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Bioma amazônico tem 30 a 40 mil espécies só de plantas, mostra estudo

Repro­dução: © Marce­lo Camargo/Agência Brasil

Trabalho divulgado hoje mapeia pesquisas científicas na região


Pub­li­ca­do em 08/07/2022 — 07:20 Por Mar­i­ana Tokar­nia – Repórter da Agên­cia Brasil — Rio de Janeiro

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Açaí, tucumã e buri­ti são os insumos da Amazô­nia que mais apare­ce­r­am em estu­dos cien­tí­fi­cos pub­li­ca­dos de 2017 a 2021 por insti­tu­ições de pesquisa brasileiras sobre matérias-pri­mas da região. Os estu­dos foram mapea­d­os na pub­li­cação Bioe­cono­mia amazôni­ca: uma nave­g­ação pelas fron­teiras cien­tí­fi­cas e poten­ci­ais de ino­vação, divul­ga­da hoje (8).

O lev­an­ta­men­to foi coor­de­na­do pela World-Trans­form­ing Tech­nolo­gies (WTT), com a par­tic­i­pação da Agên­cia Bori, e mapeou 1.070 arti­gos cien­tí­fi­cos pub­li­ca­dos nos últi­mos cin­co anos na base inter­na­cional de per­iódi­cos Web of Sci­ence. As áreas mais pesquisadas são ciên­cia das plan­tas, ciên­cias ambi­en­tais, ciên­cia e tec­nolo­gia de ali­men­tos, ecolo­gia, bio­quími­ca e biolo­gia mol­e­c­u­lar.

“A gente pre­cisa dar vis­i­bil­i­dade à ciên­cia fei­ta na Amazô­nia e sobre a Amazô­nia. Há mui­ta pesquisa sobre os ativos da bio­di­ver­si­dade que têm o poten­cial de resolver prob­le­mas impor­tantes da sociedade, como trata­men­to de câncer, trata­men­to para pre­venção de infecção com mer­cúrio, bio­ma­te­ri­ais, bio­plás­ti­co. Há mui­ta coisa inter­es­sante sendo pesquisa­da que pode, de fato, virar tec­nolo­gia, solução para prob­le­mas da sociedade”, diz o ide­al­izador do estu­do e ger­ente de oper­ações da WTT, Andre Wongtschows­ki.

O bio­ma amazôni­co é con­ti­nen­tal, ocu­pa quase metade do ter­ritório do país, é com­par­til­ha­do por país­es viz­in­hos como Colôm­bia e Peru e se desta­ca como ter­ritório de megabio­di­ver­si­dade. Con­forme ressalta a pub­li­cação, o número total de espé­cies de ani­mais e plan­tas ain­da não é con­heci­do, mas esti­ma-se que exis­tam pelo menos de 30 a 40 mil espé­cies ape­nas de plan­tas.

Insumos mais citados

A par­tir do mapea­men­to dos 1.070 arti­gos cien­tí­fi­cos, foram anal­isa­dos 621 estu­dos, que seguem critérios de ger­ação de novos con­hec­i­men­tos e pos­síveis ino­vações a par­tir da socio­bio­di­ver­si­dade amazôni­ca. Entre eles, 11 insumos apare­cem em prati­ca­mente uma a cada três pesquisas: açaí, tucumã, buri­ti, piper, ani­ba, cas­tan­ha do Brasil, andiro­ba, cupuaçu, lip­pia, guaraná e baca­ba.

As pesquisas são vari­adas. Nelas, os insumos são usa­dos, por exem­p­lo, para supressão tumoral de célu­las de câncer de ovário, agente sen­si­bi­lizador para ter­apia fotod­inâmi­ca de câncer e como agente em com­bate a doenças infec­ciosas. As pesquisas tra­bal­ham tam­bém com a val­i­dação cien­tí­fi­ca da uti­liza­ção de insumos tradi­cional­mente empre­ga­dos na med­i­c­i­na pop­u­lar no trata­men­to de ane­mia, diar­reia, malária, dores, infla­mações, hepatite e doenças renais, dadas as ativi­dades anti-infla­matória e antidiar­re­ica, entre out­ras.

A apli­cação pode ser fei­ta tam­bém em diver­sas ativi­dades indus­tri­ais, como pro­du­tos arte­sanais, fab­ri­cação de teci­dos, fios e redes de pesca, mate­ri­ais cimen­tí­cios para con­struções sus­ten­táveis, filmes biode­gradáveis.

“Temos que dar vis­i­bil­i­dade a essas pesquisas promis­so­ras, para que elas saiam das prateleiras, saiam do papel e, de fato, se trans­formem em soluções para prob­le­mas impor­tantes”, defende Wongtschows­ki.

Política nacional de inovação

Segun­do o pesquisador, é necessária uma políti­ca nacional de ino­vação que esta­beleça grandes obje­tivos a par­tir dos desafios do Brasil, que pre­cisam ser resolvi­dos com a ciên­cia. Nas soluções, é pre­ciso enga­jar a comu­nidade cien­tí­fi­ca, empre­sas, gov­er­nos, orga­ni­za­ções não gov­er­na­men­tais e a sociedade em ger­al.

“É impor­tante que ess­es desafios con­versem com os desafios da sociedade, essas soluções pre­cisam jus­ta­mente olhar para os desafios que a gente tem como sociedade, sejam eles soci­ais ou ambi­en­tais”, diz Wongtschows­ki. “É pre­ciso ter real­mente a colab­o­ração entre ess­es vários setores para que as soluções desen­volvi­das fiquem de pé, para que con­fig­urem uma cadeia de val­or de pon­ta a pon­ta, que entregue bene­fí­cios à pop­u­lação, que fomente a manutenção da flo­res­ta em pé, ou seja, que dê val­or para os pro­du­tos da bio­di­ver­si­dade”, com­ple­men­ta.

A pub­li­cação traz ain­da, em destaque, o resumo de sete estu­dos, sele­ciona­dos a par­tir de critérios como poten­cial ino­v­a­ti­vo e relevân­cia cien­tí­fi­ca, social e econômi­ca, além de cin­co arti­gos analíti­cos inédi­tos escritos por pesquisadores, gestores e empreende­dores de renome na área.

Ciência na Amazônia

A pub­li­cação desta­ca tam­bém que as especi­fi­ci­dades e a com­plex­i­dade da Amazô­nia devem ser lev­adas em con­sid­er­ação quan­do se tra­ta de ino­vação. Uma vez que bases da bioe­cono­mia no Ama­zonas encon­tram-se dire­ta­mente lig­adas aos recur­sos nativos da fau­na, flo­ra e micror­gan­is­mos do bio­ma amazôni­co, é pre­ciso, aci­ma de tudo, con­ser­var a flo­res­ta e levar em con­sid­er­ação as pop­u­lações locais.

Os autores propõem qua­tro princí­pios: con­ser­vação da bio­di­ver­si­dade; ciên­cia e tec­nolo­gia voltadas ao uso sus­ten­táv­el da socio­bio­di­ver­si­dade; diminuição das desigual­dades soci­ais e ter­ri­to­ri­ais e expan­são das áreas flo­restadas bio­di­ver­sas e sus­ten­táveis.

“Cada proces­so ino­vador neces­si­ta con­sid­er­ar as questões cul­tur­ais, as sal­va­guardas socioam­bi­en­tais, os diver­sos ter­ritórios e o impacto a ser ger­a­do para que essas tec­nolo­gias pos­sam ser trans­for­mado­ras do mun­do, em um proces­so que for­t­aleça as pop­u­lações locais e man­ten­ha a flo­res­ta em pé”, diz a pro­fes­so­ra da Uni­ver­si­dade Fed­er­al do Ama­zonas (Ufam) Tatiana Schor, em um dos arti­gos da pub­li­cação.

Edição: Graça Adju­to

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