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Brasil tem 575.930 médicos ativos: 2,81 por mil habitantes

Repro­dução: © Wil­son Dias/Agência Brasil

Demografia Médica 2024 foi divulgada nesta segunda pelo CFM


Publicado em 08/04/2024 — 07:28 Por Paula Laboissière — Repórter da Agência Brasil — Brasília

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O Brasil reg­is­tra, atual­mente, 575.930 médi­cos ativos – uma pro­porção de 2,81 profis­sion­ais por mil habi­tantes, a maior já reg­istra­da no país. Os dados fazem parte da Demografia Médi­ca CFM — Dados ofi­ci­ais sobre o per­fil dos médi­cos brasileiros 2024, divul­ga­da nes­ta segun­da-feira (8) pelo Con­sel­ho Fed­er­al de Med­i­c­i­na (CFM).

Des­de o iní­cio da déca­da de 1990, o número de médi­cos no país mais que qua­dru­pli­cou, pas­san­do de 131.278 para a quan­ti­dade atu­al, reg­istra­da em janeiro de 2024. No mes­mo perío­do, a pop­u­lação brasileira aumen­tou 42%, pas­san­do de 144 mil­hões para 205 mil­hões, con­forme dados do Insti­tu­to Brasileiro de Geografia e Estatís­ti­ca (IBGE).

O número de médi­cos, por­tan­to, aumen­tou oito vezes mais do que o da pop­u­lação em ger­al. Entre 1990 e 2023, a pop­u­lação médi­ca reg­istrou cresci­men­to médio de 5% ao ano, con­tra aumen­to médio de 1% ao ano iden­ti­fi­ca­do na pop­u­lação em ger­al.

A maior pro­gressão no vol­ume de médi­cos ocor­reu de 2022 a 2023, quan­do o con­tin­gente saltou de 538.095 para 572.960 – um aumen­to de 6,5%. Com índice de 2,8 médi­cos por mil habi­tantes, o Brasil tem hoje taxa semel­hante à reg­istra­da no Canadá e supera país­es como os Esta­dos Unidos, o Japão, a Cor­eia do Sul e o Méx­i­co.

Para o CFM, o cresci­men­to foi impul­sion­a­do por fatores como a expan­são do ensi­no médi­co, sobre­tu­do nas últi­mas duas décadas, e pela cres­cente deman­da por serviços de saúde.

Escolas médicas

Dados da Demografia Médi­ca mostram que, atual­mente, há 389 esco­las médi­cas espal­hadas pelo país – o segun­do maior número no mun­do, atrás ape­nas da Índia. A quan­ti­dade de fac­ul­dades de med­i­c­i­na no Brasil quase quin­tu­pli­cou des­de 1990, quan­do o total chega­va a 78. Nos últi­mos dez anos, a quan­ti­dade de esco­las médi­cas cri­adas (190) super­ou o total de todo o sécu­lo pas­sa­do.

“O CFM vê com mui­ta pre­ocu­pação a veloci­dade de aber­tu­ra de novas esco­las médi­cas e do aumen­to das vagas em esco­las já exis­tentes. A aber­tu­ra de vagas em esco­las médi­cas é algo de inter­esse públi­co e deve acon­te­cer por neces­si­dade social”, desta­cou o super­vi­sor do estu­do e con­sel­heiro Donizetti Giamber­ardi­no.

Brasília (DF) 08/04/2024 - O conselheiro do CFM Donizetti Giamberardino . Foto: CFM/Divulgação
Repro­dução: Brasília — O con­sel­heiro do CFM Donizetti Giamber­ardi­no — CFM/Divulgação

“A pre­ocu­pação do con­sel­ho hoje é que se forme médi­cos de boa qual­i­dade e com princí­pios éti­cos, a fim de aten­der à pop­u­lação”, com­ple­tou.

Desigualdade

Ape­sar do sig­ni­fica­ti­vo aumen­to no con­tin­gente de médi­cos brasileiros, o CFM con­sid­era que ain­da há um cenário de desigual­dade na dis­tribuição, na fix­ação e no aces­so aos profis­sion­ais.

“O Brasil hoje tem número razoáv­el de médi­cos reg­istra­dos nos con­sel­hos region­ais de med­i­c­i­na, quan­do com­para­do às prin­ci­pais nações do mun­do. Mas um dos prin­ci­pais prob­le­mas ain­da é a dis­tribuição dess­es médi­cos no país con­ti­nen­tal que é o Brasil”, avaliou Giamber­ardi­no.

Os números mostram que a maio­r­ia dos profis­sion­ais opta por se insta­lar nos esta­dos do Sul e do Sud­este e nas cap­i­tais, dev­i­do às condições de tra­bal­ho. Os que vivem no Norte, no Nordeste e em municí­pios mais pobres relatam fal­ta de inves­ti­men­tos em saúde, vín­cu­los precários de emprego e ausên­cia de per­spec­ti­vas.

“Esse fato, por si só, trás mui­ta difi­cul­dade de aces­so. Aces­so é um princí­pio fun­da­men­tal do Sis­tema Úni­co de Saúde (SUS), ado­ta­do pelo Brasil em sua Con­sti­tu­ição como dire­ito do paciente”, desta­cou o con­sel­heiro. “Se nós per­mi­tir­mos que a med­i­c­i­na obe­deça a uma lóg­i­ca de mer­ca­do, aten­den­do às riquezas region­ais, vamos pro­mover desigual­dade.”

Perfil

A idade média dos médi­cos em ativi­dade no Brasil é 44,6 anos. Entre os home­ns, a idade média é 47,4 ano. Já para as mul­heres, 42 anos. Obser­va-se tam­bém uma difer­ença no tem­po de for­mação entre os gêneros: em média, os médi­cos têm 21 anos de for­ma­dos, enquan­to as médi­cas têm 16 anos.

Em 2023, os home­ns ain­da rep­re­sen­tavam, ligeira­mente, a maio­r­ia entre os médi­cos com até 80 anos, respon­den­do por 50,08% do total, enquan­to as mul­heres rep­re­sen­tavam 49,92%. Em 2024, a esti­ma­ti­va é que o número de médi­cas ultra­passe o de médi­cos. Atual­mente, entre os médi­cos com 39 anos ou menos, as mul­heres já con­stituem maio­r­ia, rep­re­sen­tan­do 58% em com­para­ção a 42% dos home­ns.

“Se obser­var­mos os profis­sion­ais hoje abaixo de 40 anos, a maio­r­ia é for­ma­da por mul­heres”, desta­cou Giamber­ardi­no. “É uma car­ac­terís­ti­ca das profis­sões. A mul­her está impon­do o seu jus­to papel de lid­er­ança e recon­hec­i­men­to. Med­i­c­i­na se mede por con­hec­i­men­to e só tem lid­er­ança na med­i­c­i­na quem tem con­hec­i­men­to.”

Distribuição

O estu­do mostra ain­da que o aumen­to no número de médi­cos ao lon­go das últi­mas décadas não resul­tou em dis­tribuição igual­itária pelo país. O Sud­este tem pro­porção de profis­sion­ais supe­ri­or à média nacional, de 2,81 por mil habi­tantes. A região tem a maior den­si­dade e pro­porção de médi­cos; 3,76 por mil habi­tantes e 51% do total de médi­cos, enquan­to abri­ga 41% da pop­u­lação brasileira.

Em con­traste, o Norte exibe a menor pro­porção de médi­cos (1,73 por mil habi­tantes), fican­do sig­ni­fica­ti­va­mente abaixo da média nacional. O Nordeste, com 19,3% dos médi­cos e 26,8% da pop­u­lação, apre­sen­ta uma razão de 2,22 médi­cos por mil habi­tantes, tam­bém abaixo da média nacional.

O Sul, por sua vez, com 15,8% dos médi­cos e 14,8% da pop­u­lação, reg­is­tra 3,27 médi­cos por mil habi­tantes, enquan­to o Cen­tro-Oeste, com 9% dos médi­cos e 8,1% da pop­u­lação, tem 3,39 médi­cos por mil habi­tantes, ambos aci­ma da média nacional.

Nas cap­i­tais, a média de médi­cos por mil habi­tantes alcança o pata­mar de 7,03, con­tra 1,89 obser­va­da no con­jun­to das cidades do inte­ri­or. Ao anal­is­ar os extremos dessa dis­tribuição, Vitória reg­is­tra a maior den­si­dade: 18,68 médi­cos por mil habi­tantes. Em con­tra­parti­da, no inte­ri­or do Ama­zonas, a den­si­dade é de 0,20 médi­co por mil habi­tantes.

“O número de médi­cos é razoáv­el, mas ain­da é mal dis­tribuí­do. Se nós crescer­mos sem uma políti­ca de fix­ação, isso vai aumen­tar a desigual­dade”, ressaltou Giamber­ardi­no.

“Aumen­tar o número de médi­cos é algo muito sim­plista. Pre­cisamos de uma rede de assistên­cia que deve começar pela atenção primária. Esse número de médi­cos não merece comem­o­ração. Pre­cisamos estar pre­ocu­pa­dos com a for­mação dess­es médi­cos, que eles con­tin­uem num proces­so de apren­diza­do. O cur­so de med­i­c­i­na não é ter­mi­na­ti­vo. O médi­co neces­si­ta de uma obri­gação de atu­al­iza­ção”, con­cluiu.

Edição: Graça Adju­to

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