...
sábado ,15 fevereiro 2025
Home / Saúde / Brasil pode atingir meta da OMS na eliminação de doenças até 2030

Brasil pode atingir meta da OMS na eliminação de doenças até 2030

Repro­dução: © Marce­lo Camargo/Agência Brasil

Evento em Brasília discute fortalecimento do sistema público de saúde


Pub­li­ca­do em 10/11/2023 — 19:41 Por Daniel­la Almei­da — Repórter da Agên­cia Brasil — Brasília

ouvir:

O dire­tor do Depar­ta­men­to de HIV/Aids, Tuber­cu­lose, Hepatites Virais e Infecções Sex­ual­mente Trans­mis­síveis, da Sec­re­taria de Vig­ilân­cia em Saúde e Ambi­ente do Min­istério da Saúde, Dráu­rio Bar­reira, disse nes­ta sex­ta-feira (10), que o Brasil não tem a pre­ten­são de ter incidên­cia zero de hanseníase, hepatite e HIV (vírus da imun­od­efi­ciên­cia humana, cau­sador da aids), mas vai perseguir a meta da Orga­ni­za­ção Mundi­al da Saúde para o ano de 2030.

“Temos a pre­ten­são de atin­gir as metas colo­cadas pela Orga­ni­za­ção Mundi­al da Saúde para o ano de 2030. O HIV, por exem­p­lo, eu ten­ho abso­lu­ta con­vicção de que a gente vai atin­gir, em 2 anos, as metas [pro­postas pelo Unaids] de 95–95-95, que são detec­tar 95% das pes­soas que têm o HIV; colocá-las, 95% delas, em trata­men­to antir­retro­vi­ral; e tornar inde­tec­táv­el a car­ga viral daque­las tratadas”, disse o dire­tor do Min­istério da Saúde, na 17ª edição da ExpoEpi, Mostra Nacional de Exper­iên­cias Bem-Suce­di­das em Epi­demi­olo­gia, Pre­venção e Con­t­role de Doenças, pro­movi­da pelo Min­istério da Saúde.

Profis­sion­ais do Sis­tema Úni­co de Saúde (SUS), gestores, agentes públi­cos de saúde, pesquisadores, e rep­re­sen­tantes de movi­men­tos soci­ais estiver­am reunidos nes­ta sem­ana, em Brasília, para debater o for­t­alec­i­men­to do sis­tema públi­co de saúde e pro­mover a tro­ca de con­hec­i­men­tos sobre os avanços na saúde cole­ti­va com vis­tas a preparar o Brasil para even­tu­ais emergên­cias em saúde públi­ca.

Brasília (DF), 10/11/2023 - 17ª Mostra Nacional de Experiências Bem-Sucedidas em Epidemiologia, Prevenção e Controle de Doenças (ExpoEpi), no Centro Internacional de Convenções do Brasil (CICB), em Brasília. O evento, promovido pelo Ministério da Saúde, é um espaço para troca de conhecimentos entre gestores, movimentos sociais, academia e profissionais do SUS. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Repro­dução: 17ª Mostra Nacional de Exper­iên­cias Bem-Suce­di­das em Epi­demi­olo­gia, Pre­venção e Con­t­role de Doenças (ExpoEpi) — Foto: Marce­lo Camargo/Agência Brasil

Nos três dias do even­to, foram real­iza­dos painéis, mostras e mesas redondas onde foram debati­dos o panora­ma da saúde cole­ti­va no Brasil e os desafios no cumpri­men­to da Agen­da 2030, da Orga­ni­za­ção das Nações Unidas (ONU), no Obje­ti­vo de Desen­volvi­men­to Sus­ten­táv­el (ODS), que pre­vê acabar com as epi­demias de aids, tuber­cu­lose, malária e doenças trop­i­cais neg­li­gen­ci­adas, até 2030, e tam­bém o com­bate às hepatites e out­ras doenças trans­mi­ti­das pela água.

Dráu­rio Bar­reira comem­o­rou que o municí­pio de São Paulo já atingiu a métri­ca de elim­i­nação da trans­mis­são ver­ti­cal do HIV. Segun­do ele, há 5 anos o municí­pio tem decrésci­mo do número de casos de aids.

Durante a palestra, Dráu­rio Bar­reira defend­eu a neces­si­dade de dar uma atenção espe­cial aos gru­pos com grande per­centu­al de casos novos de doenças infec­ciosas, como a pop­u­lação em situ­ação de rua, a pop­u­lação pri­va­da de liber­dade, a pop­u­lação LGBTQIA+ e povos tradi­cionais.

Já a dire­to­ra do Depar­ta­men­to de Doenças Trans­mis­síveis do Min­istério da Saúde, Alda Maria da Cruz, tra­tou dos entrav­es para elim­i­nação de diver­sas doenças de pop­u­lações neg­li­gen­ci­adas. Ela citou alguns desafios na pre­venção e trata­men­to da hanseníase. “A alta rota­tivi­dade dos profis­sion­ais, a for­mação defi­ciente em hanseníase e, para isso, a gente vai tra­bal­har na capac­i­tação com ofic­i­nas e cur­sos orga­ni­za­dos pelo Min­istério da Saúde. A gente tam­bém vai mel­ho­rar a capaci­dade da rede no diag­nós­ti­co, no trata­men­to e pre­venção da hanseníase. Além da questão da reg­u­lação de refer­ên­cia e a reestru­tu­ração da rede de reabil­i­tação [dos pacientes]”.

Brasília (DF), 10/11/2023 - 17ª Mostra Nacional de Experiências Bem-Sucedidas em Epidemiologia, Prevenção e Controle de Doenças (ExpoEpi), no Centro Internacional de Convenções do Brasil (CICB), em Brasília. O evento, promovido pelo Ministério da Saúde, é um espaço para troca de conhecimentos entre gestores, movimentos sociais, academia e profissionais do SUS. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Repro­dução: 17ª Mostra Nacional de Exper­iên­cias Bem-Suce­di­das em Epi­demi­olo­gia, Pre­venção e Con­t­role de Doenças (ExpoEpi) — Foto: Marce­lo Camargo/Agência Brasil

Em palestra que deba­teu a saúde da pop­u­lação negra e o racis­mo no SUS em relação aos usuários e aos profis­sion­ais de saúde, a pro­fes­so­ra da Uni­ver­si­dade Fed­er­al do Recôn­ca­vo da Bahia (UFRB) Jeane Saskya expôs situ­ações como a min­i­miza­ção ou a negação do racis­mo ou do priv­ilé­gio de pes­soas bran­cas; a desqual­i­fi­cação de denún­cias; invis­i­bi­liza­ção ou imped­i­men­to de ascen­são de profis­sion­ais negros do SUS e out­ros assé­dios.

Jeane Saskya con­de­nou a sub­no­ti­fi­cação do que­si­to raça-cor no pron­tuário de pacientes, o que, segun­do ela, prej­u­di­ca a cole­ta de dados, a definição do per­fil epi­demi­ológi­co da pop­u­lação pre­ta e, con­se­quente­mente, a con­strução de políti­cas públi­cas especí­fi­cas para esse públi­co.

Em entre­vista à Agên­cia Brasil, a docente lem­brou que uma das bases do SUS é a equidade e a pri­or­i­dade que deve ser dada às pop­u­lações que estão com maiores riscos à saúde, e que pre­cisam de mais inves­ti­men­to políti­co, de finan­cia­men­to na assistên­cia.

“Sabe­mos que esse racis­mo pode traz­er sérios pre­juí­zos de não cuida­do, de não assistên­cia. A pop­u­lação negra desen­volve uma série de doenças por causas que pode­ri­am ser tran­quil­a­mente evitáveis, por neg­ligên­cia, por vio­lên­cia e causas exter­nas que pode­ri­am ser evi­tadas. Para o próprio bom anda­men­to do sis­tema de saúde, é impor­tante que essa pop­u­lação ten­ha a saúde pro­te­gi­da, até para não sobre­car­regar, por uma questão éti­ca tam­bém, porque somos cidadãos de dire­itos, nós temos dire­ito à saúde”, expli­cou.

Sobre a saúde de migrantes, apátri­das e refu­gia­dos no Brasil, o coor­de­nador-ger­al de Vig­ilân­cia das Emergên­cias em Saúde Públi­ca, João Rober­to Cav­al­cante Sam­paio rela­tou episó­dios de neg­ligên­cia e de dis­crim­i­nação de pes­soas vin­das de out­ros país­es, sobre­tu­do durante a pan­demia da covid-19.

“Eles enfrentam doenças antes, durante e depois da migração força­da, muitos enfrentam doenças trans­mis­síveis, mas a maio­r­ia enfrenta doenças crôni­cas. Além, obvi­a­mente, de sofri­men­to em saúde men­tal”.

João Rober­to ressalta que o aces­so ao SUS é uni­ver­sal e não pode ser restri­to aos cidadãos brasileiros.

Intervenções sociais

Brasília (DF), 10/11/2023 - 17ª Mostra Nacional de Experiências Bem-Sucedidas em Epidemiologia, Prevenção e Controle de Doenças (ExpoEpi), no Centro Internacional de Convenções do Brasil (CICB), em Brasília. O evento, promovido pelo Ministério da Saúde, é um espaço para troca de conhecimentos entre gestores, movimentos sociais, academia e profissionais do SUS. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Repro­dução: 17ª ExpoEpi abriu espaço para tro­ca de con­hec­i­men­tos entre gestores, movi­men­tos soci­ais, acad­e­mia e profis­sion­ais do SUS — Foto: Marce­lo Camargo/Agência Brasil

Na ExpoEpi, palestrantes tiver­am con­ta­to mais próx­i­mo com o públi­co e pud­er­am relatar inter­venções soci­ais desen­volvi­das pelos movi­men­tos soci­ais.

Ana Bar­ti­ra da Pen­ha Sil­va, assis­tente social no bair­ro da Engen­ho­ca, em Niterói, no Rio de Janeiro, e mem­bro do Cen­tro de Estu­dos de Afro-Brasileiro Ironides Rodrigues, disse que usa a comu­ni­cação como recur­so de enfrenta­men­to ao racis­mo reli­gioso cometi­do con­tra prat­i­cantes de religiões de matriz africana den­tro do sis­tema de saúde. Ela recla­ma da fal­ta de aces­so à saúde na atenção bási­ca.

“É muito impor­tante que esse pos­to de saúde, onde ocorre o primeiro atendi­men­to, seja um espaço acol­he­dor, que enten­da a comu­nidade como um todo. Cada um tem um prob­le­ma especí­fi­co e deman­das. A comu­nidade não con­segue aces­sar os pos­tos de saúde, mui­ta gente está doente por fal­ta do aces­so à saúde”.

Uma das espec­ta­do­ra do even­to, a inte­grante da equipe do Dis­tri­to San­itário Espe­cial Indí­ge­nas do Médio Rio Purus, no Ama­zonas, a médi­ca Adriny Galvão, teve a opor­tu­nidade de con­hecer out­ros profis­sion­ais de saúde que tra­bal­ham tam­bém em ter­ritórios indí­ge­nas de várias partes do país. Ela con­seguiu com­par­til­har vivên­cias na prestação de atenção primária à saúde dire­ciona­da às pop­u­lações indí­ge­nas e sobre a vig­ilân­cia epi­demi­ológ­i­ca nes­sas local­i­dades.

“A vig­ilân­cia [epi­demi­ológ­i­ca] den­tro de um ter­ritório indí­ge­na não é algo fácil de faz­er, porque a gente não tem aces­so a sis­temas, a comu­ni­cação é precária, a rede de comu­ni­cação e a logís­ti­ca são difer­en­ci­adas”, expli­cou. Para a médi­ca, par­tic­i­par da 17ª edição da ExpoEpi foi váli­do. “Por meio de even­tos como esse, a gente aca­ba afu­ni­lan­do ideias jun­to com out­ros depar­ta­men­tos, ten­do infor­mações. Assim, apri­moramos a vig­ilân­cia de agravos de doenças, den­tro dos nos­sos ter­ritórios indí­ge­nas”.

Brasília (DF), 10/11/2023 - 17ª Mostra Nacional de Experiências Bem-Sucedidas em Epidemiologia, Prevenção e Controle de Doenças (ExpoEpi), no Centro Internacional de Convenções do Brasil (CICB), em Brasília. O evento, promovido pelo Ministério da Saúde, é um espaço para troca de conhecimentos entre gestores, movimentos sociais, academia e profissionais do SUS. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Repro­dução: 17ª Mostra Nacional de Exper­iên­cias Bem-Suce­di­das em Epi­demi­olo­gia, Pre­venção e Con­t­role de Doenças (ExpoEpi) — Foto: Marce­lo Camargo/Agência Brasil

Premiação

No fim do even­to, o Min­istério da Saúde pre­miou ini­cia­ti­vas exi­tosas do SUS. Ao todo, mais de 1,8 mil tra­bal­hos foram inscritos, maior número já reg­istra­do nas edições do even­to. Do total de con­tribuições rece­bidas este ano, 1.498 foram exper­iên­cias real­izadas pelos serviços de saúde cre­den­ci­a­dos ao SUS, 275 tra­bal­hos téc­ni­co-cien­tí­fi­cos dos profis­sion­ais do SUS e 39 ações desen­volvi­das pelos movi­men­tos soci­ais.

Edição: Fer­nan­do Fra­ga

LOGO AG BRASIL

Você pode Gostar de:

Calor extremo no Rio de Janeiro aumenta mortalidade

Idosos e pessoas com diabetes e hipertensão correm maior risco Agên­cia Brasil Pub­li­ca­do em 14/02/2025 …