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Bem Viver é o tema do Festival Latinidades 2023

Repro­dução: © Latinidades

Conceito propõe cuidado com as pessoas e com o meio ambiente


Pub­li­ca­do em 03/07/2023 — 07:32 Por Suma­ia Vil­lela — Repórter da Radioagên­cia Nacional — Brasília

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Um con­ceito que inverte a lóg­i­ca atu­al de fun­ciona­men­to do mun­do e das econo­mias. No lugar de lucro e desen­volvi­men­to a todo cus­to, o cuida­do com as pes­soas e o meio ambi­ente. Isso é o que rep­re­sen­ta a ideia do Bem Viv­er, uma tec­nolo­gia social vin­da dos povos andi­nos, que já influ­en­ciou políti­cas públi­cas em país­es como Equador e Bolívia, e que foi difun­di­do no Brasil com a Mar­cha das Mul­heres Negras.

Bem Viv­er é o tema deste ano do Fes­ti­val Latinidades, que chega à sua 16ª edição como espaço de artic­u­lação políti­ca e cul­tur­al em torno do 25 de jul­ho, Dia Inter­na­cional da Mul­her Negra Lati­no-Amer­i­cana e Cariben­ha.

O even­to é real­iza­do no mês de jul­ho em Brasília e, pela primeira vez, tam­bém no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Sal­vador. A ide­al­izado­ra e dire­to­ra do fes­ti­val, Jaque­line Fer­nan­des, expli­ca a escol­ha do tema e como ele é trata­do na pro­gra­mação.

“Ele vem mar­can­do uma posição que é opos­ta ao que a gente vive hoje no sis­tema cap­i­tal­ista, que é o desen­volvi­men­tismo, uma explo­ração desme­di­da da natureza, dos seres humanos. E a gente está dis­cutin­do isso no Latinidades sobre várias per­spec­ti­vas. O que é o Bem Viv­er do pon­to de vista de aces­so à políti­ca públi­ca, à reparação, ao cuida­do, ao autocuida­do”.

Debates

Entre os temas a serem dis­cu­ti­dos, estão vio­lên­cia, for­mação de líderes políti­cas, ensi­no supe­ri­or, antiproibi­cionis­mo e sex­u­al­i­dade.

Um dos debates traz o con­ceito da “macro­econo­mia da igual­dade”. Mul­heres negras que atu­am como pio­neiras em suas áreas foram con­vi­dadas.

Uma delas é a Car­ol San­tos, fun­dado­ra do Edu­ca +, orga­ni­za­ção que tra­bal­ha com alfa­bet­i­za­ção de jovens no Com­plexo do Cha­padão, no Rio de Janeiro. Ela tam­bém uti­liza esse espaço para abor­dar tec­nolo­gias que nor­mal­mente ficam restri­tas a gru­pos de maior poder aquis­i­ti­vo e for­ma­do por pes­soas bran­cas. É o caso do blockchain, uma fer­ra­men­ta de pon­ta que reg­is­tra transações proces­sadas em um deter­mi­na­do sis­tema.

Car­ol defende que, para con­stru­ir um ecos­sis­tema que faça mais sen­ti­do para a sociedade, é necessário incluir pes­soas diver­sas nes­sa con­strução, sejam mais mul­heres, pes­soas negras ou pes­soas de per­ife­ria. “Ago­ra a gente foi inun­da­do por infor­mações rela­cionadas à inteligên­cia arti­fi­cial. E o que a gente faz com isso? A gente fica pas­si­vo, olhan­do as pes­soas desen­volverem e a gente só con­sumir, ou eu vou con­stru­ir pro­du­tos e serviços e vou faz­er parte dessa con­strução de maneira sig­ni­fica­ti­va?”, exem­pli­fi­ca.

O Latinidades tam­bém con­ta com shows e ofic­i­nas, como a de pro­dução de ban­das. E é, sobre­tu­do, um espaço de artic­u­lação políti­ca. O even­to é uma con­tinuidade do tra­bal­ho que deu origem ao 25 de jul­ho: o 1º Encon­tro de Mul­heres Afro-lati­no-amer­i­canas e Afro-Cariben­has, real­iza­do em 1992.

“Elas [par­tic­i­pantes do encon­tro da déca­da de 1990] se comu­ni­cavam por car­tas. Não tin­ha e‑mail ou out­ras maneiras de faz­er isso mais fácil, como a gente faz hoje, então elas fiz­er­am um grande esforço para se encon­trarem e para, a par­tir dali, com­preen­der que a cri­ação de uma data era um mar­co políti­co. O que a gente faz é sim­ples­mente dar con­tinuidade a essa luta. E todo esse movi­men­to que a gente faz a par­tir da cul­tura, com certeza, é políti­co”, relem­bra Jaque­line Fer­nan­des.

pro­gra­mação é inteira­mente gra­tui­ta, mas é pre­ciso reti­rar o ingres­so para cada ativi­dade no site do Latinidades. Jaque­line Fer­nan­des, dire­to­ra do fes­ti­val, ressalta que o even­to, feito e ide­al­iza­do por mul­heres negras, é aber­to a todos.

“O que a gente está fazen­do é cri­ar um fes­ti­val onde as mul­heres negras são pro­tag­o­nistas. Nos espaços de fala, de decisão, de curado­ria, de pro­dução, somos todas mul­heres negras. Pes­soas não negras são total­mente bem-vin­das como públi­co, e con­stru­in­do, e evoluin­do com a gente nes­sa luta antir­racista. É um fes­ti­val de mul­heres negras para toda a sociedade”, con­vi­da.

Empre­sa Brasil de Comu­ni­cação (EBC) apoia o Fes­ti­val Latinidades em 2023. Con­fi­ra a pro­gra­mação com­ple­ta no site do even­to.

Edição: Cami­la Maciel

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