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Calor extremo no Rio de Janeiro aumenta mortalidade

Idosos e pessoas com diabetes e hipertensão correm maior risco

Agên­cia Brasil
Pub­li­ca­do em 14/02/2025 — 16:03
Rio de Janeiro
Rio de Janeiro (RJ), 14/11/2023 – População enfrenta forte onda de calor no Rio de Janeiro. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
Repro­dução: © Tomaz Silva/Agência Brasil

Uma pesquisa desen­volvi­da na pós-grad­u­ação da Esco­la Nacional de Saúde Públi­ca Ser­gio Arou­ca (Ensp/Fiocruz) indi­ca que as altas tem­per­at­uras no Rio de Janeiro estão rela­cionadas com o aumen­to da mor­tal­i­dade na cap­i­tal flu­mi­nense. O calor extremo rep­re­sen­ta maior risco para idosos e pes­soas com dia­betes, hiperten­são, Alzheimer, insu­fi­ciên­cia renal e infecções do tra­to urinário.

O tra­bal­ho é de auto­ria do doutoran­do João Hen­rique de Arau­jo Morais, que atua como pesquisador do Cen­tro de Inteligên­cia Epi­demi­ológ­i­ca, da Sec­re­taria Munic­i­pal de Saúde do Rio de Janeiro. Os números foram anal­isa­dos sep­a­rada­mente con­forme a clas­si­fi­cação de Níveis de Calor (NC) do pro­to­co­lo da Prefeitu­ra do Rio de Janeiro, lança­do no ano pas­sa­do. Os NC vari­am de 1 a 5 e indicam riscos e ações que devem ser tomadas em cada um deles.

O reg­istro de Nív­el de Calor 4, quan­do a tem­per­atu­ra é maior que 40°C durante 4 horas ou mais, está rela­ciona­do com um aumen­to de 50% na mor­tal­i­dade por doenças como hiperten­são, dia­betes e insu­fi­ciên­cia renal entre idosos.

“Em Nív­el 5, de 2 horas com Índice de Calor igual ou aci­ma de 44°C, esse mes­mo aumen­to é obser­va­do e é agrava­do con­forme o número de horas aumen­ta. Por­tan­to, o estu­do con­fir­ma que, ness­es níveis extremos definidos no pro­to­co­lo, o risco à saúde é real”, expli­ca o autor do estu­do.

Os resul­ta­dos do estu­do aler­tam para as con­se­quên­cias da emergên­cia climáti­ca e para a neces­si­dade de que as cidades criem planos de adap­tação ao calor.

“Pop­u­lações especí­fi­cas estão em alto risco, como tra­bal­hadores dire­ta­mente pos­tos ao sol, pop­u­lações de rua, gru­pos mais vul­neráveis (cri­anças, idosos, pes­soas com doenças crôni­cas), e pop­u­lações que vivem nas chamadas Ilhas de Calor Urbano”, diz João Hen­rique.

“Espera-se que ações tomadas no Pro­to­co­lo de Calor do Municí­pio do Rio, como disponi­bi­liza­ção de pon­tos de hidratação e res­fri­a­men­to, adap­tação de ativi­dades de tra­bal­ho, comu­ni­cação con­stante com a pop­u­lação e sus­pen­são de ativi­dades de risco em níveis mais críti­cos sejam difun­di­das e ado­tadas tam­bém em out­ros municí­pios, com o obje­ti­vo de pro­te­ger a saúde da pop­u­lação, sobre­tu­do dos mais vul­neráveis”, com­ple­men­ta.

Métrica inovadora

A pesquisa criou uma métri­ca para a exposição ao calor e os riscos rela­ciona­dos à Área de Exposição ao Calor (AEC). Ela con­sid­era o tem­po que uma pes­soa fica expos­ta ao calor, algo que out­ras medi­das, como tem­per­atu­ra média ou sen­sação tér­mi­ca média, não lev­am em con­ta.

De acor­do com o estu­do, o tem­po de exposição ao calor inten­so tem uma lig­ação impor­tante com a mor­tal­i­dade, espe­cial­mente entre as pes­soas mais vul­neráveis. Para os idosos, por exem­p­lo, a exposição a uma AEC de 64ºCh (graus-hora) aumen­ta em 50% o risco de morte por causas nat­u­rais. Com uma AEC de 91,2°Ch, o risco dobra.

O estu­do com­para duas datas para mostrar como a AEC fun­ciona. Em 12 de janeiro de 2020, o índice de calor foi de 32,69°C. Em 7 de out­ubro de 2023, foi de 32,51°C. Ape­sar de quase iguais, o calor durou mais tem­po no segun­do dia, resul­tan­do em uma AEC de 55,3°Ch. No primeiro dia, a AEC foi de 2,7°Ch, 20 vezes menor.

“Ao con­sid­er­ar ape­nas medi­das-resumo (médias ou máx­i­mas) podemos subes­ti­mar dias anor­mal­mente quentes. A métri­ca, por sua vez, con­segue iden­ti­ficar isso e pode ser uti­liza­da para definição de pro­to­co­los sim­i­lares ao desen­volvi­do aqui no Rio”, expli­ca o autor da pesquisa.

*A matéria foi cor­rigi­da às 8h50 de 15/02/2025 para esclare­cer que o autor do estu­do é pesquisador do Cen­tro de Inteligên­cia Epi­demi­ológ­i­ca, da Sec­re­taria Munic­i­pal de Saúde do Rio de Janeiro.

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