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Brasileiros devem redobrar cuidados no verão contra câncer de pele

Repro­dução: © Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Alerta é feito durante a campanha Dezembro Laranja


Pub­li­ca­do em 04/12/2021 — 15:00 Por Alana Gan­dra — Repórter da Agên­cia Brasil — Rio de Janeiro

A cam­pan­ha deste ano do Dezem­bro Laran­ja, pro­movi­da pela Sociedade Brasileira de Der­ma­tolo­gia (SBD), quer aliar os cuida­dos com a pan­demia de covid-19 à pre­venção do câncer de pele, com o tema “Adi­cione mais fator de pro­teção ao seu verão”.

Segun­do o coor­de­nador do Depar­ta­men­to de Oncolo­gia Cutânea da SBD e da cam­pan­ha Dezem­bro Laran­ja 2021, Rena­to Bakos, o país está viven­cian­do ain­da este perío­do difí­cil de pan­demia, com muitos cuida­dos para man­ter a saúde. Acres­cen­tou que, “com a prox­im­i­dade do verão, é nat­ur­al que as pes­soas queiram se expor um pouco mais a um laz­er, ao meio ambi­ente, e podem estar sujeitas a riscos, como queimaduras solares e, por isso, devem se pro­te­ger tam­bém con­tra o câncer de pele”.

A cam­pan­ha recomen­da que além do uso do álcool em gel, más­caras e respeito ao dis­tan­ci­a­men­to social, a pop­u­lação deve ado­tar hábitos de foto­pro­teção para garan­tir sua saúde de modo pleno. A que­da nos indi­cadores de mor­bidade e de mor­tal­i­dade rela­ciona­dos à covid-19 abre a expec­ta­ti­va de que as pra­ias e os espaços aber­tos voltarão a ser ocu­pa­dos, durante o verão, com mais inten­si­dade. Bakos afir­mou que, atual­mente, existe uma con­sci­en­ti­za­ção cada vez maior por parte da pop­u­lação. “A gente percebe que as pes­soas têm essa pre­ocu­pação de procu­rar evi­tar grandes exposições ultra­vi­o­le­ta, seja escol­hen­do o horário ade­qua­do para estar no sol, usan­do chapéus, camise­tas, pro­te­tor solar, procu­ran­do som­bras em horários de sol muito inten­so. Todas essas são recomen­dações muito vál­i­das”.

O coor­de­nador da cam­pan­ha lem­brou que o câncer de pele tem difer­entes tipos e que, em caso de aparec­i­men­to de sinais e sin­tomas sus­peitos, o médi­co der­ma­tol­o­gista deve ser con­sul­ta­do para faz­er o diag­nós­ti­co pre­coce. O tipo de câncer de pele que requer mais atenção é o melanoma, que se car­ac­ter­i­za por ser uma man­cha escu­ra que cresce de for­ma assimétri­ca, com bor­das irreg­u­lares, cores vari­adas em tons de mar­rom e pre­to e que, muitas vezes, vai atin­gir diâmetro maior que seis milímet­ros. “Sinais como ess­es são de muito aler­ta para as pes­soas procu­rarem atendi­men­to (médi­co). Ou, por exem­p­lo, quan­do têm feri­das que não cica­trizam, lesões que ficam san­gran­do, ver­ru­gas cres­centes. Tudo isso pode ser impor­tante”.

Fatores de risco

Segun­do a SBD, a roti­na do autoex­ame facili­ta o recon­hec­i­men­to dos casos. Com diag­nós­ti­co pre­coce, a res­olução dos casos pode ser atingi­da em sua maio­r­ia, asse­gurou o espe­cial­ista. “Por isso, a importân­cia de faz­er as revisões e estar sem­pre aten­to à pre­sença de algu­ma lesão sus­pei­ta”.

A exposição solar exager­a­da e despro­te­gi­da ao lon­go da vida, além dos episó­dios de queimadu­ra solar, são os prin­ci­pais fatores de risco do câncer de pele. Emb­o­ra esse prob­le­ma de saúde pos­sa afe­tar qual­quer pes­soa, há gru­pos mais propen­sos ao surg­i­men­to desse tipo de câncer. Estão incluí­dos aí pes­soas de pele, cabe­los e olhos claros, indi­ví­du­os com históri­co famil­iar da doença, por­ta­dores de múlti­plas pin­tas pelo cor­po e pacientes imunos­suprim­i­dos ou trans­plan­ta­dos.

Distribuição

Rena­to Bakos infor­mou que a dis­tribuição de casos de câncer de pele ocorre em todo o país, emb­o­ra áreas com pop­u­lação maior apre­sen­tem, em números abso­lu­tos, incidên­cia tam­bém maior. “Mas é um prob­le­ma que a gente encon­tra em difer­entes áreas”. De acor­do com o Painel da Oncolo­gia do Min­istério da Saúde, o Brasil reg­istrou em torno de 205,18 mil diag­nós­ti­cos de câncer de pele entre  2013 e 2021. Na ver­dade, o número pode ser bem supe­ri­or a esse, se for con­sid­er­a­da a sub­no­ti­fi­cação. Somente em maio de 2018, pas­sou a ser obri­gatório o reg­istro do cartão nacional de saúde e da Clas­si­fi­cação Estatís­ti­ca Inter­na­cional de Doenças (CID-10), o que provo­cou um aumen­to expres­si­vo no número de reg­istros de casos. O painel foi cri­a­do tam­bém naque­le ano.

Os números reg­istra­dos pela platafor­ma mostram que, entre 2013 e 2017, a pro­porção de novos diag­nós­ti­cos de câncer de pele foi de aprox­i­mada­mente 4 mil a cada ano. Com o aper­feiçoa­men­to da fer­ra­men­ta e dos flux­os de infor­mação, esse número saltou sig­ni­fica­ti­va­mente. Entre 2018 e jul­ho de 2021, o total de diag­nós­ti­cos de câncer de pele reg­istra­dos chegou a 184,09 mil, ou cer­ca de 46 mil ao ano.

Os esta­dos que mais totalizaram casos de câncer de pele, entre 2013 e 2021, foram São Paulo, com 52,87 mil, Paraná (27,20 mil), Rio Grande do Sul (27,05 mil), Minas Gerais (22,66 mil) e San­ta Cata­ri­na (16,97 mil). O painel rev­ela que a região com maior per­centu­al em relação ao número total de reg­istros foi o Sud­este, com 42% dos casos do país. Enquan­to o Sul tem três esta­dos no rank­ing das cin­co unidades da Fed­er­ação que mais con­cen­traram casos de câncer de pele no país no perío­do cita­do, com 34,7% do total nacional, a Região Norte foi a que menos con­tabi­li­zou no perío­do anal­isa­do —  2,7%. O Nordeste respon­deu por 14,2% do total dos casos em todo o país e o Cen­tro-Oeste, por 6,3%.

De 2013 a 2021, a doença ger­ou 374 mil inter­nações na rede públi­ca de saúde do Brasil e foi a causa da morte de quase 32 mil pes­soas, de acor­do com dados do Sis­tema de Infor­mações Hos­pi­ta­lares do Sis­tema Úni­co de Saúde (SUS). São Paulo foi o esta­do que reg­istrou o maior vol­ume de inter­nações no perío­do (96,87 mil), rep­re­sen­tan­do 26% do total, segui­do pelo Paraná (57,41 mil) e o Rio Grande do Sul (38,59 mil). No perío­do anal­isa­do, as unidades da Fed­er­ação com menores reg­istros foram Roraima (194), Acre (162), e Amapá (150).

A doença

A Sociedade Brasileira de Der­ma­tolo­gia esclare­ceu que o câncer de pele é provo­ca­do pelo cresci­men­to anor­mal das célu­las que com­põem a pele. Esse é o tipo de câncer mais comum no Brasil, infor­ma o Insti­tu­to Nacional de Câncer José Alen­car Gomes da Sil­va (Inca). Quan­do descober­to no iní­cio, tem mais de 90% de chances de cura. A doença cor­re­sponde a 27% de todos os tumores malig­nos no país, sendo os car­ci­no­mas basocelu­lar e espinocelu­lar (não melanoma) respon­sáveis por cer­ca de 180 mil novos casos da doença por ano. Já o câncer de pele melanoma tem em torno de 8,5 mil casos novos por perío­do. A incidên­cia é maior do que os cânceres de prós­ta­ta, mama, cólon e reto, pul­mão e estô­ma­go.

O car­ci­no­ma basocelu­lar é o câncer de pele mais fre­quente na pop­u­lação, cor­re­spon­den­do a cer­ca de 70% dos casos. Se man­i­fes­ta por lesões ele­vadas per­o­ladas, bril­hantes ou escure­ci­das que crescem lenta­mente e san­gram com facil­i­dade. Por sua vez, o car­ci­no­ma espinocelu­lar surge como o segun­do tipo de câncer de pele de maior incidên­cia no ser humano. Ele equiv­ale a mais ou menos 20% dos casos da doença. É car­ac­ter­i­za­do por lesões ver­ru­cosas ou feri­das que não cica­trizam depois de seis sem­anas. Podem causar dor e pro­duzir san­gra­men­tos.

O melanoma, por sua vez, ape­sar de não ser o mais inci­dente, é o mais agres­si­vo e poten­cial­mente letal. Ape­sar de cor­re­spon­der a ape­nas 10% dos casos, é o câncer de pele mais grave, porque quadros avança­dos podem provo­car metás­tases para out­ros órgãos do cor­po humano e levar à morte. Esse tipo é geral­mente con­sti­tuí­do de pin­tas ou man­chas escuras que crescem e mudam de cor e for­ma­to grada­ti­va­mente. As lesões tam­bém podem vir acom­pan­hadas de san­gra­men­to.

Adesão

A cam­pan­ha Dezem­bro Laran­ja é real­iza­da des­de 2014. Este ano, con­ta com a adesão vol­un­tária dos atores Tony Ramos e Car­mo Dal­la Vec­chia, das can­toras Kel­ly Key e Karol Conká, da mod­e­lo Claú­dia Liz e dos jor­nal­is­tas Tom Borges e Eliane Can­tan­hede. Tam­bém aderi­ram à ini­cia­ti­va insti­tu­ições públi­cas e pri­vadas, como o Con­gres­so Nacional, a Fed­er­ação das Indús­trias de São Paulo, o Con­sel­ho Nacional de Justiça, o Con­sel­ho Fed­er­al de Med­i­c­i­na, gov­er­nos estad­u­ais e prefeituras munic­i­pais.

Edição: Graça Adju­to

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