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Brasil é o primeiro do mundo em potencial de descoberta de espécies

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Repro­dução: © Val­ter Campanato/Agência Brasil

Fauna e flora brasileiras ainda escondem mistérios biológicos


Pub­li­ca­do em 05/06/2021 — 08:51 Por Pedro Ivo de Oliveira – Repórter da Agên­cia Brasil — Brasília

Um país de pro­porções con­ti­nen­tais, com uma vari­ação tão grande de bio­mas, cli­mas e alti­tudes que pode, com facil­i­dade, abri­gar a maior var­iedade do mun­do de espé­cies de plan­tas e ani­mais que ain­da não foram cat­a­lo­ga­dos pela ciên­cia. Este é o Brasil em 2021, segun­do um estu­do pub­li­ca­do no per­iódi­co cien­tí­fi­co Nature, Ecol­o­gy and Evo­lu­tion

A pesquisa rev­ela, por meio de mod­e­los matemáti­cos cal­cu­la­dos por com­puta­dor, que 70% do poten­cial de descober­ta de espé­cies con­cen­tra-se em ape­nas dez país­es, den­tre os quais o Brasil, que, soz­in­ho, tem 10% de todas as espé­cies ain­da não descritas.

A Amazô­nia e as flo­restas de Mata Atlân­ti­ca respon­dem por 60% do poten­cial de descober­ta no país, afir­ma o biól­o­go brasileiro Mario Moura, pesquisador da Uni­ver­si­dade Fed­er­al da Paraí­ba (UFPB), que lid­er­ou o estu­do e criou o algo­rit­mo de cál­cu­lo de prob­a­bil­i­dade de descober­ta de novas espé­cies basea­do em ani­mais ver­te­bra­dos ter­restres.

“Em gru­pos de ani­mais menores, como inver­te­bra­dos e pequenos anfíbios, o poten­cial de descober­ta é imen­so. Em botâni­ca, tam­bém temos bio­di­ver­si­dade capaz de ger­ar muitas novas espé­cies o tem­po todo”, afir­ma o biól­o­go Paulo de Tar­so Antas, pesquisador de aves sil­vestres, mem­bro da Fun­dação Pró-Natureza (Funatu­ra) e inte­grante da Rede de Espe­cial­is­tas em Con­ser­vação da Natureza.

Iden­ti­ficar, estu­dar e cat­a­log­ar espé­cies é um tra­bal­ho exten­so e árduo. Esti­ma­ti­vas recentes rev­e­lam que o plan­e­ta Ter­ra con­ta com 8,7 mil­hões de espé­cies de fau­na e flo­ra, das quais ape­nas 1,5 mil­hão são descritas em doc­u­men­tos cien­tí­fi­cos.

“Com certeza, temos poten­cial para descober­ta de novas espé­cies. Isso se deve à grandeza em exten­são e à diver­si­dade de ambi­entes. São 3,5 mil­hões de quilômet­ros quadra­dos de cos­ta mar­in­ha. Nes­sa faixa, temos manguezais, restin­gas, dunas e out­ros bio­mas asso­ci­a­dos. Em alti­tude, o Brasil tem bio­mas com vari­ação de 3 mil met­ros. Con­hecer e enten­der a dinâmi­ca das espé­cies e dos ecos­sis­temas é extrema­mente necessário”, afir­ma a ger­ente de Ciên­cia e Con­ser­vação da Fun­dação Grupo Boticário, Mar­i­on Sil­va.

Descobertas científicas

O proces­so para iden­ti­ficar e cat­a­log­ar novas espé­cies de fau­na e flo­ra exige con­hec­i­men­to téc­ni­co apu­ra­do e mui­ta exper­iên­cia com a bio­di­ver­si­dade exis­tente em deter­mi­na­dos locais. Só assim é pos­sív­el difer­en­ciar espé­cies mais raras e as mais comuns, expli­ca Hud­son Pin­heiro, cien­tista do Cen­tro de Biolo­gia Mar­in­ha da Uni­ver­si­dade de São Paulo (USP) e mer­gul­hador pro­fun­do da Acad­e­mia de Ciên­cias da Cal­ifór­nia.

Segun­do o cien­tista, é pos­sív­el achar espé­cies que já foram descritas, mas nun­ca foram cat­a­lo­gadas em deter­mi­nadas regiões. O papel dos museus é fun­da­men­tal, já que guardam vas­tos arquiv­os cien­tí­fi­cos com reg­istros e exem­plares de ani­mais e plan­tas, com suas dev­i­das car­ac­terís­ti­cas e habi­tats.

“Na min­ha área [mer­gul­hos pro­fun­dos], desco­b­ri­mos seis espé­cies nun­ca visu­al­izadas e cat­a­lo­gadas em ape­nas duas expe­dições difer­entes. A taxa de descober­ta é de duas novas espé­cies por hora de explo­ração em ambi­entes pro­fun­dos”, expli­ca Pin­heiro, que tam­bém é mem­bro da Rede Espe­cial­is­tas em Con­ser­vação da Natureza.

Para o reg­istro final, porém, o pra­zo para cat­a­lo­gação e nomeação de deter­mi­na­da descober­ta pode chegar a dez anos, diz Pin­heiro. “É um tra­bal­ho que pre­cisa de com­para­ção entre indi­ví­du­os, com­para­ção entre muitas out­ras espé­cies. É muito especí­fi­co. Exis­tem espé­cies descober­tas há muito tem­po que ain­da estão no proces­so, infe­liz­mente. A ciên­cia é car­ente de tax­on­o­mis­tas — profis­sion­ais que dão nome e clas­si­fi­cam as espé­cies.”

A genéti­ca – proces­so de com­para­ção de exem­plares usan­do car­ac­terís­ti­cas de sim­i­lar­i­dade entre o DNA – é uma das fer­ra­men­tas que vêm sendo usadas para encur­tar o proces­so de descober­ta e clas­si­fi­cação de novas espé­cies, lem­bra o cien­tista.

Dia Mundial do Meio Ambiente

Neste sába­do (5), comem­o­ra-se o Dia Mundi­al do Meio Ambi­ente, insti­tuí­do em 1974 pela Orga­ni­za­ção das Nações Unidas (ONU) para con­sci­en­ti­zar país­es sobre a importân­cia da preser­vação ecológ­i­ca da fau­na e da flo­ra em escala mundi­al.

Ouça na Radioagência Nacional

Para 2021, a cam­pan­ha Reimag­ine. Recrie. Restau­re foi lança­da como even­to ini­cial da chama­da Déca­da da Restau­ração de Ecos­sis­temas 2021–2030 – um plano estratégi­co para país­es sig­natários da ONU que bus­ca finan­ciar ações de recu­per­ação de áreas verdes dev­as­tadas em todos os con­ti­nentes.

Com sede no Paquistão, o even­to apre­sen­ta um relatório glob­al que tra­ta da restau­ração de ecos­sis­temas que chegaram per­to da extinção e tiver­am a área reduzi­da dras­ti­ca­mente. De acor­do com as metas apre­sen­tadas, os país­es sig­natários devem se com­pro­m­e­ter a restau­rar 1 bil­hão de hectares de bio­mas des­flo­resta­dos em dez anos.

“Vive­mos em um mun­do fini­to e depen­demos do nos­so entorno, o meio ambi­ente. Tudo que deman­damos no dia a dia tem um pé na natureza. Pre­cisamos chamar a atenção para a inter­de­pendên­cia dos seres vivos e para o pon­to de vista éti­co: cheg­amos ao plan­e­ta como espé­cie e pre­cisamos preser­var tam­bém as out­ras espé­cies”, afir­ma o biól­o­go Paulo de Tar­so Antas.

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