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Branqueamento de corais avança no Nordeste, mostra pesquisa

Repro­dução: © Fer­nan­do Frazão/Agência Brasil

Monitoramento é feito na região de Tamandaré, em Pernambuco


Publicado em 18/03/2024 — 08:00 Por Vitor Abdala — Repórter da Agência Brasil — Rio de Janeiro

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O fenô­meno do bran­quea­men­to está avançan­do em recifes de corais do Nordeste brasileiro. O mon­i­tora­men­to feito na região de Taman­daré (PE), no setor norte da Área de Pro­teção Ambi­en­tal (APA) Cos­ta dos Corais, mostra que as espé­cies mais sen­síveis, os corais-de-fogo (Mille­po­ra sp.), já têm bran­quea­men­to “bas­tante exten­so”, segun­do a pesquisado­ra da Uni­ver­si­dade Fed­er­al de Per­nam­bu­co (UFPE) Beat­rice Padovani.

“As espé­cies mais resistentes, a gente obser­va que estão começan­do a ficar pál­i­das, mas não estão total­mente bran­queadas. Algu­mas pou­cas espé­cies ain­da resistem”, afir­ma Beat­rice, que coor­de­na o Pro­gra­ma Ecológi­co de Lon­ga Duração Taman­daré Sus­ten­táv­el (Pels-Tams), respon­sáv­el pelo mon­i­tora­men­to nesse tre­cho de litoral.

Na últi­ma sem­ana, a Agên­cia Brasil infor­mou que uma nova onda glob­al de bran­quea­men­to começa­va a afe­tar os recifes brasileiros, em locais como Taman­daré, Por­to de Gal­in­has (PE) e a cos­ta de Sergipe.

Tamandaré (PE), 25/10/2023 - Coral Montastraea cavernosa no recife Pirambu, na APA Costa dos Corais. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
Repro­dução: Taman­daré (PE) — Coral Mon­tas­traea cav­er­nosa no Recife Piram­bu, na APA Cos­ta dos Corais — Foto Fer­nan­do Frazão/Agência Brasil

Os corais são ani­mais inver­te­bra­dos mar­in­hos capazes de se ali­men­tar soz­in­hos, mas grande parte de sua dieta é obti­da por meio de sim­biose, ou seja, uma relação mutu­a­mente bené­fi­ca, com as algas zoox­an­te­las. A par­tir da real­iza­ção da foto­ssín­tese, ess­es seres unicelu­lares fornecem nutri­entes para seus hos­pedeiros ani­mais.

As zoox­an­te­las tam­bém são respon­sáveis pelas cores dos corais. Quan­do a tem­per­atu­ra do mar sobe, no entan­to, elas aban­don­am os ani­mais e os deix­am esbran­quiça­dos. Sem os nutri­entes ofer­e­ci­dos pelas algas, os corais podem até con­tin­uar vivos e se ali­men­tan­do de micro-organ­is­mos por meses, mas sua saúde fica prej­u­di­ca­da, o que os tor­na mais suscetíveis a doenças e à morte.

“O bran­quea­men­to é um fenô­meno nat­ur­al que ocorre de várias maneiras, mas o bran­quea­men­to mais exten­so geral­mente se dá por uma anom­alia tér­mi­ca, quan­do a tem­per­atu­ra fica aci­ma da média cli­ma­tológ­i­ca”, expli­ca a pesquisado­ra. “A gente mon­i­to­ra o even­to e o per­centu­al da pop­u­lação que está sendo atingi­do. Aci­ma de 50%, por exem­p­lo, já é con­sid­er­a­do bran­quea­men­to em mas­sa”.

Ipojuca (PE), 26/10/2023 - Recifes cobertos com coral-baba-de-boi (Palythoa caribbaeorum) na área de pesquisa da Biofábrica de Corais em Porto de Galinhas. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
Repro­dução: Ipo­ju­ca (PE) — Recifes cober­tos com coral-baba-de-boi (Palythoa carib­bae­o­rum) na área de pesquisa da Biofábri­ca de Corais em Por­to de Gal­in­has — Foto Fer­nan­do Frazão/Agência Brasil

Alerta

O aler­ta para um bran­quea­men­to em mas­sa glob­al par­tiu da agên­cia de mete­o­rolo­gia e oceanografia norte-amer­i­cana, a NOAA, que mon­i­to­ra a tem­per­atu­ra dos oceanos. O comu­ni­ca­do mais recente, pub­li­ca­do na sem­ana pas­sa­da, adverte para 90% de prob­a­bil­i­dade de bran­quea­men­tos em várias partes do mun­do, de março a jul­ho deste ano.

“Ulti­ma­mente a gente tem tido even­tos cada vez mais fre­quentes. Se con­sid­er­ar­mos os últi­mos dez anos, teve em 2016, 2019, 2020. Ago­ra, em 2024, a gente vem com um even­to que parece que vai ser bas­tante impor­tante. Além da fre­quên­cia maior, tam­bém há inten­si­dade e per­sistên­cia ele­vadas. É um avi­so que a gente está ten­do dos corais sobre a questão climáti­ca que afe­ta todo o mun­do”, desta­ca a pesquisado­ra. “Eles podem nos dar aler­tas impor­tantes sobre as mudanças climáti­cas. Não vão ser só os recifes de coral que serão afe­ta­dos. É um aler­ta para a humanidade”.

Além de com­bat­er as mudanças climáti­cas que con­tribuem para a ele­vação da tem­per­atu­ra dos oceanos, out­ras medi­das são impor­tantes para mel­ho­rar a saúde dos recifes de corais, entre elas evi­tar o lança­men­to de esgo­to no mar, reduzir o uso de plás­ti­co (que aca­ba chegan­do aos oceanos) e preser­var ecos­sis­temas asso­ci­a­dos como o manguezal e a restin­ga.

Edição: Graça Adju­to

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