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Brasil tem 7,6 mil comunidades quilombolas, mostra Censo

Repro­dução: © Tânia Rêgo/Agência Brasil

São mais de 8,4 mil localidades em 1,7 mil municípios


Publicado em 19/07/2024 — 10:01 Por Bruno de Freitas Moura — Repórter da Agência Brasil — Rio de Janeiro

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A pop­u­lação quilom­bo­la no país era for­ma­da por 7.666 comu­nidades que habitavam 8.441 local­i­dades em 25 Unidades da Fed­er­ação. Esse con­jun­to soma 1,3 mil­hão de pes­soas. Os dados fazem parte de mais um suple­men­to do Cen­so 2022, divul­ga­do nes­ta sex­ta-feira (19) pelo Insti­tu­to Brasileiro de Geografia e Estatís­ti­ca (IBGE).

O insti­tu­to expli­ca que algu­mas das comu­nidades são for­madas por inte­grantes em mais de uma local­i­dade. Isso jus­ti­fi­ca o fato de haver 775 mais agru­pa­men­tos do que comu­nidades.

Segun­do o ger­ente de Ter­ritórios Tradi­cionais e Áreas Pro­te­gi­das do (IBGE), Fer­nan­do Dam­as­co, o per­tenci­men­to às comu­nidades está rela­ciona­do a “questões étni­cas, históri­c­as e soci­ais”.

“A local­i­dade é o lugar onde tem aglom­er­ação de pes­soas. Já a comu­nidade expres­sa o vín­cu­lo étni­co e comu­nitário que extrap­o­la a local­iza­ção espa­cial”, descreve.

O pesquisador expli­ca que um dos motivos de comu­nidades estarem rep­re­sen­tadas em mais de um espaço geográ­fi­co pas­sa pela história de resistên­cia ao racis­mo e à vio­lên­cia.

“De fato, essas comu­nidades foram obri­gadas, em muitas situ­ações, a se dis­per­sarem espa­cial­mente e darem origem a essa diver­si­dade de local­i­dades”.

O Cen­so 2022 é o primeiro em que os recenseadores cole­taram infor­mações especí­fi­cas de pes­soas quilom­bo­las, descen­dentes de agru­pa­men­tos que resis­ti­am à escravidão. Para clas­si­ficar uma pes­soa como quilom­bo­la, o IBGE lev­ou em con­sid­er­ação a autoiden­ti­fi­cação dos ques­tion­a­dos, não impor­tan­do a cor de pele declar­a­da. As comu­nidades tam­bém foram infor­madas pelos próprios inte­grantes.

As local­i­dades foram clas­si­fi­cadas pelo insti­tu­to como “lugares do ter­ritório nacional onde existe um aglom­er­a­do per­ma­nente de habi­tantes quilom­bo­las e que estão rela­ciona­dos a uma comu­nidade quilom­bo­la e con­tam com, no mín­i­mo, 15 pes­soas declar­adas quilom­bo­las cujos domicílios estão a, no máx­i­mo, 200 met­ros de dis­tân­cia uns dos out­ros”.

Brasília (DF), 18.07.2024. Quilombolas localização. Crédito: Arte/Agência Brasil
Reprodução: Arte/Agência Brasil

Localização

A obser­vação geográ­fi­ca rev­ela que a maior parte das local­i­dades está na Região Nordeste. São 5.386, ou seja, 63,81% do total. Em segui­da fig­u­ram Sud­este (14,75%) e Norte (14,55%). As regiões Sul (3,60%) e Cen­tro-Oeste (3,29%) fecham a lista.

O Maran­hão é o esta­do com mais local­i­dades quilom­bo­las: 2.025, o que equiv­ale a 23,99% do total do país. Em segui­da, aparece a Bahia, com 1.814. Ape­sar de ser segun­da no rank­ing, o esta­do baiano é o que tem maior pop­u­lação quilom­bo­la, 397 mil pes­soas.

Minas Gerais tem 979 reg­istros, à frente do Pará (959). Ape­nas Acre e Roraima não reg­is­tram local­i­dade quilom­bo­la. O Dis­tri­to Fed­er­al tem três.

Ape­nas 15% das local­i­dades (1,2 mil) ficam em ter­ritórios ofi­cial­mente recon­heci­dos pelo Esta­do.

Dos 20 municí­pios com mais local­i­dades quilom­bo­la, 11 são maran­hens­es. As duas cidades com maior pre­sença são Alcântara/MA (122) e Itapecu­ru Mirim/MA (121). A úni­ca cap­i­tal que aparece no rank­ing é Macapá, no Amapá, na 14ª posição, com 56 reg­istros.

Em todo o país, 1,7 mil municí­pios têm pre­sença quilom­bo­la.

Pedido de quilombolas

Para elab­o­ração e exe­cução da pesquisa cen­sitária, o IBGE man­teve diál­o­go com rep­re­sen­tantes quilom­bo­las. O ger­ente Fer­nan­do Dam­as­co con­ta que as comu­nidades solic­i­tavam ao insti­tu­to a pro­dução das infor­mações por local­i­dades. “É um dado que eles sem­pre colo­caram como pri­or­itário”, diz.

“Na metodolo­gia e na abor­dagem con­ceitu­al, ten­ta­mos jus­ta­mente ser cuida­dosos ao máx­i­mo com a for­ma como essas comu­nidades se orga­ni­zam”, ressalta.

O suple­men­to divul­ga­do nes­ta sex­ta-feira traz tam­bém infor­mações sobre alfa­bet­i­za­ção e carac­terís­ti­cas dos domicílios dos quilom­bo­las.

“Acred­i­to que a gente pode inau­gu­rar um con­jun­to de estu­dos, debate e reflexões sobre essa orga­ni­za­ção espa­cial que diz muito sobre a diver­si­dade ter­ri­to­r­i­al do nos­so país”, con­clui o pesquisador.

Edição: Aline Leal

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