no aces­so à saúde são temas de destaque na edição brasileira.

SAI 20

O Supreme Audit Insti­tu­tions 20 (SAI20) desem­pen­ha papel cru­cial no for­t­alec­i­men­to da coop­er­ação entre as insti­tu­ições supe­ri­ores de Con­t­role (ISCs), em um com­pro­mis­so de pro­mover a transparên­cia, a respon­s­abil­i­dade e a eficá­cia na gov­er­nança glob­al. As ISCs desem­pen­ham papel fun­da­men­tal na fis­cal­iza­ção e audi­to­ria dos gas­tos públi­cos, garan­ti­n­do a transparên­cia e a respon­s­abil­i­dade dos gov­er­nos.

O grupo de enga­ja­men­to foi esta­b­ele­ci­do em agos­to de 2022, durante a presidên­cia indonésia do G20.

Startup 20

O Startup20 é um fórum que esta­b­elece diál­o­go aber­to entre as diver­sas partes inter­es­sadas no ecos­sis­tema de star­tups (peque­nas empre­sas ino­vado­ras com grande poten­cial de cresci­men­to) e tec­nolo­gia, bem como as peque­nas e médias empre­sas (PMEs), desta­can­do as pre­ocu­pações e desafios do setor aos líderes do G20.

O Startup20 é o mais novo grupo de enga­ja­men­to do G20, esta­b­ele­ci­do sob a presidên­cia da Índia, em 2023.

T20

Think Tanks 20 (T20) tem por obje­ti­vo prin­ci­pal pro­duzir, debater, con­sol­i­dar e apre­sen­tar ideias sobre como enfrentar os desafios atu­ais e emer­gentes que podem ser trata­dos pelo G20. O T20 reúne think tanks (insti­tu­tos de pesquisa) dos país­es-mem­bros e con­vi­da­dos.

O T20 difere de out­ros gru­pos de enga­ja­men­to por não abor­dar uma temáti­ca especí­fi­ca, mas por con­tribuir com diver­sas delas. O grupo foi ini­ci­a­do durante a presidên­cia mex­i­cana, em 2012.

Pesquisadores de insti­tu­ições brasileiras como a Fun­dação Getulio Var­gas (FGV), o Insti­tu­to de Pesquisa Econômi­ca Apli­ca­da (Ipea) e o Cen­tro Brasileiro de Relações Inter­na­cionais (CEBRI) par­tic­i­param ou con­tribuíram com o T20 des­de a origem do grupo.

U20

O Urban 20 (U20) é ini­cia­ti­va de diplo­ma­cia que con­gre­ga cidades dos país­es-mem­bros do G20, com o obje­ti­vo de pro­mover o debate e a artic­u­lação políti­ca de recomen­dações nas pau­tas de econo­mia, cli­ma e desen­volvi­men­to nes­sas cidades.

O U20 é per­ma­nen­te­mente con­vo­ca­do pelo Grupo C40 de Grandes Cidades (C40 Cities, em inglês), rede glob­al de prefeitos das prin­ci­pais cidades do mun­do que estão unidos em ações para enfrentar a crise climáti­ca.

Lança­do em 2017 em Paris, em 2024 o U20 será copre­si­di­do pelos municí­pios do Rio de Janeiro (cidade que rece­berá a reunião de cúpu­la, em novem­bro) e São Paulo, que realizarão dois encon­tros de prefeitos ao lon­go do ano.

W20

O Women 20 (W20) é um dos gru­pos de enga­ja­men­to for­ma­do por mul­heres de setores da acad­e­mia, do empreende­doris­mo e da sociedade civ­il. O obje­ti­vo é elab­o­rar recomen­dações para políti­cas públi­cas em prol do empodera­men­to econômi­co fem­i­ni­no.

O W20 foi con­ce­bido na Aus­trália em 2014 e ini­ciou ofi­cial­mente os tra­bal­hos em 2015, na Turquia. Em 2024, o grupo pre­tende con­stru­ir um mun­do jus­to, sus­ten­táv­el e com equidade de gênero.

Y20

O diál­o­go entre jovens dos país­es-mem­bros do G20 é uma pro­pos­ta do Youth 20 (Y20). Os futur­os líderes de nações e do mun­do têm a opor­tu­nidade de refle­tir sobre a agen­da pri­or­itária da juven­tude, influ­en­ciar debates e con­tribuir para a for­mu­lação de políti­cas públi­cas.

A primeira cúpu­la do Y20 foi esta­b­ele­ci­da em Van­cou­ver, no Canadá, em 2010, e segun­do a definição do G20, é dire­ciona­do a jovens de 18 a 30 anos.

Retomada diplomática

Para o pro­fes­sor de relações inter­na­cionais da Uni­ver­si­dade Fed­er­al Flu­mi­nense (UFF) Thomas Fer­di­nand Heye, a presidên­cia brasileira no G20 é uma for­ma de realçar o país nova­mente na are­na inter­na­cional.

“A importân­cia se ver­i­fi­ca no esforço da diplo­ma­cia brasileira atu­al em super­ar o perío­do recente que, ape­sar de cur­to, se orgul­ha­va de ter trans­for­ma­do o país em um pária na comu­nidade dos Esta­dos. Para super­ar a lamen­táv­el políti­ca exter­na do gov­er­no ante­ri­or [Jair Bol­sonaro, 2019–2022], ver­i­fi­ca-se o retorno da diplo­ma­cia pres­i­den­cial que, a exem­p­lo dos gov­er­nos de Fer­nan­do Hen­rique Car­doso [1995–2002], mar­cou os dois primeiros mandatos do pres­i­dente Lula [2003–2010]”, con­tex­tu­al­iza.

Williams Gonçalves, pro­fes­sor de relações inter­na­cionais da Uni­ver­si­dade do Esta­do do Rio de Janeiro (Uerj), apon­ta um trun­fo para o Brasil à frente do G20

“Não pode haver nen­hu­ma dis­cussão séria sobre meio ambi­ente sem a par­tic­i­pação do Brasil, ten­do em vista as nos­sas car­ac­terís­ti­cas geográ­fi­cas, a Amazô­nia etc. A mes­ma coisa é em relação à matriz energéti­ca. O Brasil tan­to é um grande pro­du­tor, um grande reser­vatório de petróleo, como é um país que usa difer­entes matrizes energéti­cas, como eóli­ca e hidrelétri­ca. Pelas nos­sas car­ac­terís­ti­cas, temos uma importân­cia muito grande”, afir­ma.

Representatividade

Na opinião do pro­fes­sor Thomas Fer­di­nand Heye, a pre­sença dos 13 gru­pos de enga­ja­men­to no G20 é de extrema importân­cia, pois amplia a rep­re­sen­ta­tivi­dade e a diver­si­dade de per­spec­ti­vas no proces­so de toma­da de decisões.

“Isso per­mite que o G20 abor­de não ape­nas questões econômi­cas e finan­ceiras, mas tam­bém temas soci­ais, ambi­en­tais e políti­cos, tor­nan­do suas delib­er­ações mais abrangentes e inclu­si­vas”, avalia.

Para Heye, ao con­sid­er­ar uma var­iedade de inter­ess­es e pre­ocu­pações da sociedade civ­il, do setor empre­sar­i­al, da juven­tude, das mul­heres, entre out­ros setores, os gru­pos de enga­ja­men­to enrique­cem as dis­cussões e con­tribuem para a for­mu­lação de políti­cas mais equi­li­bradas.

“Não só ampli­am a relevân­cia do G20 além das questões econômi­cas e finan­ceiras, mas tam­bém for­t­ale­cem sua legit­im­i­dade e capaci­dade de abor­dar desafios globais de for­ma mais inclu­si­va”, com­ple­ta.

G20

O G20 é com­pos­to por 19 país­es — África do Sul, Ale­man­ha, Arábia Sau­di­ta, Argenti­na, Aus­trália, Brasil, Canadá, Chi­na, Cor­eia do Sul, Esta­dos Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, Méx­i­co, Reino Unido, Rús­sia e Turquia — e dois órgãos region­ais, a União Africana e a União Europeia.

Os inte­grantes do grupo rep­re­sen­tam cer­ca de 85% da econo­mia mundi­al, mais de 75% do comér­cio glob­al e cer­ca de dois terços da pop­u­lação mundi­al.

Como pres­i­dente do G20, o Brasil tem o dire­ito de chamar out­ros país­es e enti­dades. Entre os con­vi­da­dos estão Ango­la, Bolívia, Egi­to, Emi­ra­dos Árabes Unidos, Espan­ha, Nigéria, Norue­ga, Paraguai, Por­tu­gal, Sin­ga­pu­ra e Uruguai. Em 2025, o G20 será pre­si­di­do pela África do Sul.

O pon­to máx­i­mo da presidên­cia brasileira será a reunião de chefes de Esta­do e de gov­er­nos, nos dias 18 e 19 de novem­bro, no Rio de Janeiro.

Edição: Graça Adju­to

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