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BC alerta sobre aumento de golpes no Sistema de Valores a Receber

Repro­dução: © Mar­cel­lo Casal Jr/Agência Brasil/Agência Brasil

Instituição detecta pico de denúncias de fraude desde fim de dezembro


Pub­li­ca­do em 27/01/2024 — 13:58 Por Well­ton Máx­i­mo – Repórter da Agên­cia Brasil — Brasília

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A promes­sa de reaver um din­heiro esque­ci­do há vários anos aca­ba em pre­juí­zo para cada vez mais brasileiros. O Ban­co Cen­tral (BC) aler­ta sobre o aumen­to de ten­ta­ti­vas de golpe no Sis­tema de Val­ores a Rece­ber (SVR) des­de o fim do ano pas­sa­do.

Segun­do o chefe do Depar­ta­men­to de Atendi­men­to de Insti­tu­cional do BC, Car­los Eduar­do Gomes, a tec­nolo­gia dos golpis­tas varia, mas o pro­ced­i­men­to não varia muito. Crim­i­nosos sim­u­lam con­sul­tas em fal­sos sites e aplica­tivos fora do ambi­ente da autori­dade mon­etária. A fal­sa con­sul­ta resul­ta em val­ores altos, entre R$ 1 mil e R$ 3 mil, a rece­ber.

Em segui­da, os frau­dadores ori­en­tam o usuário a clicar em um link fal­so e a pagar entre R$ 45 e R$ 90 para lib­er­arem o supos­to val­or esque­ci­do. Após o paga­men­to, os crim­i­nosos nun­ca mais entram em con­ta­to, e a víti­ma perde o din­heiro. “Uma trans­fer­ên­cia de menos de R$ 100 não é muito, mas pode provo­car pre­juí­zos con­sid­eráveis para quem gan­ha pouco”, diz Gomes.

O Ban­co Cen­tral não forneceu estatís­ti­cas. Ape­nas infor­mou que o vol­ume de denún­cias nos canais de atendi­men­to do BC – Sis­tema Fale Conosco e tele­fone 145 – aumen­tou con­sid­er­av­el­mente nas últi­mas sem­anas, com um pico entre a últi­ma sem­ana de dezem­bro e a segun­da sem­ana de janeiro.

“Às vezes, os golpes são mais ou menos fre­quentes, depen­den­do da época, mas temos perce­bido um cresci­men­to de fraudes des­de o fim do ano pas­sa­do no Sis­tema de Val­ores a Rece­ber”, con­sta­ta o chefe de depar­ta­men­to do BC.

Modernização

As tec­nolo­gias estão evoluin­do, ressalta Gomes. O envio de fal­sos e‑mails ain­da existe, mas os crim­i­nosos tam­bém usam fal­sas men­sagens de What­sApp com supostas con­sul­tas “facil­i­tadas” de val­ores a rece­ber.

Nos últi­mos meses, no entan­to, o BC tem reg­istra­do o uso de vídeos feitos com inteligên­cia arti­fi­cial com fal­sos depoi­men­tos de cele­bri­dades ou de autori­dades públi­cas. Os vídeos recomen­dam links ou aplica­tivos não lig­a­dos ao Ban­co Cen­tral com con­sul­tas frau­dadas.

No fim de novem­bro, o BC lançou um aler­ta con­tra fal­sos aplica­tivos de val­ores a rece­ber.

Engenharia social

Ape­sar do esclarec­i­men­to, Gomes ressalta que os sis­temas de segu­rança da autori­dade mon­etária e dos ban­cos não são vio­la­dos. “O que acon­tece é que os crim­i­nosos dire­cionam as pes­soas para sites ou ambi­entes fal­sos, a maio­r­ia do Leste Europeu. O val­or a rece­ber está preser­va­do no sis­tema finan­ceiro”, expli­ca.

Segun­do Gomes, quase todos os casos de fraude uti­lizam téc­ni­cas de engen­haria social em que a própria víti­ma fornece dados aos crim­i­nosos. “Quan­tas vezes deix­am­os doc­u­men­tos à mostra ou entreg­amos cartões bancários sem ver o que o aten­dente faz com ele? Nós somos os primeiros guardiões das nos­sas infor­mações. Se elas caem em mãos erradas, é só questão de tem­po para levar golpe”, adverte.

No caso dos val­ores a rece­ber, Gomes esclarece que a con­sul­ta é fei­ta exclu­si­va­mente na pági­na do Ban­co Cen­tral na inter­net e que o sis­tema tem duas camadas de segu­rança. Caso a con­sul­ta dig­i­tan­do o Cadas­tro de Pes­soas Físi­cas (CPF) con­state a existên­cia de recur­sos esque­ci­dos no sis­tema finan­ceiro, as demais infor­mações, como val­or, origem e insti­tu­ição em que o din­heiro está, só podem ser aces­sadas com con­ta nív­el pra­ta ou ouro no Por­tal Gov.br.

Orientações

Emb­o­ra nem sem­pre seja pos­sív­el reaver o din­heiro, o Ban­co Cen­tral ori­en­ta o con­sum­i­dor a procu­rar o ban­co ou a oper­ado­ra do cartão de crédi­to para denun­ciar o golpe e pedir o estorno do val­or. Isso se a trans­fer­ên­cia não tiv­er sido fei­ta por Pix, em que as transações são instan­tâneas, e a recu­per­ação do din­heiro, prati­ca­mente impos­sív­el.

No caso de aplica­tivos fal­sos, o BC tam­bém recomen­da o reg­istro de uma recla­mação con­tra a empre­sa desen­volve­do­ra da fer­ra­men­ta no Pro­con local. Caso o golpe ten­ha se con­cretiza­do, a autori­dade mon­etária ori­en­ta a víti­ma a ir a uma del­e­ga­cia. “Em algu­mas situ­ações, ori­en­ta­mos a pes­soa a reg­is­trar bole­tim de ocor­rên­cia. A polí­cia pre­cisa da infor­mação para pegar os frau­dadores”, desta­ca Gomes.

Con­forme as estatís­ti­cas mais recentes do BC, os brasileiros ain­da não tin­ham saca­do R$ 7,51 bil­hões do Sis­tema de Val­ores a Rece­ber até o fim de novem­bro. “O golpista age em cima do alto val­or não reti­ra­do. Ele não sabe se a pes­soa tem din­heiro, mas vende uma infor­mação fal­sa. Diante da pos­si­bil­i­dade de rece­ber um din­heiro que não espera, o cor­ren­tista paga a ter­ceiros”, expli­ca Gomes.

“Na ver­dade, este é o golpe mais vel­ho do mun­do, apre­sen­ta­do de uma for­ma nova. Quem não se lem­bra do golpe do bil­hete pre­mi­a­do? O crim­i­noso ale­ga­va que não con­seguia sacar um supos­to prêmio de lote­ria e ven­dia o bil­hete a uma pes­soa que lev­a­va algum tem­po para desco­brir que, na ver­dade, tin­ha per­di­do din­heiro”, resume o fun­cionário do BC.

Edição: Nádia Fran­co

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