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Baixada Fluminense abre neste mês 1º Festival Literário e Cultural

Repro­dução: © Juh Almei

Homenageadas na primeira edição serão apenas mulheres pretas


Pub­li­ca­do em 12/09/2023 — 06:15 Por Alana Gan­dra – Repórter da Agên­cia Brasil — Rio de Janeiro

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Com entra­da fran­quea­da ao públi­co, o 1°  (Flic) será aber­to na próx­i­ma sem­ana no Par­que Nat­ur­al Munic­i­pal do Gericinó, em Nilópo­lis. O obje­ti­vo é cel­e­brar a lit­er­atu­ra e a arte, reunin­do tal­en­tos locais e nacionais para com­par­til­har obras e expressões artís­ti­cas. O pro­je­to tem recur­sos de fomen­to do Min­istério da Cul­tura e é real­iza­do pelo Insti­tu­to Lati­noamer­i­ca, com pro­dução da ABÈBÈ Pro­duções.

O even­to  será aber­to ofi­cial­mente no dia 19 deste mês, às 9h, e com uma con­tação de história guia­da sobre Nilópo­lis como primeira ativi­dade. O even­to se esten­derá até o dia  24 deste mês, sem­pre das 8h30 às 18h. A pro­gra­mação pode ser con­sul­ta­da neste endereço.

A pro­du­to­ra exec­u­ti­va e coor­de­nado­ra de pro­gra­mação do fes­ti­val, Ester Bra­ga, infor­mou à Agên­cia Brasil que o obje­ti­vo do even­to é “dar luz à cadeia cria­ti­va e pro­du­ti­va da Baix­a­da Flu­mi­nense”. O even­to será em Nilópo­lis porque o municí­pio se encon­tra em uma região de forte expressão cul­tur­al. “Ali, no Par­que de Gericinó, habitavam índios tamoios. Com a col­o­niza­ção por­tugue­sa, ess­es índios foram expul­sos e ali se con­struíram fazen­das para as quais os fazen­deiros por­tugue­ses troux­er­am negros como escravos”. Ao lado do par­que, havia o Quilom­bo de Mesqui­ta, que era um mor­ro que sep­a­r­a­va as cidades de Nilópo­lis e Mesqui­ta. Os escravos fugiam para esse quilom­bo. “Essa região tem um con­tex­to cul­tur­al muito rico, muito forte e rep­re­sen­ta­ti­vo, porque fala dos nos­sos povos orig­inários e dos negros”, disse Ester.

Tias do samba

Por isso, o fes­ti­val pre­tende traz­er essa expressão cul­tur­al para o pal­co, com pro­tag­o­nis­mo dos artis­tas da Baix­a­da Flu­mi­nense e da cadeia pro­du­ti­va local. Ester lem­brou que o par­que é patrimônio ambi­en­tal da região e desta­cou a importân­cia de se usar um equipa­men­to públi­co para val­orizar a cul­tura e seus faze­dores. “A ideia é val­orizar e dar rep­re­sen­ta­tivi­dade à Baix­a­da. A cul­tura local será hom­e­nagea­da através dos ances­trais. Pen­samos em hom­e­nagear inclu­sive as tias das esco­las de sam­ba que são da Baix­a­da Flu­mi­nense”, adiantou.

O Espaço Expos­i­ti­vo tem o nome da escrito­ra Con­ceição Evaris­to, que par­tic­i­pará de uma roda de con­ver­sa no fes­ti­val no dia 24. No local, haverá um core­to para con­tação de histórias de hora em hora. Esse core­to lem­brará a Tia Nadir, da Bei­ja Flor, a baiana mais anti­ga da esco­la, já fale­ci­da. No Espaço Kid, com ofic­i­nas infan­tis, cria­ti­vas e ref­er­entes à pro­dução cul­tur­al e de negó­cios, a madrin­ha é Tia Nil­da, da Moci­dade Inde­pen­dente de Padre Miguel, que estará na cer­imô­nia de aber­tu­ra, no dia 19. O Espaço Mul­ti­cul­tur­al, que abri­gará palestras e rodas de con­ver­sa, recebe o nome da já fale­ci­da Tia Celu­ta, da Portela, e o Pal­co Prin­ci­pal se chamará Tia Cia­ta, que é a grande matri­ar­ca do sam­ba. “Esta­mos em um ter­ritório onde o sam­ba é rev­er­en­ci­a­do. E o sam­ba é o nos­so ances­tral”, afir­mou Ester Bra­ga. A patrona é a escrito­ra e poet­i­sa Elisa Lucin­da.

Todos os hom­e­nagea­d­os na primeira edição do Flic são mul­heres. “E mul­heres pre­tas. Porque, através do lega­do delas, se con­stru­iu a história cul­tur­al dessa região”, disse Ester Bra­ga. No Espaço Expos­i­ti­vo, haverá um estande para autores inde­pen­dentes, que poderão expor seus livros, vendê-los e efe­t­u­ar lança­men­tos. Todos os 22 estandes são doa­d­os. Par­tic­i­pam edi­toras negras, como a Malês e a Kitabu. A Edi­to­ra Eldo­ra­do levará ape­nas escritores indí­ge­nas.

A curado­ria do fes­ti­val é de Tia­go Car­doso, ator, dire­tor e pro­fes­sor nasci­do e cri­a­do na Baix­a­da Flu­mi­nense.

Mais de 90% da pro­gra­mação ficará a car­go de artis­tas da Baix­a­da. Serão 16 palestras, 18 ofic­i­nas e 20 rodas de con­ver­sa. Haverá tam­bém apre­sen­tações teatrais e musi­cais, além de dança. Todos os dias, às 8h30, haverá uma con­tação de história guia­da, que se repete às 13h30. No dia 19, às 15h, haverá apre­sen­tação espe­cial para alunos das esco­las públi­cas da Baix­a­da.

O Flic é aber­to, todos os dias, para vis­i­tação de cri­anças, reforçou Ester Bra­ga. O edu­cador Renan Inquéri­to fará, na ocasião, o espetácu­lo ABRAKBÇA, exclu­si­vo para as esco­las estad­u­ais e munic­i­pais da região, no qual con­tará a história do rap e a importân­cia dessa lin­guagem na cul­tura, ligando‑a com a edu­cação e a leitu­ra. A expec­ta­ti­va é que 3 mil cri­anças assis­tam a esse espetácu­lo, no pal­co exter­no.

Na cer­imô­nia de aber­tu­ra do fes­ti­val haverá ain­da um corte­jo que fará hom­e­nagem sim­bóli­ca ao pas­sa­do históri­co do Par­que Nat­ur­al Munic­i­pal do Gericinó. Com­pos­to por cer­ca de 100 pes­soas, entre indí­ge­nas, negros e europeus, o corte­jo virá acom­pan­hado de atabaques, rodas de capoeira e mães de san­to, pedin­do licença e per­mis­são para ini­ciar o fes­ti­val. A solenidade está sendo prepara­da pela Sec­re­taria Munic­i­pal de Cul­tura de Nilópo­lis.

Edição: Nádia Fran­co

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