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Banco do Brasil pede perdão ao povo negro por papel durante escravidão

Repro­dução: © Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

Banco também anuncia ações para promover a igualdade étnico-racial


Pub­li­ca­do em 18/11/2023 — 15:10 Por Daniel­la Almei­da — Repórter da Agên­cia Brasil — Brasília

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O Ban­co do Brasil (BB) pediu, na man­hã deste sába­do (18), perdão ao povo negro pelas gestões ante­ri­ores da insti­tu­ição por par­tic­i­pação no proces­so de escravidão de pes­soas negras, durante o sécu­lo XIX, no país. O pedi­do de perdão da atu­al gestão foi divul­ga­do, hoje, no site da empre­sa.

O ban­co fun­da­do em 1808, tem, pela primeira vez, uma mul­her negra em sua presidên­cia, a fun­cionária de car­reira Tar­ciana Medeiros. Na nota, a pres­i­dente do Ban­co do Brasil diz que “dire­ta ou indi­re­ta­mente, toda a sociedade brasileira dev­e­ria pedir des­cul­pas ao povo negro por algum tipo de par­tic­i­pação naque­le momen­to triste da história [escravidão].”

“Neste con­tex­to, o Ban­co do Brasil de hoje pede perdão ao povo negro pelas suas ver­sões pre­de­ces­so­ras e tra­bal­ha inten­sa­mente para enfrentar o racis­mo estru­tur­al no país. O BB não se fur­ta a apro­fun­dar o con­hec­i­men­to e encar­ar a real história das ver­sões ante­ri­ores da empre­sa” afir­mou a pres­i­dente do Ban­co do Brasil, Tar­ciana Medeiros.

Em setem­bro, o Min­istério Públi­co Fed­er­al instau­rou inquéri­to para inves­ti­gar a relação entre a insti­tu­ição e o trá­fi­co de pes­soas negras escrav­izadas no sécu­lo XIX. O órgão pediu, na ocasião, um posi­ciona­men­to do ban­co a respeito do assun­to.

Dados apon­ta­dos por his­to­ri­adores indicam que a insti­tu­ição se valeu de recur­sos como a arrecadação de impos­tos sobre embar­cações ded­i­cadas ao trá­fi­co de pes­soas escrav­izadas e desta­cam que o cap­i­tal para a for­mação do ban­co prov­in­ha da econo­mia da época, que tin­ha na escravidão e no comér­cio negreiro um papel cen­tral.

Já em novem­bro, o Ban­co do Brasil rece­beu um estu­do que indi­cou envolvi­men­to da empre­sa no comér­cio de negros escrav­iza­dos durante o sécu­lo XIX. O doc­u­men­to elab­o­ra­do por 14 pesquisadores de uni­ver­si­dades brasileiras e amer­i­canas faz parte do inquéri­to do Min­istério Públi­co.

Os pesquisadores apon­taram haver “vín­cu­los dire­tos entre traf­i­cantes e o cap­i­tal dire­ta­mente investi­do em ações do Ban­co do Brasil”. Além dis­so, acres­cen­taram que “a insti­tu­ição tam­bém se favore­ceu da dinâmi­ca de cir­cu­lação de crédi­to las­trea­da na pro­priedade escra­va que imper­ou ao lon­go de toda a primeira metade do sécu­lo XIX”.

O pedi­do de perdão do Ban­co do Ban­co ocorre jun­to com o anún­cio da adoção de um con­jun­to de novas medi­das, que, de acor­do com a insti­tu­ição, tem o obje­ti­vo de pro­mover a igual­dade e a inclusão étni­co-racial e de com­bat­er o racis­mo estru­tur­al no país. O BB que espera que as novas medi­das impactem pos­i­ti­va­mente na relação com clientes, fun­cionários, fornece­dores, demais par­ceiros estratégi­cos da empre­sa e toda a sociedade.

A empre­sa con­sid­era que a diver­si­dade em sua base e que a mes­ma tem ele­va­do poten­cial de inclusão finan­ceira e ger­ação de tra­bal­ho e ren­da, tam­bém para pre­tos e par­dos. “O sim­ples fato de ser­mos uma insti­tu­ição da atu­al­i­dade nos move a realizar ativi­dades vol­un­tárias com o com­pro­mis­so públi­co e com metas conc­re­tas para com­bat­er a desigual­dade étni­co-racial e bus­car por justiça social no âmbito de uma sociedade que guar­da seque­las da escravidão, inde­pen­den­te­mente de exi­s­tir ou não qual­quer conexão, ain­da que indi­re­ta, entre ativi­dades de suas out­ras ver­sões e escrav­izadores do sécu­lo XIX”, enfa­ti­zou Tar­ciana Medeiros.

Para a pres­i­dente do Ban­co do Brasil, boas práti­cas podem ser con­struí­das de for­ma artic­u­la­da com diál­o­go aber­to com movi­men­tos negros e out­ras insti­tu­ições públi­cas e pri­vadas. “As seque­las da escra­vatu­ra con­vo­cam todos os atores soci­ais con­tem­porâ­neos a agir para a pro­moção da igual­dade étni­co-racial, a con­tribuir por meio de ações conc­re­tas, como as que o BB já desen­volve de modo pio­neiro, vol­un­tário e desta­ca­do.

O Ban­co do Brasil fez, faz a fará muito pela diver­si­dade e desen­volvi­men­to social e econômi­co em nos­sa sociedade. Para nós, Raça é pri­or­i­dade, sim!”, enfa­ti­za Tar­ciana

O Ban­co do Brasil, con­sti­tuí­do na for­ma de sociedade de econo­mia mista, con­ta com a par­tic­i­pação acionária do gov­er­no fed­er­al em 50% des­ta sociedade anôn­i­ma. Por isso, o BB é con­sid­er­a­do um dos cin­co ban­cos públi­cos fed­erais, ao lado da Caixa Econômi­ca Fed­er­al, do Ban­co Nacional de Desen­volvi­men­to Econômi­co e Social (BNDES), Ban­co da Amazô­nia (Basa) e o Ban­co do Nordeste (BNB).

Ações

Entre as ações anun­ci­adas pelo Ban­co do Brasil para a pro­moção de inclusão racial e do com­bate ao racis­mo estru­tur­al no país, estão:

- Fomen­to ao mer­ca­do de tra­bal­ho para o povo negro, com a inclusão de uma cláusu­la nos con­tratos com fornece­dores do Ban­co do Brasil, a par­tir de novas lic­i­tações, que pro­mo­va a diver­si­dade, equidade e inclusão nos quadros de pes­soal dessas empre­sas;

- O Ban­co do Brasil tam­bém fará parce­ria para encam­in­har jovens que par­tic­i­param do pro­gra­ma Menor Apren­diz do BB para o mer­ca­do de tra­bal­ho;

- Lança­men­to neste mês do edi­tal de Empodera­men­to Socioe­conômi­co de Mul­heres Negras, do entre o BB e o Min­istério da Igual­dade Racial, para apoiar o for­t­alec­i­men­to insti­tu­cional de orga­ni­za­ções soci­ais e empreendi­men­tos econômi­cos solidários urbanos e rurais de mul­heres negras;

- Real­iza­ção em dezem­bro próx­i­mo do “MBM Ino­va­hack”, do Movi­men­to Black Mon­ey, com a par­tic­i­pação do Ban­co do Brasil, com o obje­ti­vo de pro­mover a inclusão finan­ceira e econômi­ca da pop­u­lação negra, por meio de soluções tec­nológ­i­cas con­sid­er­adas ino­vado­ras;

- Inter­na­mente, o pro­gra­ma “Raça é Pri­or­i­dade” da empre­sa vai sele­cionar e desen­volver a car­reira de até 150 fun­cionários pre­tos e par­dos do Ban­co do Brasil, com poten­cial para atu­ar como líderes na empre­sa, mas, que atual­mente ocu­pam out­ras funções;

- Real­iza­ção de um work­shop sobre a pro­moção da diver­si­dade, equidade e inclusão com estatais e fornece­dores do ban­co.

Para acom­pan­har as novas medi­das anun­ci­adas, o Ban­co do Brasil criou um site que tra­ta da con­strução de um futuro mais diver­so,  inclu­si­vo, equi­tati­vo e jus­to, em todos os con­tex­tos e para todos. A pági­na eletrôni­ca trará atu­al­iza­ções de novas medi­das que pos­sam ser anun­ci­adas pelo ban­co.

Edição: Aécio Ama­do

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