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Bia Ferreira quer ouro em Paris para se despedir do boxe olímpico

Repro­dução: © IBA Boxing/Divulgação

Bicampeã mundial vai se dedicar exclusivamente às lutas profissionais


Pub­li­ca­do em 01/04/2023 — 10:00 Por Lin­coln Chaves — Repórter da EBC — São Paulo

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bicam­pe­ona­to mundi­al con­quis­ta­do no últi­mo domin­go (26), em Nova Del­hi (Índia), mostrou que Beat­riz Fer­reira está deter­mi­na­da a se des­pedir do boxe olímpi­co por cima. Os Jogos Olímpi­cos de Paris (França), em 2024, serão os últi­mos da pugilista. Ela pas­sará a se dedicar exclu­si­va­mente às lutas profis­sion­ais, que começou a dis­putar em novem­bro do ano pas­sa­do. Em dois com­bat­es, foram duas vitórias.

“Con­segui os títu­los sul-amer­i­cano, pan-amer­i­cano, mundi­al e con­ti­nen­tal. Achei que [a Olimpía­da de] Tóquio [Japão] seria min­ha aposen­ta­do­ria [do boxe olímpi­co], com a medal­ha de pra­ta, mas fiquei com um gostin­ho de quero mais, saben­do que pos­so tro­car a cor dela pelo ouro. Paris é logo ali”, afir­mou Bia, dias antes de via­jar à Índia.

Migrar para o boxe profis­sion­al, que é finan­ceira­mente mais inter­es­sante, foi o cam­in­ho tril­ha­do por out­ros brasileiros medal­his­tas olímpi­cos, como Rob­son Con­ceição, Hebert Con­ceição, Esqui­va Fal­cão, Yam­aguchi Fal­cão e Adri­ana Araújo. Bia, porém, é a primeira deles a levar — ain­da que por pouco tem­po — as duas car­reiras de for­ma simultânea. A par­tic­i­pação dos pugilis­tas profis­sion­ais nos Jogos — his­tori­ca­mente proibi­da — foi lib­er­a­da a par­tir da edição de 2016, no Rio de Janeiro.

Ape­sar de ser o mes­mo esporte, há difer­enças. No boxe profis­sion­al, as lutas são mais exten­sas, com até 12 rounds e par­tic­i­pação de três juízes. No olímpi­co, são três assaltos e cin­co árbi­tros.

“São treinos difer­entes, tem­pos [de luta] difer­entes. [No profis­sion­al] A gente não usa pro­te­tor de cabeça, então muda bas­tante. Estou fazen­do essa adap­tação e me dan­do bem, porque meu esti­lo já é bem agres­si­vo. Estou gostan­do bas­tante, a preparação, a entra­da para a luta, é uma sen­sação bem difer­ente. Sei que é meu últi­mo ciclo olímpi­co, quero final­izá-lo com chave de ouro, mas já ten­do algo cer­to, que é o [boxe] profis­sion­al”, expli­cou a pugilista de 30 anos.

No sangue

Bia começou a dis­putar torneios inter­na­cionais somente em 2017, mas vive o boxe des­de a infân­cia. Nat­ur­al de Sal­vador e rad­i­ca­da em Juiz de Fora (MG), ela é fil­ha do campeão brasileiro Raimun­do Fer­reira, o Sergipe. A paixão pelo esporte veio nat­u­ral­mente, acom­pan­han­do o pai nos treinos. Demor­ou, porém, para trans­for­mar o sen­ti­men­to em car­reira.

“Eu sem­pre digo que o começo é super difí­cil. Tra­bal­hei de várias coisas. Cuidei de cri­ança, tra­bal­hei em fábri­ca de meia e come­cei a dar aulas de boxe. Que­ria con­tin­uar treinan­do e pre­cisa­va com­prar equipa­men­tos. Nun­ca fui de ficar esperan­do meu pai ou min­ha mãe me darem aqui­lo, porque sabia que eles tam­bém tra­bal­havam duro para ter o deles. Os meus alunos começaram a lutar antes de mim. Foi quan­do perce­bi que esta­va fal­tan­do algu­ma coisa”, recor­dou a baiana.

Bia Ferreira - boxe profissional
Reprodução:Em novem­bro pas­sa­do, Bia Fer­reira obteve a primeira vitória no boxe profis­sion­al ao der­ro­tar a com­pa­tri­o­ta Tayn­na Car­doso, por pon­tos, em Cleve­land (Esta­dos Unidos) — Divulgação/ Match­room Box­ing

A primeira com­petição nacional de Bia foi o Campe­ona­to Brasileiro, em 2015. A pugilista, no entan­to, foi expul­sa do torneio após adver­sárias desco­brirem que ela tam­bém treina­va muay thai e a denun­cia­rem. A Asso­ci­ação Inter­na­cional de Boxe Amador (Aiba) não per­mi­tia que os atle­tas prat­i­cas­sem out­ra modal­i­dade. A baiana acabou sus­pen­sa por dois anos. A vol­ta aos ringues se deu em 2016, aux­il­ian­do a preparação da con­ter­rânea Adri­ana Araújo à Olimpía­da do Rio.

Após o megaeven­to na cap­i­tal flu­mi­nense, Bia assum­iu a vaga deix­a­da por Adri­ana na cat­e­go­ria até 60 qui­los e alcançou feitos históri­cos. Em 2019, foi dela o ouro pio­neiro de uma brasileira em Jogos Pan-Amer­i­canos, na edição de Lima (Peru). Em Tóquio, há dois anos, lev­ou o boxe fem­i­ni­no do Brasil a uma inédi­ta final olímpi­ca. Ago­ra, em Nova Del­hi, tornou-se a primeira luta­do­ra do país a emplacar três finais seguidas em um Mundi­al — e a gan­har duas delas.

Legado

Tais con­quis­tas colo­caram Bia em um sele­to grupo de mul­heres históri­c­as do esporte brasileiro, como Maria Esther Bueno (tênis), Rafaela Sil­va, Sarah Menezes, Mayra Aguiar (as três do judô), Poliana Oki­mo­to, Ana Marcela Cun­ha (ambas da mara­tona aquáti­ca), Rebe­ca Andrade, Daiane dos San­tos (ginás­ti­ca artís­ti­ca), Jaque­line Sil­va e San­dra Pires (as duas do vôlei de pra­ia), entre out­ras. Próx­i­ma do adeus ao boxe olímpi­co, a baiana espera ter aber­to por­tas para uma nova ger­ação de pugilis­tas.

“Dese­jo que as meni­nas que gostam do esporte, queiram ser campeãs, insis­tam, per­sis­tam. Claro que se os pais apoiarem, o cam­in­ho fica mais fácil. Graças a Deus, tive apoio da min­ha família. Vale muito a pena. É uma opor­tu­nidade imen­sa de você mudar de vida, con­hecer o país e o mun­do inteiro, fazen­do o que você ama. Estou muito feliz de faz­er parte dessa história, influ­en­cian­do out­ras meni­nas. A mul­her pode praticar boxe, faz­er o que ela quis­er. É quer­er, ter força de von­tade, dis­ci­plina e avançar”, con­cluiu Bia.

Edição: Cláu­dia Soares Rodrigues

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