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Brasil integra projeto de supertelescópio para mapear céu por 10 anos

Repro­dução: © Nasa

Parceria garante a participação de 170 pesquisadores brasileiros


Publicado em 18/08/2024 — 09:49 Por Ana Cristina Campos — Repórter da Agência Brasil — Rio de Janeiro

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Um dos empreendi­men­tos mais grandiosos da astrono­mia mod­er­na, o superte­lescó­pio a ser usa­do pelo pro­je­to Lega­cy Sur­vey of Space and Time (LSST), ini­cia em breve a sua fase opera­cional. Todas as noites, durante dez anos, ele mapeará o céu do Hem­is­fério Sul e disponi­bi­liza­ção as infor­mações para a comu­nidade cien­tí­fi­ca.

O Brasil fará parte da empre­ita­da inter­na­cional inédi­ta de US$ 1 bil­hão, ao lado dos EUA, do Chile, que hospe­da o obser­vatório, e de 43 gru­pos de pesquisa inter­na­cionais de 28 país­es. Para isso, um acor­do de coop­er­ação cien­tí­fi­ca até 2038 aca­ba de ser assi­na­do pelo Lab­o­ratório Interin­sti­tu­cional de e‑Astronomia (Lin­eA), do Brasil, com o SLAC Nation­al Accel­er­a­tor Lab­o­ra­to­ry, asso­ci­a­do da Uni­ver­si­dade Stan­ford, que rep­re­sen­ta o Depar­ta­men­to de Ener­gia amer­i­cano.

Na sem­ana que vem, já começam os testes com a câmera e, em setem­bro, serão pro­duzi­das as primeiras ima­gens do telescó­pio. A parce­ria garante a par­tic­i­pação de 170 brasileiros no pro­je­to, 80% deles jovens pesquisadores, além de estu­dantes e téc­ni­cos, envol­ven­do 26 insti­tu­ições de ensi­no de 12 esta­dos que for­mam o Grupo de Par­tic­i­pação Brasileiro con­heci­do por BPG-LSST.

Insta­l­a­do em Cer­ro Pachón, no Chile, o superte­lescó­pio de 8,4 met­ros de diâmetro, com a maior câmera dig­i­tal do mun­do, de ultra­definição, com 3,2 bil­hões de pix­els, rep­re­sen­ta um avanço mon­u­men­tal na obser­vação do Uni­ver­so e vai escanear o céu para cap­turar ima­gens detal­hadas de “obje­tos” (estre­las, galáx­i­as, aster­oides) no espaço.

Sob a lid­er­ança do Obser­vatório Vera C.Rubin, dos EUA, será feito um lev­an­ta­men­to fotométri­co do Hem­is­fério Sul, com ima­gens de altís­si­ma res­olução com seis difer­entes fil­tros de cores. Cada posição será obser­va­da mil vezes, em dez anos, com grande pro­fun­di­dade, pro­duzin­do um filme do Uni­ver­so jamais feito.

A con­tra­parti­da do Brasil será a gestão de um grande cen­tro de dados para armazena­men­to e proces­sa­men­to de parte das infor­mações ger­adas pelo LSST. Uma equipe de tec­nolo­gia da infor­mação desen­volveu e vai oper­ar um soft­ware de Big Data com car­ac­terís­ti­cas úni­cas.

Em 2021, o LIn­eA ini­ciou a implan­tação desse cen­tro de dados, con­heci­do como Inde­pen­dent Data Access Cen­ter (IDAC), que fará parte de uma rede mundi­al for­ma­da por out­ros cen­tros inter­na­cionais. Anual­mente, será pro­duzi­do um imen­so catál­o­go com dezenas de bil­hões de obje­tos, que pode chegar a cer­ca de 37 bil­hões em dez anos.

O astrofísi­co Luiz Nico­laci da Cos­ta, dire­tor do Lab­o­ratório Interin­sti­tu­cional de e‑Astronomia (Lin­eA), infor­ma que já haverá dados disponíveis a par­tir do segun­do semes­tre. “Os jovens pesquisadores terão aces­so priv­i­le­gia­do aos dados e poderão faz­er ciên­cia de qual­i­dade. Esse pro­je­to é úni­co. É uma mudança de par­a­dig­ma. O uni­ver­so está numa expan­são acel­er­a­da e isso está sendo cau­sa­do pela ener­gia escu­ra”, disse.

Segun­do Nico­laci, o obje­ti­vo do pro­je­to é enten­der a natureza dessa ener­gia escu­ra, con­hec­i­men­to de fun­da­men­tal importân­cia para a físi­ca bási­ca. “O pro­je­to para faz­er isso tem que obser­var um vol­ume de espaço enorme. Então o que ele vai faz­er é se dedicar a fotogra­far o Hem­is­fério Sul por dez anos, todas as noites. Esse pro­je­to vai explo­rar um vol­ume do uni­ver­so gigan­tesco, sem prece­dentes. É uma opor­tu­nidade úni­ca para o Brasil par­tic­i­par num pro­je­to de van­guar­da”, expli­cou.

O LSST, diz o dire­tor do LIn­eA, não ape­nas ampli­ará nos­sa com­preen­são do uni­ver­so, mas redefinirá a for­ma como os dados astronômi­cos serão anal­isa­dos e inter­pre­ta­dos. A expec­ta­ti­va é que a exper­iên­cia per­mi­ta ao país desen­volver novas soluções com­puta­cionais para geren­ciar e proces­sar grandes vol­umes de dados, além de avançar no cam­po da inteligên­cia arti­fi­cial.

A Asso­ci­ação LIn­eA é um lega­do do pro­gra­ma de Insti­tu­tos Nacionais de Ciên­cia e Tec­nolo­gia (INCT), uma parce­ria entre o CNPq e fun­dações de apoio à pesquisa estad­u­ais. É o úni­co da área de astrono­mia e dá sus­ten­tação às ativi­dades cien­tí­fi­cas do INCT, man­ten­do um cen­tro multi­usuário de e‑ciência e um inten­so pro­gra­ma de desen­volvi­men­to de pro­je­tos e platafor­mas cien­tí­fi­cas.

O Obser­vatório Vera C. Rubin é oper­a­do pela Asso­ci­a­tion of Uni­ver­si­ties for Research in Astron­o­my (AURA) e foi finan­cia­do, em con­jun­to, pela Fun­dação Nacional de Ciên­cia dos EUA (NSF) e pelo Depar­ta­men­to de Ener­gia dos EUA (DOE). Des­de 2015, o Brasil se inte­grou ao pro­je­to. O Lin­ea, respon­sáv­el pela con­tra­parti­da brasileira, ain­da bus­ca recur­sos para via­bi­lizar a ini­cia­ti­va, esti­ma­da em R$ 6 mil­hões anu­ais, basi­ca­mente para o custeio da equipe de oper­ação do cen­tro de dados e de desen­volvi­men­to de soft­ware para anal­is­ar o grande vol­ume de infor­mações cole­tadas.

Edição: Aécio Ama­do

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