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Brasil investe menos em educação que países da OCDE

Repro­dução: © Arqui­vo Agên­cia Brasil

Estudo aponta queda na aplicação de recursos no setor em 2019 e 2020


Pub­li­ca­do em 12/09/2023 — 06:32 Por Mar­i­ana Tokar­nia – Repórter da Agên­cia Brasil — Rio de Janeiro

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O Brasil investe menos em edu­cação do que os país­es da Orga­ni­za­ção para a Coop­er­ação e Desen­volvi­men­to Econômi­co (OCDE), de acor­do com o relatório Edu­ca­tion at a Glance 2023, lança­do nes­ta terça-feira (12), que reúne dados da edu­cação dos país­es mem­bros do grupo e de país­es par­ceiros, como o Brasil.  

O relatório da OCDE mostra que, enquan­to o Brasil investiu em 2020 US$ 4.306 por estu­dante, o equiv­a­lente a aprox­i­mada­mente R$ 21,5 mil, os país­es da OCDE inve­sti­ram, em média, US$ 11.560, ou R$ 57,8 mil. Os val­ores são ref­er­entes aos inves­ti­men­tos feitos des­de o ensi­no fun­da­men­tal até a edu­cação supe­ri­or.

Os inves­ti­men­tos no Brasil se reduzi­ram entre 2019 e 2020. Em média, na OCDE, a despe­sa total dos gov­er­nos com a edu­cação cresceu 2,1% entre 2019 e 2020, a um rit­mo mais lento do que a despe­sa total do gov­er­no em todos os serviços, que cresceu 9,5%. No Brasil, o gas­to total do gov­er­no com edu­cação diminuiu 10,5%, enquan­to o gas­to com todos os serviços aumen­tou 8,9%. Na análise da OCDE, isso pode ter ocor­ri­do dev­i­do à pan­demia de covid-19.

“O finan­cia­men­to ade­qua­do é uma condição prévia para pro­por­cionar uma edu­cação de alta qual­i­dade”, diz o relatório. A maio­r­ia dos país­es da OCDE investe entre 3% e 4% do seu Pro­du­to Inter­no Bru­to (PIB) no ensi­no fun­da­men­tal e médio, chegan­do a menos 5% do PIB na Colôm­bia e em Israel. A por­cent­agem de inves­ti­men­to brasileira não con­s­ta des­ta edição do relatório.

Sobre essa medi­da de inves­ti­men­to, a OCDE faz uma ressal­va: “O inves­ti­men­to na edu­cação como per­cent­agem do PIB é uma medi­da da pri­or­i­dade que os país­es atribuem à edu­cação, mas não reflete os recur­sos disponíveis nos sis­temas educa­tivos, uma vez que os níveis do PIB vari­am entre país­es”.

As despe­sas por aluno vari­am muito entre os país­es da OCDE. A Colôm­bia, o Méx­i­co e a Turquia gas­tam anual­mente menos de US$ 5 mil por estu­dante, ou R$ 25 mil, enquan­to Lux­em­bur­go gas­ta quase US$ 25 mil, ou R$ 125 mil. Exis­tem tam­bém difer­enças sig­ni­fica­ti­vas nas despe­sas por estu­dante de acor­do com a eta­pa de ensi­no.

Por lei, pelo Plano Nacional de Edu­cação (PNE), o Brasil deve inve­stir pelo menos 10% do PIB em edu­cação até 2024. Segun­do o últi­mo relatório de mon­i­tora­men­to da lei, feito pelo Insti­tu­to Nacional de Estu­dos e Pesquisas Edu­ca­cionais Aní­sio Teix­eira (Inep), em 2022, o inves­ti­men­to brasileiro em edu­cação chega­va a 5,5% do PIB, e o inves­ti­men­to públi­co em edu­cação públi­ca, a 5% do PIB, “bem dis­tantes das metas esta­b­ele­ci­das no PNE. Ess­es resul­ta­dos apon­tam para uma grande difi­cul­dade dos entes em aumen­tar o orça­men­to des­ti­na­do à edu­cação”, diz o tex­to do Inep.

Salário de professores

O relatório da OCDE tam­bém apon­ta a neces­si­dade de val­oriza­ção dos pro­fes­sores. Segun­do o estu­do, muitos país­es da OCDE enfrentam escassez dess­es profis­sion­ais. “Salários com­pet­i­tivos são cru­ci­ais para reter pro­fes­sores e atrair mais pes­soas para a profis­são, emb­o­ra out­ros fatores tam­bém sejam impor­tantes. Em muitos país­es da OCDE, o ensi­no não é uma opção de car­reira finan­ceira­mente atraente”, diz o tex­to.

Em média, os salários reais dos pro­fes­sores do ensi­no secundário são 10% infe­ri­ores aos dos tra­bal­hadores do ensi­no supe­ri­or, mas, em alguns país­es, a difer­ença é supe­ri­or a 30%. “O baixo cresci­men­to salar­i­al dos pro­fes­sores expli­ca, em parte, a dis­pari­dade entre os salários dos pro­fes­sores e os de out­ros tra­bal­hadores com ensi­no supe­ri­or”, diz a orga­ni­za­ção. Os salários legais reais caíram em quase metade de todos os país­es da OCDE para os quais exis­tem dados disponíveis. Isto, segun­do o relatório, segue-se a um perío­do de cresci­men­to salar­i­al baixo ou mes­mo neg­a­ti­vo em muitos país­es, no rescal­do da crise finan­ceira de 2008/2009.

No Brasil, tam­bém pelo PNE, o salário dos pro­fes­sores dev­e­ria ter sido equipara­do ao dos demais profis­sion­ais com esco­lar­i­dade equiv­a­lente até 2020. Segun­do o mon­i­tora­men­to de 2022, os salários dos pro­fes­sores pas­saram de 65,2% dos salários dos demais profis­sion­ais, em 2012, para 82,5%, em 2021, seguin­do ain­da desval­oriza­dos.

Education at a Glance 

O relatório Edu­ca­tion at a Glance reúne infor­mações sobre o esta­do da edu­cação em todo o mun­do. Fornece dados sobre estru­tu­ra, finanças e desem­pen­ho dos sis­temas educa­tivos nos país­es da OCDE e em país­es can­didatos e par­ceiros da Orga­ni­za­ção.

A edição de 2023 é cen­tra­da no ensi­no e na for­mação profis­sion­al. A edição inclui tam­bém um novo capí­tu­lo – Garan­tir a apren­diza­gem con­tínua aos refu­gia­dos ucra­ni­anos – que apre­sen­ta os resul­ta­dos de uma pesquisa da OCDE 2023 que recol­heu dados sobre as medi­das tomadas pelos país­es da orga­ni­za­ção para inte­grá-los nos seus sis­temas educa­tivos.

Edição: Nádia Fran­co

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