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Bons hábitos de saúde podem evitar doenças cardiovasculares

Repro­dução: © REUTERS / Ser­gio Moraes/Direitos Reser­va­dos

Alerta é feito no Dia Mundial do Coração, celebrado hoje


Pub­li­ca­do em 29/09/2021 — 06:30 Por Alana Gan­dra — Repórter da Agên­cia Brasil — Rio de Janeiro

Con­sci­en­ti­zar a pop­u­lação sobre os prin­ci­pais fatores de risco da doença car­dio­vas­cu­lar, a que mais mata no mun­do, é o obje­ti­vo do Dia Mundi­al do Coração, cel­e­bra­do hoje (29). “Mata muito mais do que câncer, do que aci­dente auto­mo­bilís­ti­co e do que a covid-19”, disse, em entre­vista à Agên­cia Brasil, o dire­tor de Comu­ni­cação da Sociedade de Car­di­olo­gia do Esta­do do Rio de Janeiro (Socerj), Bruno Ban­deira. A cam­pan­ha visa, prin­ci­pal­mente, à con­sci­en­ti­za­ção dos bons hábitos de saúde, como uma boa e equi­li­bra­da ali­men­tação, o aban­dono por com­ple­to do tabag­is­mo e a práti­ca de ativi­dade físi­ca reg­u­lar cin­co vezes por sem­ana, durante 30 min­u­tos.

“Com a ativi­dade físi­ca, a gente vai sair do seden­taris­mo e reduzir a obesi­dade, além de con­tro­lar a pressão arte­r­i­al, o coles­terol e o açú­car. Ou seja, evi­tar a hiperten­são, o coles­terol ele­va­do e o dia­betes. Essas são as prin­ci­pais recomen­dações em relação à pre­venção das doenças car­dio­vas­cu­lares. Con­trolan­do isso, a gente vai evi­tar essas doenças”, afir­mou o car­di­ol­o­gista.

Bruno Ban­deira lem­brou que a cam­pan­ha deste ano, orga­ni­za­da pela Fed­er­ação Mundi­al do Coração (WHF, a sigla em inglês) desta­ca a comu­ni­cação em suas diver­sas for­mas no mun­do dig­i­tal, incen­ti­van­do a tro­ca de infor­mações entre médi­co e paciente, as tele­con­sul­tas, a inserção dig­i­tal, para que os pacientes pos­sam cada vez mais saber usar os cuida­dos por sites bem val­i­da­dos.

O dire­tor da Socerj lem­brou que além dos meios dig­i­tais, a comu­ni­cação abrange tam­bém a relação entre o paciente e seus famil­iares, o que ficou muito dis­tante ao lon­go da pan­demia de covid-19, geran­do muitas doenças psi­cológ­i­cas, ansiedade e, com isso, o agrava­men­to das doenças car­dio­vas­cu­lares. O Dia Mundi­al do Coração foi cri­a­do em 2000 pela WHF para ressaltar a importân­cia do cuida­do com o coração, um dos órgãos mais impor­tantes do cor­po humano.

De acor­do com a Orga­ni­za­ção Mundi­al da Saúde (OMS), as doenças car­dio­vas­cu­lares respon­der­am por 32% de todas as mortes globais ocor­ri­das em 2019, total­izan­do 17,9 mil­hões de pes­soas, sendo 85% delas de infar­to ou der­rame. Dados do Cardiômetro, da Sociedade Brasileira de Car­di­olo­gia (SBC), mostram que de janeiro deste ano até as 16h07 de ontem (28), o número de mortes por doenças car­dio­vas­cu­lares no Brasil alcança­va 299.304 pes­soas.

Melhor caminho

A SBC mostra ain­da que, no Brasil, cer­ca de 14 mil­hões de pes­soas têm algu­ma doença car­dio­vas­cu­lar e pelo menos 400 mil mor­rem anual­mente em decor­rên­cia dessas enfer­mi­dades, o que cor­re­sponde a 30% de todas as mortes no país. O car­di­ol­o­gista Esmer­al­ci Fer­reira, do setor de hemod­inâmi­ca do Hos­pi­tal Pan-Amer­i­cano, lem­brou que “é muito mais fácil cuidar da saúde do que da doença. Sendo assim, a pre­venção de fatores de risco é o mel­hor cam­in­ho para evi­tar doenças car­dio­vas­cu­lares”.

Con­fir­mou que man­ter hábitos saudáveis é fun­da­men­tal para preser­var a saúde do mús­cu­lo cardía­co. Segun­do o médi­co, os prin­ci­pais cuida­dos com a saúde do coração estão rela­ciona­dos a fatores com­por­ta­men­tais e hábitos fáceis de serem incor­po­ra­dos no dia a dia. “Para quem não tem nen­hum tipo de doença, o ide­al é con­sul­tar um car­di­ol­o­gista uma vez por ano. E para quem tem algu­ma comor­bidade, de duas a qua­tro vezes por ano. Ativi­dades físi­cas são essen­ci­ais e podem ser feitas de maneira praze­rosa, como cam­in­hadas ao ar livre, subir e descer escadas em vez de usar o ele­vador e andar de bici­cle­ta”. Man­ter uma ali­men­tação saudáv­el, evi­tar o exces­so de álcool e não fumar tam­bém mel­ho­ram a saúde do coração, recomen­dou Fer­reira.

O espe­cial­ista citou tam­bém out­ro prob­le­ma comum na atu­al­i­dade, que são os altos níveis de estresse. Eles podem estim­u­lar prob­le­mas cardía­cos, porque a acel­er­ação dos bati­men­tos é capaz de aumen­tar a pressão arte­r­i­al. A pressão alta, por sua vez, tem impacto no coração, acar­retan­do maior risco de infar­to e AVC. “Às vezes, peque­nas medi­das, como realizar refeições tran­quilas, sem estresse e sem faz­er uso de celu­lares e tele­visões, podem aju­dar a preser­var a saúde do coração. Coma com praz­er e qual­i­dade. Isso faz difer­ença, inclu­sive no alívio do estresse”, sug­eriu o car­di­ol­o­gista.

Covid-19

Out­ro tema em destaque no Dia Mundi­al do Coração é a covid-19 e seus efeitos na saúde do coração. O coor­de­nador da Unidade Coro­nar­i­ana da Casa de Saúde São José (Rede San­ta Cata­ri­na), Gus­ta­vo Gou­vêa, chamou atenção para os cuida­dos com o coração e os riscos na pan­demia.

Ele admi­tiu que a covid-19 pode afe­tar dire­ta­mente o coração, cau­san­do uma infla­mação chama­da mio­cardite, decor­rente do próprio vírus que gera a doença. Isso pode oca­sion­ar uma arrit­mia e até man­i­fes­tações pare­ci­das com um infar­to. Gus­ta­vo Gou­vêa citou estu­do feito por um grupo de car­di­ol­o­gis­tas do Hos­pi­tal San Raf­faele, em Milão, na Itália, con­sid­er­a­do refer­ên­cia para com­pli­cações car­dio­vas­cu­lares da covid-19. Os médi­cos avaliaram 138 pacientes inter­na­dos pela doença, dos quais 16,7% desen­volver­am arrit­mia e 7,2% apre­sen­taram lesão cardía­ca agu­da.

Gou­vêa ori­en­tou que os pacientes com covid-19 que ten­ham sin­tomas de doenças car­dio­vas­cu­lares, como dor no peito, pal­pi­tações e des­maios, devem procu­rar uma emergên­cia ou um car­di­ol­o­gista para faz­er exam­es especí­fi­cos, entre eles eletro­car­dio­gra­ma, eco­car­dio­gra­ma e dosagem de enz­i­mas. Aler­tou que depois da fase agu­da da doença, é pre­ciso seguir com o acom­pan­hamen­to médi­co para ver­i­ficar se a infla­mação foi rever­ti­da e se hou­ve algu­ma sequela.

O dire­tor de Comu­ni­cação da Socerj, Bruno Ban­deira, obser­vou que a mio­cardite não deve ser moti­vo de não vaci­nação. “A pes­soa deve se vaci­nar”.

Pós-covid

Gus­ta­vo Gou­vêa infor­mou que 85% dos casos dos pacientes com covid-19 são leves, de pes­soas tratadas em casa e sem gravi­dade. Para esse grupo, após o perío­do de 10 a 14 dias, é pos­sív­el retomar a roti­na, inclu­sive as ativi­dades físi­cas. Para os 15% que tiver­am um quadro clíni­co mais grave, com hos­pi­tal­iza­ção, é pre­ciso faz­er uma avali­ação clíni­ca ou car­di­ológ­i­ca para garan­tir que não há nen­hu­ma sequela, espe­cial­mente para retomar exer­cí­cios físi­cos.

Segun­do o espe­cial­ista, uma parcela dess­es pacientes vai pre­cis­ar pas­sar por uma reabil­i­tação cardía­ca para voltar a praticar exer­cí­cios, com super­visão. “Muitos perder­am mas­sa mus­cu­lar, pois ficaram dias aca­ma­dos. Para retomar as ativi­dades, devem pas­sar por um pro­gra­ma especí­fi­co para recu­per­ar, lenta­mente, sua saúde e o vig­or físi­co”.

Crianças

Números da Fed­er­ação Mundi­al do Coração mostram a existên­cia de 155 mil­hões de cri­anças obe­sas e aci­ma do peso no plan­e­ta. A esti­ma­ti­va é que elas têm 80% a mais de chance de ter sobrepe­so quan­do adul­tas e, em con­se­quên­cia, maior risco de enfer­mi­dades cardía­cas e aci­dentes vas­cu­lares cere­brais (AVC). Cri­anças e jovens com sobrepe­so têm três a cin­co vezes mais chances de sofr­er um infar­to ou AVC antes de chegarem aos 65 anos de idade, além de grande risco de desen­volver dia­betes.

A nutri­cionista Fabi­ana Peleteiro adver­tiu que “o sobrepe­so na infân­cia aca­ba geran­do um acú­mu­lo maior de gor­du­ra nas artérias ao lon­go dos anos, o que aumen­ta as chances de infar­to e AVC”. Por isso, afir­mou que a pre­venção primária das doenças car­dio­vas­cu­lares deve começar na infân­cia e estar rela­ciona­da dire­ta­mente à mudança de hábitos ali­menta­res e de esti­lo de vida.

Edição: Graça Adju­to

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