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Boate Kiss: após 9 anos, familiares de vítimas veem início de justiça

Repro­dução: © Fer­nan­do Frazão/Agência Brasil

Incêndio em 2013 matou 242 jovens e deixou mais de 600 feridos


Pub­li­ca­do em 27/01/2022 — 06:32 Por Bruno Boc­chi­ni — Repórter da Agên­cia Brasil — São Paulo

Nove anos depois do incên­dio que matou 242 jovens e deixou mais de 600 feri­dos na Boate Kiss, em San­ta Maria, no Rio Grande do Sul, famil­iares das víti­mas con­sid­er­am que a justiça começou a ser fei­ta. No últi­mo mês de dezem­bro, qua­tro pes­soas acu­sadas pelo Min­istério Públi­co (MP) pelos 242 homicí­dios e 636 ten­ta­ti­vas de homicí­dio por dolo even­tu­al, foram con­de­nadas em júri pop­u­lar a penas de 18 a 22 anos, a serem cumpri­das em regime fecha­do, ini­cial­mente.

“O que a gente entende é que nesse proces­so em que os réus respon­der­am pelos homicí­dios, isso aí ficou, sem dúvi­da nen­hu­ma, justiça­do. Con­sid­er­amos que foi fei­ta justiça, mas sabe­mos que isso vai ser deci­di­do nos tri­bunais supe­ri­ores mais à frente, porque eles devem recor­rer. A gente entende que a justiça teve seu iní­cio, a con­de­nação deles é sinal de justiça”, desta­cou o pres­i­dente da Asso­ci­ação dos Famil­iares das Víti­mas e Sobre­viventes da Tragé­dia de San­ta Maria (AVTSM), Flávio Sil­va.

Os sócios da Boate Kiss, Elis­san­dro Cale­garo Spohr e Mau­ro Lon­dero Hoff­mann, foram con­de­na­dos a penas de 22 anos e 6 meses, e 19 anos e seis meses, respec­ti­va­mente; o vocal­ista da ban­da Gur­iza­da Fan­dan­gueira, Marce­lo de Jesus dos San­tos, que acen­deu o artefa­to pirotéc­ni­co que cau­sou o incên­dio, foi con­de­na­do a 18 anos; e o pro­du­tor do grupo musi­cal, Luciano Augus­to Bonil­ha Leão, que com­prou os fogos, a 18 anos tam­bém.

“Hou­ve vitória da sociedade, nós não gan­hamos nada, a sociedade con­quis­tou sim o iní­cio da punição desse tipo de crime. [A con­de­nação deles] pro­va que esse tipo de crime começa a ser punido no Brasil. Mas a gente entende que só à base de mui­ta luta, muito esforço, que a justiça acon­tece”, ressaltou Flávio, pai de Andrielle Righi da Sil­va, que mor­reu no incên­dio quan­do tin­ha 22 anos.

Os qua­tro con­de­na­dos já começaram a cumprir pena. Na Justiça Mil­i­tar, dois bombeiros foram con­de­na­dos a penas de reclusão, mas as punições não começaram a serem cumpri­das em razão de recur­sos no Supe­ri­or Tri­bunal de Justiça (STJ).

Qua­tro bombeiros tam­bém já havi­am sido con­de­na­dos ante­ri­or­mente pela Justiça Comum a penas sem reclusão, em razão de irreg­u­lar­i­dades no proces­so de con­cessão de alvará da boate. “A gente não entende isso como con­de­nação, porque as respon­s­abil­i­dades deles são graves, pelos crimes que come­ter­am. Eles foram con­de­na­dos a pagar mul­ta”, disse Flávio. De acor­do com ele, os famil­iares já recor­reram ao STJ e aguardam novo jul­ga­men­to.

Tragédia

O incên­dio teve iní­cio na madru­ga­da de domin­go, 27 de janeiro de 2013, durante apre­sen­tação da ban­da Gur­iza­da Fan­dan­gueira. O even­to havia sido orga­ni­za­do por estu­dantes dos cur­sos de agrono­mia, med­i­c­i­na vet­er­inária, zootec­nia, téc­ni­co em agronegó­cio, téc­ni­co em ali­men­tos e ped­a­gogia da Uni­ver­si­dade Fed­er­al de San­ta Maria (UFSM).

O fogo teve iní­cio no teto da boate, após um dos inte­grantes da ban­da acen­der um artefa­to pirotéc­ni­co no pal­co. A espuma, uti­liza­da para aba­far o som do ambi­ente, era inapro­pri­a­da para uso inter­no. Ao queimar, pro­duz­iu sub­stân­cias tóx­i­cas que causaram a maio­r­ia das mortes. O recin­to fun­ciona­va com doc­u­men­tação irreg­u­lar e esta­va super­lota­do.

De acor­do com sobre­viventes, uma fumaça pre­ta tomou con­ta do local em questão de segun­dos, e impediu as pes­soas de encon­trar rota de fuga. A maior parte dos cor­pos foi acha­da em um dos ban­heiros da boate, con­fun­di­do com a saí­da do local.

Edição: Graça Adju­to

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