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Bola Preta sai com menos foliões, mas com a mesma tradição

Repro­dução: © Arte/Miguel Ban­deira e Rebec­ca Moure

Presidente do bloco reclama da mudança dos locais do desfile


Pub­li­ca­do em 10/02/2024 — 08:52 Por Alana Gan­dra — Repórter da Agên­cia Brasil — Rio de Janeiro

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As ima­gens aéreas da Aveni­da Rio Bran­co, no cen­tro do Rio de Janeiro, toma­da por mil­hões de foliões no sába­do de car­naval, fiz­er­am do Cordão da Bola Pre­ta um gigante famoso em todo o Brasil. Mas, na avali­ação do pres­i­dente do blo­co, Pedro Ernesto Mar­in­ho, des­de que os des­files dos megablo­cos foram deslo­ca­dos para a Rua Primeiro de Março e Aveni­da Pres­i­dente Antônio Car­los, o blo­co perdeu foliões. 

“Quan­do o bola pas­sa­va pela Rio Bran­co, pare­cia que o asfal­to sor­ria, os pré­dios bati­am pal­mas”, lem­bra, saudoso. O blo­co des­fila­va na Aveni­da Rio Bran­co des­de 1919, “quan­do a aveni­da ain­da era nov­in­ha”. Antes chama­da de Aveni­da Cen­tral, a Aveni­da Rio Bran­co foi o grande mar­co urbanís­ti­co da refor­ma do então prefeito do Dis­tri­to Fed­er­al Pereira Pas­sos, de 1906, que trans­for­mou o cen­tro do Rio de Janeiro.

Rio de Janeiro (RJ), 18/02/2023 – Bloco Cordão da Bola Preta desfila pelas ruas do centro da cidade no primeiro dia oficial do Carnaval 2023. Foto Tomaz Silva/Agência Brasil
Repro­dução: Blo­co Cordão da Bola Pre­ta des­fi­la pelas ruas do cen­tro da cidade  — Foto Tomaz Silva/Agência Brasil

Com a mudança de local, não há mais o mes­mo roman­tismo, lamen­ta Mar­in­ho. “A Aveni­da Rio Bran­co era con­sagra­da no mun­do inteiro como local das grandes man­i­fes­tações políti­cas, artís­ti­cas, man­i­fes­tações car­navalescas. O novo local é meio inóspi­to. Não tem um bar, nen­hum bote­quim”. E, para ele, car­naval e cerve­ja são irmãos siame­ses. “Não existe car­naval sem cerve­ja”.

Mar­in­ho lem­bra que, na Aveni­da Rio Bran­co, havia uma grande apo­teose quan­do o des­file do Bola Pre­ta chega­va ao fim, na Cinelân­dia, com bares lota­dos. “Na Aveni­da Antônio Car­los, não tem o mes­mo cli­ma, o mes­mo ambi­ente. Então, a fre­quên­cia cai“.

O últi­mo ano na Aveni­da Rio Bran­co foi em 2014, quan­do o Bola Pre­ta esta­va em seu pico de foliões. “A par­tir de 2010, a gente nun­ca des­fila­va com menos de 2 mil­hões de pes­soas. Atingi­mos o auge em 2013, com 2,5 mil­hões de pes­soas. Quan­do fomos para a Primeiro de Março e Pres­i­dente Antônio Car­los, o blo­co já não con­seguiu arras­tar o mes­mo número de foliões. No car­naval de 2023, a gente colo­cou 1 mil­hão de foliões. Mas foi um número expres­si­vo”, admi­tiu.

De qual­quer modo, Mar­in­ho asse­gu­ra que o blo­co já mostrou a que veio. “A história do Bola Pre­ta mostra que ele é um ícone pos­i­ti­vo da cidade do Rio, é o tradi­cional, que rep­re­sen­ta a cidade e todo o seu povo. Então, para nós, se tiv­er um mil­hão de foliões, a gente vai ficar super sat­is­feito. Se forem 900 mil, tam­bém. O impor­tante é não decep­cion­ar­mos os nos­sos foliões que, todo ano, esper­am avi­da­mente o Cordão da Bola Pre­ta na rua. O Bola Pre­ta é o orig­i­nal, é aque­le que man­tém a tradição do car­naval da Cidade Mar­avil­hosa”.

História

29/01/2024 - Carnaval 2024 - Cordão da Bola Preta - Cordão da Bola Preta comemora 105 anos e defende meio ambiente. Foto: Arte/Miguel Bandeira e Rebecca Moure
Repro­dução: Cordão da Bola Pre­ta comem­o­ra 105 anos e defende meio ambi­ente — Foto: Arte/Miguel Ban­deira e Rebec­ca Moure

Fun­da­do em 1918 por Álvaro Gomes de Oliveira, o Kaveir­in­ha, Fran­cis­co Brí­cio Fil­ho (Chico Brí­cio), Eugênio Fer­reira, João Tor­res e os três irmãos Oliveira Roxo, Jair, Joel e Arquimedes Guimarães, o tradi­cional Cordão da Bola Pre­ta dá segui­men­to, este ano, às comem­o­rações de seus 105 anos de existên­cia. Foi Kaveir­in­ha quem deu nome ao blo­co ao ver pas­sar uma lin­da mul­her com vesti­do bran­co com bolas pre­tas. Daí surgiu o Cordão da Bola Pre­ta.

O blo­co abre o car­naval ofi­cial neste sába­do, na Rua 1º de Março e Aveni­da Antônio Car­los, no cen­tro do Rio. A con­cen­tração será a par­tir das 8h, dire­to na Rua Primeiro de Março, com saí­da às 9h. O pres­i­dente do Bola Pre­ta diz que, este ano, o obje­ti­vo é defend­er a preser­vação do meio ambi­ente. “Até pelo tem­po de vida do Bola Pre­ta, a gente, efe­ti­va­mente, quer entrar nes­sa luta de defe­sa do meio ambi­ente”.

Ao lon­go do ano, a ideia é faz­er plan­tio de árvores para par­tic­i­par do proces­so de neu­tral­iza­ção de gás car­bôni­co (CO2). Durante o des­file, serão colo­ca­dos cole­tores descartáveis para depósi­to de resí­du­os pelos foliões. Pedro Mar­in­ho quer tam­bém pro­mover o reaproveita­men­to de lonas e fios. “É algo que pre­ocu­pa a gente, porque a quan­ti­dade de lonas é muito grande. A gente quer, real­mente, entrar de cabeça nes­sa luta de defe­sa e preser­vação do meio ambi­ente”.

Participantes

Rio de Janeiro (RJ), 18/02/2023 – Bloco Cordão da Bola Preta desfila pelas ruas do centro da cidade no primeiro dia oficial do Carnaval 2023. Foto Tomaz Silva/Agência Brasil
Repro­dução: Rio de Janeiro (RJ), 18/02/2023 – Blo­co Cordão da Bola Pre­ta des­fi­la pelas ruas do cen­tro da cidade no primeiro dia ofi­cial do Car­naval 2023. Foto Tomaz Silva/Agência Brasil — Tomaz Silva/Agência Brasil

O Cordão da Bola Pre­ta inclui, entre as Musas 2024, a Rain­ha do Car­naval Car­i­o­ca 2022, Thai Rodrigues, além de Tais­sa Marins, Elaine BR e Ade­line Gervá­sio, que ren­o­vam suas faixas. Miri­an Duarte é a Musa do Cen­tenário. A por­ta-estandarte é a atriz e dire­to­ra Lean­dra Leal, que assum­iu o pos­to em 2009. “Ela con­tin­ua na mis­são de car­regar o sím­bo­lo maior do Bola Pre­ta”.

A madrin­ha é a can­to­ra Maria Rita, tam­bém des­de 2009, enquan­to o pos­to de rain­ha foi ocu­pa­do, des­de 2019, pela atriz Pao­la Oliveira. A can­to­ra e atriz Emanuelle Araújo é a Musa da Ban­da do Cordão da Bola Pre­ta. “Está sem­pre jun­to conosco”.

“Neguin­ho da Bei­ja-Flor é o nos­so padrin­ho; o [com­pos­i­tor] João Rober­to Kel­ly é nos­so embaix­ador; Tia Suri­ta, da Portela, nos­sa embaix­a­triz, e Selmin­ha Sor­riso é a Musa das Musas. A gente procu­ra val­orizar sem­pre essa lin­ha de frente. É impor­tante para o dia a dia do Bola Pre­ta”, afir­mou o pres­i­dente da agremi­ação.

Edição: Fer­nan­do Fra­ga

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