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Brasil discute estratégias para melhorar educação para a adolescência

Repro­dução: © Marce­lo Camargo/Agência Brasil

Nesta fase, estudantes reprovam mais e abandonam escola


Publicado em 10/09/2024 — 20:35 Por Mariana Tokarnia – Repórter da Agência Brasil — Rio de Janeiro

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O Brasil tem mira­do cada vez mais em uma eta­pa críti­ca da edu­cação: os anos finais do ensi­no fun­da­men­tal. Essa eta­pa vai do 6º ao 9º ano e é cur­sa­da entre as idades de 11 a 14 anos. Estu­dos mostram que é uma eta­pa na qual os estu­dantes enfrentam grandes mudanças na própria vida, com a entra­da na ado­lescên­cia. Tam­bém, geral­mente, mudam-se para esco­las maiores e lidam com apren­diza­gens mais com­plexas. Tra­ta-se de um perío­do deter­mi­nante para que eles con­clu­am os estu­dos, até o final do ensi­no médio.

Dis­cu­tir como o Brasil e out­ros país­es estão lidan­do com a garan­tia de uma edu­cação de qual­i­dade e quais as prin­ci­pais estraté­gias para com­bat­er a reprovação e o aban­dono esco­lar foi o obje­ti­vo do Sem­i­nário Inter­na­cional Con­stru­in­do uma Esco­la para as Ado­lescên­cias, que ocor­reu nes­ta terça-feira (10) no Insti­tu­to Nacional de Estu­dos e Pesquisas Edu­ca­cionais Aní­sio Teix­eira (Inep) e foi trans­mi­ti­do online.

A coor­de­nado­ra Exec­u­ti­va Adjun­ta da ONG Ação Educa­ti­va, a sociólo­ga e edu­cado­ra Edneia Gonçalves desta­cou que um pon­to cen­tral nes­ta dis­cussão é con­sid­er­ar o papel da edu­cação e da esco­la na redução das desigual­dades no país. “Eu acred­i­to que a função social da esco­la é garan­tir a todas as pes­soas o dire­ito a tra­jetória esco­lar que pro­duza e con­strua apren­diza­gens sig­ni­fica­ti­vas para a pes­soas seguirem suas vidas. Só que isso não é tão sim­ples quan­to parece”, afir­mou.

Os dados mostram que nem todos os brasileiros têm as mes­mas condições de estu­do e de for­mação. A maio­r­ia que aca­ba reprovan­do e até mes­mo aban­do­nan­do a esco­la sem con­cluir o ensi­no médio é jus­ta­mente a pop­u­lação mais vul­neráv­el.

Segun­do a ofi­cial de Edu­cação do Fun­do das Nações Unidas para a Infân­cia (Unicef) no Brasil, Júlia Ribeiro, as pop­u­lações pre­ta, par­da, indí­ge­na e quilom­bo­la e as pes­soas com defi­ciên­cia têm maiores por­cent­a­gens de aban­dono esco­lar do que a pop­u­lação bran­ca.

“Neces­si­dade de con­trari­ar des­ti­nos, que a gente acei­ta como sendo nat­ur­al, que quem vive em situ­ação de maior vul­ner­a­bil­i­dade vai reprovar, vai entrar em dis­torção [de idade em relação à série cur­sa­da] e vai aban­donar a esco­la. Então, por isso, con­trari­ar des­ti­nos porque a gente não pode aceitar que ess­es sejam os des­ti­nos que ess­es meni­nos e meni­nas ten­ham nas suas esco­las”, ressaltou.

Em jul­ho deste ano, o gov­er­no fed­er­al lançou o Pro­gra­ma de For­t­alec­i­men­to para os Anos Finais do Ensi­no Fun­da­men­tal – Pro­gra­ma Esco­la das Ado­lescên­cias que tem como obje­ti­vo con­stru­ir uma pro­pos­ta para a eta­pa que se conecte com as diver­sas for­mas de viv­er a ado­lescên­cia no Brasil, pro­mo­va um espaço acol­he­dor e impul­sione a qual­i­dade social da edu­cação, mel­ho­ran­do o aces­so, o pro­gres­so e o desen­volvi­men­to inte­gral dos estu­dantes.

O pro­gra­ma reúne esforços da União, dos esta­dos e do Dis­tri­to Fed­er­al e dos municí­pios e pre­vê apoio téc­ni­co-pedagógi­co e finan­ceiro, pro­dução e divul­gação de guias temáti­cos sobre os anos finais e incen­tivos finan­ceiros a esco­las pri­or­izadas segun­do critérios socioe­conômi­cos e étni­co-raci­ais.

Comparação internacional

O estu­do Diál­o­gos políti­cos em foco para o Brasil — Insights inter­na­cionais para for­t­ale­cer a resil­iên­cia e a capaci­dade de respos­ta no ensi­no secundário infe­ri­or foi lança­do durante o even­to. Real­iza­da pela Orga­ni­za­ção para a Coop­er­ação e Desen­volvi­men­to Econômi­co (OCDE) e Fun­dação Itaú Social, a pesquisa traz um panora­ma do cenário brasileiro, faz com­para­ções com out­ros país­es e reúne ini­cia­ti­vas bem-suce­di­das tan­to brasileiras quan­to inter­na­cionais voltadas para as ado­lescên­cias.

De acor­do com o estu­do, a maio­r­ia dos país­es da OCDE vê a con­clusão do ensi­no secundário supe­ri­or (eta­pa equiv­a­lente ao ensi­no médio brasileiro), como req­ui­si­to mín­i­mo para uma vida ple­na. Assim, os sis­temas de ensi­no devem garan­tir que todos os alunos do ensi­no fun­da­men­tal avancem para a próx­i­ma fase.

Os dados mostram, no entan­to, que nen­hum país da OCDE e nem o Brasil reúnem ao mes­mo tem­po três indi­cadores con­sid­er­a­dos impor­tantes para um bom desem­pen­ho esco­lar: sen­so de per­tenci­men­to, cli­ma dis­ci­pli­nar e apoio docente. Nen­hum país pos­sui ess­es três indi­cadores pos­i­tivos. Os dados são basea­d­os nas respostas dos próprios estu­dantes de 15 anos no Pro­gra­ma Inter­na­cional de Avali­ação de Alunos (Pisa) 2022.

O Brasil fica em últi­mo lugar em relação ao sen­so de per­tenci­men­to e está tam­bém entre as piores colo­cações em ter­mos do cli­ma dis­ci­pli­nar nas esco­las.

O estu­do apon­ta algu­mas práti­cas desen­volvi­das e apli­cadas em alguns país­es como pos­si­bil­i­dades para mel­ho­rar a eta­pa de ensi­no. Entre elas, ouvir estu­dantes em difer­entes está­gios de elab­o­ração de políti­cas pub­li­cas de for­ma reg­u­lar e ser proa­t­i­vo em tornar a esco­la um lugar onde os estu­dantes querem estar.

A pesquisa mostra ain­da que os alunos pre­cisam de aju­da para enten­der onde estão e para onde podem ir com a for­mação esco­lar. Isso pode motivá-los a seguir estu­dan­do. Para isso são citadas práti­cas de con­stru­ir pontes entre difer­entes fas­es da edu­cação e ofer­e­cer infor­mações de car­reiras para aque­les que mais pre­cisam.

Edital de pesquisa

Para incen­ti­var estu­dos volta­dos aos anos finais do ensi­no fun­da­men­tal e para as ado­lescên­cias, segun­do o dire­tor de Políti­cas e Dire­trizes da Edu­cação Inte­gral Bási­ca do Min­istério da Edu­cação (MEC), Alexsan­dro San­tos, o min­istério irá lançar, jun­to com a Fun­dação Itaú, um edi­tal de pesquisa para recon­hecer, iden­ti­ficar e for­t­ale­cer boas práti­cas do ensi­no de matemáti­ca nos anos finais do ensi­no fun­da­men­tal.

De acor­do com o dire­tor, o edi­tal, que está na fase de elab­o­ração, dev­erá ser volta­do a pro­fes­sores da edu­cação bási­ca, gru­pos de pesquisa e asso­ci­ações da sociedade civ­il que ten­ham ini­cia­ti­vas voltadas para essa temáti­ca.

Edição: Car­oli­na Pimentel

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