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Bombeiros do Rio combatem 460 focos de incêndio em um dia

Repro­dução: © Cor­po de Bombeiros RJ/Divulgação

Desde início de 2024, já foram mais de 16 mil ocorrências atendidas


Publicado em 13/09/2024 — 18:24 Por Léo Rodrigues — Repórter da Agência Brasil — Rio de Janeiro

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O Cor­po de Bombeiros do Rio de Janeiro com­bat­eu 460 focos de incên­dio ape­nas nes­ta quin­ta-feira (12). Con­sideran­do o perío­do de um úni­co dia, este é o recorde do ano. Des­de o iní­cio de 2024, já foram mais de 16 mil ocor­rên­cias aten­di­das.

Há cer­ca de duas sem­anas, dados divul­ga­do pela cor­po­ração já apon­tavam para um alar­mante aumen­to dos casos. Des­de o iní­cio do ano, foi reg­istra­do um vol­ume de ocor­rên­cias 85% supe­ri­or ao do mes­mo perío­do de 2023. Os municí­pios do Rio de Janeiro (4.513), São Gonça­lo (569) e Duque de Cax­i­as (561) estavam no topo do rank­ing dos mais afe­ta­dos, segui­dos por Mar­icá, Nova Iguaçu, Niterói, Ararua­ma, Nova Fribur­go, Cam­pos dos Goy­ta­cazes e Vol­ta Redon­da.

Em alguns casos, os incên­dios ocor­rem próx­i­mos a comu­nidades. Bombeiros estão com­bat­en­do chamas, por exem­p­lo, no Par­que Estad­ual da Pedra Bran­ca, na encos­ta volta­da para Realen­go, na zona oeste da cap­i­tal. O fogo tam­bém se alas­trou na mata do Mor­ro das Andor­in­has, em Niterói, geran­do pre­ocu­pação dos moradores.

No Par­que Nacional da Ser­ra dos Órgãos, na região ser­rana do esta­do, o com­bate a focos de incên­dios tam­bém tem deman­da­do esforços. A unidade de con­ser­vação, que abrange áreas dos municí­pios de Guapimir­im, Magé, Petrópo­lis e Teresópo­lis, tem a maior rede de tril­has do Brasil. É tam­bém um dos locais mais bus­ca­dos para a práti­ca de esportes de mon­tan­ha, como escal­a­da, cam­in­ha­da e rapel. O Insti­tu­to Chico Mendes de Con­ser­vação da Bio­di­ver­si­dade (ICBM­Bio), que admin­is­tra o par­que, já pre­cisou mobi­lizar seus brigadis­tas em difer­entes ocasiões des­de o mês pas­sa­do.

“Na noite de 10 de setem­bro, um incên­dio flo­re­stal de causas crim­i­nosas foi defla­gra­do na região do Cax­am­bu atingin­do a Trav­es­sia Cobiça­do x Ven­ta­nia. A briga­da de com­bate a incên­dios do Par­que Nacional da Ser­ra dos Órgãos está em ativi­dade, porém o cli­ma seco, o rele­vo da região e os fortes ven­tos tor­nam o con­t­role mais difí­cil. Ped­i­mos que evitem aces­sar a área do Mor­ro do Cobiça­do e Ven­ta­nia. Essas regiões se tor­nam muito perigosas na pre­sença do fogo e pre­cisam ser iso­ladas para que o com­bate seja real­iza­do de for­ma segu­ra e efi­caz”, reg­is­tra o informe mais recente divul­ga­do pela admin­is­tração da unidade por meio  de suas redes soci­ais.

Dados do mon­i­tora­men­to por satélite real­iza­do pelo Insti­tu­to Nacional de Pesquisas Espa­ci­ais (Inpe) endos­sam as pre­ocu­pações no esta­do. Des­de o iní­cio do ano, foram detec­ta­dos 840 focos de queimadas. É o maior número de ocor­rên­cias já reg­istra­do em um úni­co ano des­de 2017, quan­do hou­ve 959 reg­istros. É uma mar­ca que ain­da pode ser super­a­da, já que setem­bro e out­ubro são meses com uma grande média históri­ca de incên­dios flo­restais.

Somente em agos­to, 240 focos de queimadas foram detec­ta­dos no Rio de Janeiro. É o maior número reg­istra­do para o mês des­de 2010, quan­do hou­ve 355 ocor­rên­cias. Em setem­bro, o Inpe já iden­ti­fi­cou até o momen­to 135 incên­dios flo­restais den­tro do esta­do.

O exces­so de queimadas no Brasil vem resul­tan­do em uma que­da na qual­i­dade do ar em diver­sas regiões, geran­do pre­ocu­pações com a saúde das pop­u­lações. Nas últi­mas sem­anas, viralizaram nas redes soci­ais ima­gens que mostram pais­agens encober­tas por fumaças em algu­mas cap­i­tais, como Brasília, São Paulo e Belo Hor­i­zonte. Em algu­mas cidades do inte­ri­or do esta­do do Rio de Janeiro, a fumaça tam­bém impres­sio­nou os moradores. Isso ocor­reu, por exem­p­lo, na região ser­rana, onde estão municí­pios como Petrópo­lis e Teresópo­lis.

Espe­cial­is­tas têm apon­ta­do que os ecos­sis­temas ficam mais vul­neráveis a incên­dios em momen­tos de seca, como a que o país está enfrentan­do. Esse cenário pode estar sendo influ­en­ci­a­do por difer­entes fatores, como o aque­c­i­men­to glob­al impul­sion­a­do pela ação humana e pelos efeitos do fenô­meno climáti­co El Niño, segui­do da La Niña.

Mas, ape­sar do cli­ma seco deixar áreas de mata mais suscetíveis a queimadas, a origem delas está na maio­r­ia das vezes rela­ciona­da com o com­por­ta­men­to humano. Segun­do os Cor­po de Bombeiros do Rio de Janeiro, em 95% dos casos, as chamas começam pela ação do homem, seja de for­ma aci­den­tal ou mes­mo vol­un­tária. Já há inves­ti­gações aber­tas em diver­sos locais do país que apu­ram indí­cios de incên­dios crim­i­nosos. Prisões já foram real­izadas nos últi­mos dias, por exem­p­lo, nos esta­dos de São Paulo e de Goiás.

Investimentos estaduais

Em meio a esse cenário, o gov­er­no do Rio de Janeiro tro­cou o coman­do Sec­re­taria Estad­ual de Defe­sa Civ­il. Tar­ciso Salles assum­iu no lugar de Lean­dro Mon­teiro, e foi anun­ci­a­da a cri­ação de um gabi­nete de crise para o com­bate às chamas. Demi­ti­do no iní­cio do mês, o anti­go secretário lamen­tou o corte mil­ionário de recur­sos volta­dos para o enfrenta­men­to dos incên­dios flo­restais.

“Foram des­ti­na­dos R$ 90 mil­hões para a cor­po­ração inve­stir em viat­uras e equipa­men­tos de com­bate a incên­dios flo­restais. Infe­liz­mente, nos últi­mos dez dias, fui infor­ma­do que esse apoio foi can­ce­la­do”, afir­mou Mon­teiro em seu dis­cur­so durante a cer­imô­nia que selou a trans­fer­ên­cia do car­go para Tar­ciso Salles, nes­ta quin­ta-feira (12), even­to que que con­tou com a pre­sença do gov­er­nador Cláu­dio Cas­tro.

A ver­ba teria sido lib­er­a­da pela Sec­re­taria de Esta­do de Ambi­ente e Sus­tentabil­i­dade, durante o perío­do em que o tit­u­lar da gestão da pas­ta era o vice-gov­er­nador Thi­a­go Pam­pol­ha. Ele ocupou o car­go até março deste ano, quan­do foi exon­er­a­do e sub­sti­tuí­do por Bernar­do Chim Rossi.

Ques­tion­a­do ao fim da cer­imô­nia, Cláu­dio Cas­tro con­sider­ou que o Cor­po do Bombeiros tem recur­sos sufi­cientes e min­i­mi­zou o corte. “Foi algo admin­is­tra­ti­vo, tem que enten­der o que foi. Mas não fal­ta nada para os bombeiros. Mais de R$ 1 bil­hão foi investi­do na min­ha gestão.”

Qualidade do ar

Em meio ao grande vol­ume de focos de incên­dio, bole­tim do Insti­tu­to Estad­ual do Ambi­ente (Inea) divul­ga­do às 17h des­ta quin­ta-feira (12) reg­is­tra impactos para a qual­i­dade do ar. A situ­ação é pior do que há três dias. Das 57 estações espal­hadas pelos municí­pios flu­mi­nens­es, ape­nas 16 reg­is­traram qual­i­dade do ar boa. No bole­tim de segun­da-feira (9), 28 estações detec­tavam boas condições.

Os locais onde a qual­i­dade do ar foi con­sid­er­a­da mod­er­a­da subi­ram de 26 para 31. Já aque­les onde a condição é ruim aumen­taram de três para nove. Assim como no bole­tim de segun­da-feira, o novo lev­an­ta­men­to indi­ca que não há estações que detec­taram cenário muito ruim ou pés­si­mo.

A que­da na qual­i­dade do ar pode deixar a pop­u­lação sujei­ta a apre­sen­tar um con­jun­to de sin­tomas como tosse seca, cansaço e ardor nos olhos, nar­iz e gar­gan­ta. Cri­anças, idosos e pes­soas com doenças res­pi­ratórias ou car­di­ológ­i­cas podem ser mais afe­tadas.

Em cenários de cli­ma seco e de incidên­cia de fumaça na atmos­fera, as recomen­dações do Min­istério da Saúde são para o aumen­to da ingestão de água e líqui­dos, para um maior tem­po de per­manên­cia em casa se pos­sív­el com ar-condi­ciona­do ou purifi­cadores de ar e para a sus­pen­são das ativi­dades físi­cas ao ar livre sobre­tu­do entre 12h e 16h, quan­do as con­cen­trações de ozônio são mais inten­sas.

O uso de más­caras do tipo cirúr­gi­ca, pano, lenços ou ban­danas para diminuir a exposição às partícu­las grossas tam­bém é indi­ca­do, espe­cial­mente para pop­u­lações que resi­dem próx­i­mas às áreas de focos de queimadas.

Edição: Juliana Andrade

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