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Brasil reconhece Maria Lenk como a patrona da natação brasileira

Repro­dução: © Arquivo/Agencia Brasil

Nadadora foi a primeira brasileira a bater um recorde mundial


Pub­li­ca­do em 21/07/2022 — 10:01 Por Pedro Peduzzi — Repórter da Agên­cia Brasil — Brasília

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A natação brasileira tem, a par­tir de hoje (20), a sua patrona: Maria Lenk, a primeira nadado­ra brasileira a esta­b­ele­cer um recorde mundi­al. A hom­e­nagem, à úni­ca brasileira a inte­grar o hall da fama da natação na Flóri­da, foi fei­ta por meio de ato do Poder Leg­isla­ti­vo, que aprovou a Lei 14.418, san­ciona­da e pub­li­ca­da no Diário Ofi­cial da União des­ta quin­ta-feira.

As primeiras braçadas de Maria Lenk foram dadas com a aju­da do pai, o alemão Lui Paul Lenk, aos 10 anos de idade, no Rio Tietê, para for­t­ale­cer os pul­mões após ela ter sobre­vivi­do a uma pul­mo­nia dupla.

Nadan­do pelo Fla­men­go, Maria Lenk deu ao clube diver­sos títu­los. Teve papel rel­e­vante para a pop­u­lar­iza­ção do nado bor­bo­le­ta no país, ten­do sido a primeira mul­her a com­pe­tir nes­sa modal­i­dade durante os Jogos Olímpi­cos de 1936, em Berlim, na Ale­man­ha.

Los Angeles

Nasci­da em São Paulo, em 15 de janeiro de 1915, Maria Lenk par­ticipou de seus primeiros Jogos Olímpi­cos aos 17 anos, nas Olimpíadas de Los Ange­les, em 1932. Foi a úni­ca mul­her entre os 82 atle­tas da del­e­gação; e a primeira sul-amer­i­cana a dis­putar uma com­petição olímpi­ca.

Inex­pe­ri­ente, teve par­tic­i­pação tími­da, fican­do em 20º lugar nos 100 m livre; em 11º nos 200 m peito; e ten­do sido desclas­si­fi­ca­da nos 100 m costas.

Ao retornar das olimpíadas, teve destaque ao vencer qua­tro edições da pro­va Trav­es­sia de São Paulo a Nado, em um per­cur­so de pouco mais de 5 quilômet­ros entre a Ponte da Vila Maria e o Clube Espéria.

Jogos de Berlim

Em 1936, nas Olimpíadas de Berlim, aos 21 anos, já não era a úni­ca mul­her da del­e­gação brasileira. Sua par­tic­i­pação foi prej­u­di­ca­da dev­i­do a prob­le­mas no ombro, adquiri­dos em meio a treina­men­tos pesa­dos para com­pen­sar a fal­ta de treino durante a viagem de navio até a Ale­man­ha. Acabou com uma sin­gela 13ª colo­cação nos 200 m peito.

“Na com­petição real­iza­da na Ale­man­ha nazista, o pio­neiris­mo de Maria Lenk man­i­festou-se nova­mente. A brasileira inovou fazen­do a recu­per­ação do braço no nado peito por fora da água, como tam­bém fez o norte-amer­i­cano Hebert Hig­gins.

Nascia ali o nado bor­bo­le­ta, que só seria ofi­cial­iza­do como esti­lo olímpi­co pela Fed­er­ação Inter­na­cional de Natação (FINA), em 1956”, detal­ha o Comitê Olímpi­co Brasileiro (COB), na biografia da nadado­ra.

Grandes feitos

Foi no ano de 1939 que Maria Lenk reg­istrou seus grandes feitos, ao bater o recorde mundi­al dos 400 m peito com o tem­po de 6m16s durante uma com­petição no Clube de Regatas Botafo­go; e ao bater tam­bém o recorde mundi­al para os 200 m peito, com o tem­po de 2m56s, mar­ca que super­a­va o recorde mas­culi­no da pro­va, que era 2m59s, tor­nan­do-se “a primeira atle­ta brasileira a esta­b­ele­cer um recorde mundi­al”, rela­ta o COB.

Após algu­mas pausas no esporte, a nadado­ra voltou a bater out­ros recordes, quan­do já com­petindo entre os mas­ters. No total, foram 40 recordes mundi­ais nes­sa modal­i­dade.

Hall da fama

Em 1988, Maria Lenk se tornou a primeira atle­ta do Brasil a entrar Swim­ming Hall of Fame, da Fed­er­ação Inter­na­cional de Natação (Fina), quan­do foi hom­e­nagea­da com o Top Ten da enti­dade máx­i­ma do esporte, sendo con­sid­er­a­da uma das dez mel­hores nadado­ras mas­ter do mun­do.

Em 2002, ela rece­beu, das mãos de Juan Anto­nio Sama­ranche, o Colar Olímpi­co. Com isso, tornou-se a primeira brasileira a ser con­dec­o­ra­da com a mais alta hon­raria do Comitê Olímpi­co Inter­na­cional (COI).

“Se despediu, nadando”

Até o final da vida ela man­tinha o hábito de nadar 1.500 met­ros todos os dias, moti­vo pelo qual con­seguia ter boa saúde ape­sar a osteo­porose.

“No dia 16 de abril de 2007, ela saiu de casa pela man­hã, cam­in­hou até o clube e mer­gul­hou na pisci­na do Fla­men­go, sem saber que aque­le seria o seu últi­mo treino. Enquan­to nada­va, sua artéria aor­ta se rompeu dev­i­do a um aneuris­ma, provo­can­do uma enorme hemor­ra­gia no medi­asti­no. No silên­cio azul da água da pisci­na, Maria Lenk se des­pediu, nadan­do”, descreve o COB em rela­to sobre seu falec­i­men­to, aos 92 anos.

Edição: Fer­nan­do Fra­ga

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