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Cais do Valongo, no Rio, é reaberto depois de revitalização

Repro­dução: © Fer­nan­do Frazão/Agência Brasil

Obras no sítio arqueológico custaram R$ 2 milhões


Pub­li­ca­do em 23/11/2023 — 07:50 Por Agên­cia Brasil — Rio de Janeiro

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O sítio arque­ológi­co do Cais do Val­on­go, no cen­tro da cidade do Rio de Janeiro, será reaber­to nes­ta quin­ta-feira (23) depois de pas­sar por um proces­so de revi­tal­iza­ção. A revi­tal­iza­ção do mon­u­men­to cus­tou R$ 2 mil­hões e incluiu a insta­lação de sinal­iza­ção educa­ti­va, painéis expos­i­tivos e a sub­sti­tu­ição do guar­da-cor­po.

Patrimônio cul­tur­al mundi­al recon­heci­do pela Orga­ni­za­ção das Nações Unidas para a Edu­cação, a Ciên­cia e a Cul­tura (Unesco), des­de 2017, o cais foi, durante os sécu­los 18 e 19, o prin­ci­pal por­to de desem­bar­que de africanos escrav­iza­dos nas Améri­c­as, segun­do o Insti­tu­to do Patrimônio Históri­co e Artís­ti­co Nacional (Iphan).

Os vestí­gios do cais foram descober­tos em 2011, durante escav­ações para obras do Por­to Mar­avil­ha, pro­je­to de revi­tal­iza­ção da zona por­tuária do Rio de Janeiro.

“Essa memória pre­cisa ser preser­va­da, como um por­to da nos­sa história e um farol de mudanças que pre­cisam man­ter as pes­soas negras donas de suas tra­jetórias do pre­sente e do futuro e cada vez mais dis­tantes do pas­sa­do per­ver­so da escravidão”, afir­mou a min­is­tra da Igual­dade Racial, Anielle Fran­co, em even­to comem­o­ra­ti­vo ao Dia da Con­sciên­cia Negra, na últi­ma segun­da-feira (20).

Segun­do Alexan­dre Nadai, coor­de­nador de comu­ni­cação do Insti­tu­to Pre­tos Novos, volta­do para a preser­vação do patrimônio mate­r­i­al e ima­te­r­i­al afro-brasileiro, o Cais do Val­on­go é o mar­co de um crime con­tra a humanidade: a escrav­iza­ção de mil­hões de africanos nas Améri­c­as.

“As pes­soas têm que con­hecer o com­plexo do Val­on­go, para enten­der o que acon­te­ceu e todo esse crime cometi­do con­tra os africanos e que é cometi­do ain­da con­tra os negros. A gente pre­cisa traz­er as pes­soas para con­hecer essa história e mit­i­gar todo esse racis­mo estru­tur­al que é a base da nos­sa sociedade.”

Pequena África

O Cais do Val­on­go fica em uma região con­heci­da como Peque­na África, por reunir uma pop­u­lação majori­tari­a­mente negra e por ter uma história lig­a­da à diás­po­ra africana, com sítios como o Cemitério dos Pre­tos Novos, local de sepul­ta­men­to de africanos recém-desem­bar­ca­dos no Val­on­go que mor­ri­am antes de serem ven­di­dos, e a Pedra do Sal, con­sid­er­a­da um dos berços do sam­ba urbano car­i­o­ca.

“Não foi só a mão de obra escra­va que entrou pelo cais. Troux­er­am tam­bém uma nova pos­si­bil­i­dade de civ­i­liza­ção, através da sua cul­tura, da sua espir­i­tu­al­i­dade, dos seus cos­tumes e sua socia­bil­i­dade, que mar­ca muito hoje a sociedade brasileira. Não se pode pen­sar o Brasil sem a capoeira, sem sam­ba, sem mara­catu”, afir­ma o babal­aô Ivanir dos San­tos, pro­fes­sor de história da Uni­ver­si­dade Fed­er­al do Rio de Janeiro (UFRJ) e mem­bro do Comitê Gestor do Cais.

Nes­ta sem­ana, o Ban­co Nacional de Desen­volvi­men­to Econômi­co e Social (BNDES) tam­bém anun­ciou ações para preser­vação e val­oriza­ção da memória e her­ança africanas na Peque­na África.

Umas das medi­das é um acor­do de coop­er­ação téc­ni­ca com vários órgãos do gov­er­no, incluin­do o Iphan e os min­istérios da Cul­tura e da Igual­dade Racial, para a elab­o­ração de um plane­ja­men­to físi­co-espa­cial da região. O obje­ti­vo é implan­tar ali um dis­tri­to cul­tur­al no pra­zo de três anos.

Tam­bém foi anun­ci­a­do o con­sór­cio que gerirá o edi­tal Viva Peque­na África, que visa for­t­ale­cer insti­tu­ições cul­tur­ais locais, estru­tu­rar uma rede de rep­re­sen­tantes da memória e her­ança africanas no Brasil e incen­ti­var a cri­ação de uma nova rota turís­ti­ca conec­ta­da a roteiros de afro­tur­is­mo nacionais e inter­na­cionais.

O con­sór­cio for­ma­do pelo Cen­tro de Artic­u­lação de Pop­u­lações Mar­gin­al­izadas (Ceap), Insti­tu­to Feira Pre­ta e Dias­po­ra Black será respon­sáv­el por ferir um fun­do de R$ 20 mil­hões, sendo metade ofer­e­ci­da pelo Fun­do Cul­tur­al do BNDES e o restante a ser cap­ta­do jun­to a doadores.

Gestão

O local foi desati­va­do em 1831, depois de rece­ber 1 mil­hão de escravos, segun­do o Iphan, dev­i­do à proibição do trá­fi­co transatlân­ti­co. Em 1843, foi ater­ra­do para a con­strução de um novo cais, que rece­be­ria a prince­sa Tere­sa Cristi­na, esposa do imper­ador Dom Pedro II, e pas­sou a ser chama­do de Cais da Imper­a­triz.

No iní­cio do sécu­lo pas­sa­do, foi nova­mente ater­ra­do, com as refor­mas urbanís­ti­cas da cidade. Após ser descober­to em 2011, o Cais do Val­on­go pas­sou a ser pro­te­gi­do pelo Iphan em 2012, mes­mo ano em que foi aber­to à vis­i­tação. Tornou-se Patrimônio Cul­tur­al da Cidade do Rio em 2013 e foi nomea­do Patrimônio Mundi­al em jul­ho de 2017.

Mas, em 2019, o comitê gestor, exigi­do pela Unesco para acom­pan­har ações de preser­vação do sítio arque­ológi­co e que havia sido cri­a­do um ano antes, foi extin­to, depois de se reunir ape­nas duas vezes. O comitê só foi recri­a­do em março deste ano.

Edição: Juliana Andrade

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