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Brasileiras estão tendo menos filhos e adiam maternidade, diz Censo

Taxa de fecundidade cai para 1,55 filho por mulher no Brasil

Vitor Abdala — Repórter da Agên­cia Brasil
Pub­li­ca­do em 27/06/2025 — 10:01

Rio de JaneiroVer­são em áudio

Foto de gestante - Mulher em gestação. Foto: Fotorech/Pixabay
Repro­dução: © Fotorech/Pixabay

As brasileiras estão ten­do menos fil­hos e adian­do a mater­nidade. É o que apon­tam os dados do Cen­so Demográ­fi­co de 2022, divul­ga­dos nes­ta sex­ta-feira (27) pelo Insti­tu­to Brasileiro de Geografia e Estatís­ti­ca (IBGE). Para a pesquisa, são con­sid­er­adas mul­heres de 15 a 49 anos. 

A média de fil­hos por mul­her em idade repro­du­ti­va no Brasil, chama­da de taxa de fecun­di­dade total, caiu para 1,55 em 2022. De acor­do com o IBGE, a taxa de fecun­di­dade das brasileiras vem decrescen­do des­de a déca­da de 1960. Em 1960, por exem­p­lo, era de 6,28 fil­hos por mul­her. Essa média caiu para 5,76 em 1970, para 4,35 em 1980, para 2,89 em 1991 e para 2,38 em 2000. Em 2010, a taxa era de 1,90 fil­hos por mul­her.

Taxa de fecundidade - Censo 2022 - IBGE
Taxa de fecun­di­dade — Cen­so 2022 — IBGE — Arte/EBC

Des­de 2010, a taxa de fecun­di­dade brasileira está abaixo da chama­da taxa de reposição pop­u­la­cional, ou seja, da média de fil­hos por mul­her necessária para man­ter a pop­u­lação estáv­el, que é de 2,1.

“A com­po­nente de fecun­di­dade é muito impor­tante para anal­is­ar a evolução demográ­fi­ca de uma pop­u­lação. O rit­mo de cresci­men­to, as trans­for­mações na pirâmide etária e o envel­hec­i­men­to pop­u­la­cional estão dire­ta­mente rela­ciona­dos ao número de nasci­men­tos”, expli­ca a pesquisado­ra do IBGE Mar­la Bar­roso.

Segun­do ela, a tran­sição da fecun­di­dade no Brasil foi ini­ci­a­da na déca­da de 60 nas unidades da fed­er­ação eco­nomi­ca­mente mais desen­volvi­das da região Sud­este, em gru­pos com maior nív­el edu­ca­cional e nas áreas urbanas. “Nas décadas seguintes, foi se alas­tran­do por todo o Brasil”, expli­ca.

Regiões

Na Região Sud­este, a taxa de fecun­di­dade saiu de 6,34 fil­hos por mul­her em 1960, pas­sou para 4,56 em 1970, caiu para 3,45 em 1980, atingiu o nív­el de reposição pop­u­la­cional em 2000 (2,1 fil­hos por mul­her). Em 2022, ficou em 1,41, o menor do país. “Para as out­ras regiões do Brasil, a que­da se inten­si­fi­cou a par­tir ali da déca­da de 70”, expli­ca Mar­la.

Na Região Sul, que tin­ha a menor taxa de fecun­di­dade em 1960 (5,89 fil­hos por mul­her), a prin­ci­pal que­da ocor­reu de 1970 (5,42) para 1991 (2,51). Em 2022, a taxa ficou em 1,50, tam­bém abaixo da média nacional.

No Cen­tro-Oeste, que tin­ha taxa de 6,74 em 1960, a tendên­cia de que­da foi semel­hante à da região Sul, ao apre­sen­tar o prin­ci­pal recuo de 1970 (6,42) para 1991 (2,69). Em 2022, a taxa era de 1,64.

As regiões Norte e Nordeste tam­bém apre­sen­taram quedas con­sid­eráveis de 1970 para 1991. Mas, em 1980, ain­da tin­ham taxas de fecun­di­dade aci­ma de 6 fil­hos por mul­her. No Norte, a taxa pas­sou de 8,56 em 1960 para 8,15 em 1970 e para 6,45 em 1980. Em 2010, aprox­i­mou-se  da taxa de reposição ao atin­gir 2,47. Em 2022, ficou em 1,89, a mais alta do país.

O Nordeste foi a úni­ca região a apre­sen­tar alta de 1960 (7,39 fil­hos por mul­her) para 1970 (7,53). Em 1980, a taxa começou a recuar, pas­san­do para 6,13. Em 2000, o indi­cador se aprox­i­mou da taxa de reposição, ao ficar em 2,69. Em 2022, ficou em 1,60, abaixo do Cen­tro-Oeste.

Entre os esta­dos, Roraima é o úni­co com taxa aci­ma da reposição pop­u­la­cional: 2,19 fil­hos por mul­her. Na sequên­cia apare­cem Ama­zonas (2,08) e  Acre (1,90). Entre aque­les com menores taxas, desta­cam-se o Rio de Janeiro (1,35), Dis­tri­to Fed­er­al (1,38) e São Paulo (1,39).

Maternidade mais tarde

A pesquisa não ape­nas obser­vou a con­tinuidade da que­da da taxa de fecun­di­dade, como tam­bém rev­ela que as mul­heres estão ten­do fil­hos com idades mais avançadas. A idade média da fecun­di­dade no Brasil pas­sou de 26,3 anos em 2000 para 28,1 em 2022. A tendên­cia foi obser­va­da em todas as regiões.

Em 2022, o Norte apre­sen­tou a menor idade (27 anos), enquan­to o Sud­este e o Sul mostram as maiores (28,7 anos). Entre as unidades da fed­er­ação, a idade média de fecun­di­dade mais alta foi a do Dis­tri­to Fed­er­al (29,3 anos) e a mais baixa, do Pará (26,8 anos).

Idade média de fecundidade - Censo Demográfico 2022 - IBGE
Repro­dução: Idade média de fecun­di­dade — Cen­so Demográ­fi­co 2022 — IBGE — Arte/EBC

Sem filhos

O lev­an­ta­men­to apon­ta ain­da que cresce o grupo daque­las que chegam ao fim da idade repro­du­ti­va sem fil­hos.  O per­centu­al de mul­heres com 50 a 59 anos que não tiver­am fil­hos nasci­dos vivos, segue em alta. Em 2000 era 10%, pas­sou para 11,8% em 2010 e apre­sen­tou um aumen­to ain­da mais expres­si­vo em 2022, chegan­do a 16,1%. No Norte, o per­centu­al pas­sou de 6,1% para 13,9%. No Sud­este, subiu de 11% para 18%.

Entre as unidades da fed­er­ação, o Rio de Janeiro tin­ha, em 2022, o maior per­centu­al (21%) de mul­heres sem fil­hos e Tocan­tins, o menor (11,8%).

Religião e raça

De acor­do com os dados do Cen­so, entre as religiões, as evangéli­cas são as que apre­sen­tam maior taxa de fecun­di­dade – 1,74 fil­hos por mul­her, aci­ma da média nacional. Os menores índices foram encon­tra­dos entre as mul­heres espíri­tas (1,01) e as seguido­ras da umban­da e can­domblé (1,25). As mul­heres de out­ras reli­giosi­dades (1,39), sem religião (1,47) e as católi­cas (1,49) tiver­am taxas abaixo da média nacional.

Segun­do o pesquisador do IBGE Mar­cio Minamiguchi, não é pos­sív­el, ape­nas com base nos dados do Cen­so 2022, afir­mar os motivos que lev­am a essas difer­enças das taxas de fecun­di­dade entre as seguido­ras das religiões.

“Para enten­der o efeito de uma religião sobre a fecun­di­dade, ou seja, se uma dout­ri­na pode­ria levar a uma cer­ta propen­são a ter fil­hos ou não, teria que iso­lar todos os out­ros fatores, como ren­da, o local onde as pes­soas moram, a ativi­dade profis­sion­al e tudo mais”.

Em relação ao recorte racial, as mul­heres amare­las (de origem asiáti­ca) têm menor taxa de fecun­di­dade (1,2 fil­hos por mul­her), seguidas pelas bran­cas (1,4). As pre­tas e par­das têm taxas aci­ma da média nacional: 1,6 e 1,7, respec­ti­va­mente. As indí­ge­nas ain­da estão aci­ma da taxa de reposição, com 2,8 fil­hos por mul­her.

A idade média da fecun­di­dade subiu entre todos os gru­pos, sendo de 29 anos para as bran­cas, 27,8 entre as pre­tas e 27,6 entre as par­das.

Escolaridade

O Cen­so 2022 mostrou que o aumen­to da esco­lar­iza­ção tem relação com a que­da da taxa de fecun­di­dade. Segun­do os dados da pesquisa, as mul­heres sem instrução ou com ensi­no fun­da­men­tal incom­ple­to têm, em média, 2,01 fil­hos, enquan­to aque­las com ensi­no supe­ri­or apre­sen­tam uma taxa de 1,19.

As demais faixas de esco­lar­i­dade apre­sen­tam as seguintes taxas: ensi­no fun­da­men­tal com­ple­tou ou médio incom­ple­to, com 1,89 fil­hos por mul­her, e ensi­no médio com­ple­to ou supe­ri­or incom­ple­to com taxa de 1,42.

“A mul­her com mais esco­lar­i­dade, com mais infor­mação, sabe mel­hor onde procu­rar méto­dos con­tra­cep­tivos, se assim quis­er. Ela vai saber faz­er suas escol­has de uma for­ma mel­hor”, expli­ca a ger­ente de Estu­dos e Anális­es da Dinâmi­ca Demográ­fi­ca do IBGE, Izabel Mar­ri.

Em 2022, a idade média de fecun­di­dade das mul­heres sem instrução ou com ensi­no fun­da­men­tal incom­ple­to foi de 26,7 anos. Já a idade média para aque­las com nív­el supe­ri­or com­ple­to foi de 30,7 anos.

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