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Brasil recebe certificado de país livre da elefantíase

Três países nas Américas ainda são considerados endêmicos para doença

Paula Labois­sière – Repórter da Agên­cia Brasil
Pub­li­ca­do em 11/11/2024 — 14:05
Brasília
Ver­são em áudio
Brasília (DF) 11/11/2024 - A ministra da Saúde, Nísia Trindade, acompanhada do diretor da Opas, Jarbas Barbosa da Silva, participa de cerimônia de Homenagem da Opas ao SUS pela certificação da eliminação da Filariose Linfática no Brasil. Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil
Repro­dução: © Fabio Rodrigues-Pozze­bom/Agên­cia Brasil

O Brasil rece­beu nes­ta segun­da-feira (11) o cer­ti­fi­ca­do de país livre da filar­iose lin­fáti­ca, doença pop­u­lar­mente con­heci­da como ele­fan­tíase. O doc­u­men­to foi entregue ao gov­er­no brasileiro pela Orga­ni­za­ção Mundi­al da Saúde (OMS) durante cer­imô­nia na sede da Orga­ni­za­ção Pan-Amer­i­cana da Saúde (Opas), em Brasília.

“Elim­i­nar uma doença é um esforço muito grande por con­ta das relações entre algu­mas doenças e a pobreza, uma relação de cír­cu­lo vicioso. São os mais pobres os que mais adoe­cem e, quan­do eles adoe­cem, se tor­nam ain­da mais pobres. Per­dem pro­du­tivi­dade, a família tem mais despe­sas para levar à unidade de saúde, à reabil­i­tação”, avaliou o dire­tor da Opas, Jar­bas Bar­bosa.

Em seu dis­cur­so, Jar­bas Bar­bosa disse que elim­i­nar doenças passíveis de errad­i­cação deve ser estraté­gia pri­or­itária. “Não é só sobre saúde públi­ca. Esta­mos falan­do de um imper­a­ti­vo éti­co e moral. Se temos as fer­ra­men­tas para elim­i­nar uma doença, temos que iden­ti­ficar onde estão as pes­soas acometi­das, quais são as bar­reiras que exis­tem, desen­volver novas estraté­gias”, afir­mou.

“Para que a gente con­si­ga remover as bar­reiras e faz­er com que as pes­soas se ben­e­fi­ciem das ino­vações que vão sendo desen­volvi­das”, disse, ao citar como exem­p­lo novos medica­men­tos, vaci­nas, testes lab­o­ra­to­ri­ais ou mes­mo maneiras difer­entes de orga­ni­zar os serviços, de for­ma que haja mais aces­so.

“É um parabéns e um desafio. Como foi pos­sív­el elim­i­nar a filar­iose, é pos­sív­el elim­i­nar onco­cer­cose, tra­co­ma, avançar muito com a tuber­cu­lose, com o HIV. Acho que o Brasil tem todas as condições de con­tin­uar sendo esse líder region­al”, com­ple­tou Jar­bas, desta­can­do o com­pro­mis­so de esta­dos e municí­pios e tam­bém de insti­tu­ições acadêmi­cas e cien­tí­fi­cas.

Durante a cer­imô­nia, a min­is­tra da Saúde, Nísia Trindade, ressaltou que doenças como a filar­iose lin­fáti­ca não ape­nas refletem as desigual­dades soci­ais como causa, como tam­bém reforçam as condições de pobreza. “São causas e são efeitos ao mes­mo tem­po. Por isso, esse momen­to é tão espe­cial.”

“Pes­soas afe­tadas pela filar­iose lin­fáti­ca, é a essas pes­soas que dedicamos esse cer­ti­fi­ca­do. É a essas pes­soas que esper­amos poder res­gatar, de algu­ma for­ma, uma dívi­da históri­ca neste país que é a dívi­da de cuidar, de não per­mi­tir as chamadas doenças da pobreza – e não são doenças da pobreza, são doenças da omis­são, da fal­ta de cuida­do”, acres­cen­tou.

Entenda

Con­sid­er­a­da uma das maiores causas globais de inca­paci­dade per­ma­nente ou de lon­go pra­zo, a filar­iose lin­fáti­ca ou ele­fan­tíase per­mane­cia endêmi­ca no Brasil ape­nas na região met­ro­pol­i­tana do Recife, incluin­do Olin­da, Jaboatão dos Guarara­pes e Paulista. Segun­do o Min­istério da Saúde, o últi­mo caso con­fir­ma­do foi reg­istra­do em 2017.

Cau­sa­da pelo verme nema­toide Wuchere­ria Ban­crofti, a doença é trans­mi­ti­da pela pic­a­da do mos­qui­to Culex quiq­ue­fas­cia­tus, con­heci­do como perni­lon­go ou muriço­ca, infec­ta­do com lar­vas do par­a­sita. Entre as man­i­fes­tações clíni­cas mais impor­tantes estão ede­mas ou acú­mu­lo anor­mal de líqui­do nos mem­bros, nos seios e na bol­sa escro­tal.

Cenário global

De acor­do com a OMS, o Brasil se une a mais 19 país­es e ter­ritórios tam­bém cer­ti­fi­ca­dos pela elim­i­nação da filar­iose lin­fáti­ca como prob­le­ma de saúde públi­ca: Malawi, Togo, Egi­to, Iêmen, Bangladesh, Mal­divas, Sri Lan­ka, Tailân­dia, Cam­bo­ja, Ilhas Cook, Quiri­bati, Laos, Ilhas Mar­shall, Niue, Palau, Ton­ga, Van­u­atu, Viet­nã e Wal­lis e Futu­na.

Nas Améri­c­as, três país­es per­manecem clas­si­fi­ca­dos pela enti­dade como endêmi­cos para a doença: Repúbli­ca Domini­cana, Guiana e Haiti. De acor­do com a OMS, ness­es país­es, é necessária a admin­is­tração em mas­sa de medica­men­tos capazes de inter­romper a trans­mis­são da doença.

Dados da OMS mostram que, em 2023, 657 mil­hões de pes­soas em 39 país­es e ter­ritórios vivi­am em áreas onde é recomen­da­do trata­men­to em mas­sa con­tra a filar­iose lin­fáti­ca. A estraté­gia con­siste na admin­is­tração de quimioter­apia pre­ven­ti­va para inter­romper a infecção. A meta defini­da pela OMS é elim­i­nar pelo menos 20 doenças trop­i­cais neg­li­gen­ci­adas até 2030.

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