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Brasil integra rede da OMS para monitoramento de coronavírus

Repro­dução: © Josué Damacena/IOC/Fiocruz

Organização reúne 36 laboratórios de 21 países


Publicado em 14/04/2024 — 10:27 Por Mariana Tokarnia – Repórter da Agência Brasil — Rio de Janeiro

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O Brasil pas­sa a faz­er parte de um grupo inter­na­cional para mon­i­torar os difer­entes tipos de coro­n­avírus e iden­ti­ficar novas cepas que pos­sam rep­re­sen­tar riscos para a saúde públi­ca além de bus­car se ante­ci­par a uma nova pan­demia. A chama­da CoViNet é um des­do­bra­men­to da rede de lab­o­ratórios de refer­ên­cia esta­b­ele­ci­da pela Orga­ni­za­ção Mundi­al da Saúde (OMS) no iní­cio da pan­demia de covid-19. O país é rep­re­sen­ta­do pelo Lab­o­ratório de Vírus Res­pi­ratórios, Exan­temáti­cos, Enterovírus e Emergên­cias Virais do Insti­tu­to Oswal­do Cruz (IOC/Fiocruz).

A rede reúne 36 lab­o­ratórios de 21 país­es com exper­tis­es em vig­ilân­cia de coro­n­avírus em humanos, ani­mais e ambi­ente. “Nós temos que ter uma rede que ten­ha pes­soas capac­i­tadas, com bas­tante exper­tise, não só na saúde humana, mas tam­bém ani­mal e ambi­en­tal de coro­n­avírus. E essa rede, então, foi desen­volvi­da, jus­ta­mente para dar apoio, não só ao seu país de origem, mas glob­al­mente. O que a gente quer é se ante­ci­par a uma nova pan­demia. Isso é um grande desafio no momen­to no qual os gov­er­nos, jun­to com a OMS, estão tra­bal­han­do”, diz a chefe do Lab­o­ratório , Mar­il­da Siqueira.

Este não é o primeiro grupo do qual o Lab­o­ratório de Vírus Res­pi­ratórios, Exan­temáti­cos, Enterovírus e Emergên­cias Virais par­tic­i­pa. Des­de 1951, segun­do Siqueira, o lab­o­ratório é refer­ên­cia para o vírus influen­za, que é o vírus da gripe, para a OMS. Em 2020, com a pan­demia, o lab­o­ratório foi con­vi­da­do a par­tic­i­par tam­bém do grupo volta­do para o SARS-CoV­‑2, vírus cau­sador da covid-19. A intenção ini­cial era a capac­i­tação para o diag­nós­ti­co por meio do exame PCR em tem­po real, que foi a metodolo­gia escol­hi­da para a detecção lab­o­ra­to­r­i­al do vírus. O lab­o­ratório tor­na-se, então, refer­ên­cia na Améri­ca do Sul e Caribe.

No final de 2023, a OMS decide ampli­ar e con­sol­i­dar a rede for­ma­da durante a pan­demia e lança uma chama­da para lab­o­ratórios de todo o mun­do. O lab­o­ratório do IOC/Fiocruz foi um dos sele­ciona­dos para com­por a CoViNet. “Nós temos que con­tin­uar fazen­do esse tra­bal­ho, ago­ra já com uma rede glob­al estru­tu­ra­da den­tro de deter­mi­na­dos pro­ced­i­men­tos para que a gente pos­sa, por exem­p­lo, enten­der como esse vírus vai evoluin­do e o que isso pode ou não influ­en­ciar na com­posição da cepa vaci­nal”, expli­ca Siqueira.

Monitoramento constante

O tra­bal­ho do grupo, como expli­ca Siqueira, é prin­ci­pal­mente mon­i­torar não ape­nas o SARS-CoV­‑2, mas out­ros coro­n­avírus, bus­can­do iden­ti­ficar qual­quer mutação que ofer­eça risco para a saúde públi­ca. Isso inclui mon­i­torar tam­bém ani­mais que pos­sam trans­mi­tir ess­es vírus e out­ras mudanças na natureza, prin­ci­pal­mente do avanço do ser humano na natureza, que pos­sam favore­cer a con­t­a­m­i­nação por novos vírus. “Quan­do a gente fala de uma nova pan­demia, per­gun­ta-se, quan­do isso vai acon­te­cer? Não sei, pode ser aman­hã, pode ser daqui a um ano, pode ser daqui a 50 anos. É impre­visív­el. Mas, a gente tem que estar prepara­do, cer­to?”, diz a chefe do lab­o­ratório.

Além dis­so, a rede está aten­ta a mutações que pos­sam sur­gir e ao avanço das que já estão em cir­cu­lação, com a intenção de saber, por exem­p­lo, o impacto dis­so nas vaci­nas, isto é, a neces­si­dade de pro­dução de novas vaci­nas, assim como as neces­si­dades do sis­tema de saúde se adap­tar para aten­der a pop­u­lação.

“O que nós sabe­mos é que nós temos que estar mel­hor prepara­dos do que nós estive­mos para a últi­ma. Então, para isso, a gente tem que tra­bal­har em rede, tra­bal­har tro­can­do infor­mações com fre­quên­cia”, diz Siqueira. No âmbito da CoViNet, ela con­ta que par­tic­i­pa de reuniões reg­u­lares. “Nós temos uma reunião online a cada três sem­anas em que nós dis­cu­ti­mos como é que está a evolução viral do SARS-CoV, porque isso pode impactar em ter novas epi­demias de SARS-CoV, em ter um aumen­to do número de casos, o que impacta o número de leitos hos­pi­ta­lares, cer­to? Impacta na vaci­na que é disponi­bi­liza­da, dessa vaci­na ser ou não mais a vaci­na que deve ser dada para a pop­u­lação, porque o vírus pode mudar muito. Se essa vaci­na não adi­anta, tem que rap­i­da­mente faz­er uma nova”, diz.

Preparo brasileiro

Segun­do a pesquisado­ra, a pan­demia por um coro­n­avírus foi algo que pegou o mun­do de sur­pre­sa. O mon­i­tora­men­to con­stante que era feito era com o vírus da gripe, o influen­za. “Porque influen­za já cau­sou várias pan­demias no sécu­lo pas­sa­do, inclu­sive aque­la gripe espan­ho­la, então isso fica na memória. O coro­n­avírus, na ver­dade, foi meio uma sur­pre­sa, porque a gente esta­va todo mun­do se preparan­do para a influen­za, e veio o coro­n­avírus”, diz.

O Brasil, inclu­sive con­ta com man­u­ais e guias para o caso de uma pan­demia por influen­za. Então, de acor­do com Siqueira, nesse momen­to, o país está tam­bém revisan­do os man­u­ais e guias. “Com a pan­demia de covid-19, nós tive­mos muitas lições apren­di­das, cer­to? Então, foram muitas estraté­gias que der­am cer­to e muitas que não der­am cer­to. Ninguém pode sofr­er o que todo mun­do sofreu, o impacto em saúde humana, o impacto social, o impacto emo­cional, o impacto finan­ceiro, sem tirar nen­hu­ma lição dis­so”, ressalta.

Ela expli­ca que a chave para se com­bat­er uma próx­i­ma pan­demia é detec­tá-la o mais rap­i­da­mente pos­sív­el. “É uma pre­ocu­pação pelo que nós chamamos de saúde úni­ca, que é uma saúde que envolve não só a saúde humana, mas tam­bém a saúde ani­mal e a saúde ambi­en­tal, porque nós somos inter­de­pen­dentes”, diz e acres­cen­ta: “Existe uma preparação tan­to a nív­el nacional quan­to a nív­el inter­na­cional”.

Segun­do o IOC/Fiocruz, os dados ger­a­dos pelo CoViNet irão ori­en­tar o tra­bal­ho dos Gru­pos Téc­ni­cos Con­sul­tivos sobre Evolução Viral (TAG-VE) e de Com­posição de Vaci­nas (TAG-CO-VAC) da Orga­ni­za­ção, garan­ti­n­do que as políti­cas e fer­ra­men­tas de saúde glob­al este­jam embasadas nas infor­mações cien­tí­fi­cas mais recentes e pre­cisas.

Edição: Valéria Aguiar

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