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Caminhos da Reportagem: fraudes na internet foram atualizadas

Propostas sobre proteção de dados pessoais são debatidas no Congresso
© Mar­cel­lo Casal jr/Agência Brasil (Repro­dução)

Criminosos mudaram táticas de atuação


Pub­li­ca­do em 04/04/2021 — 09:40 Por TV Brasil — Brasília

O número de ciber­crimes aumen­tou no Brasil durante a pan­demia de covid-19, com mais pes­soas conec­tadas à inter­net. Os golpes vir­tu­ais já exis­ti­am, mas pode-se diz­er que os crim­i­nosos atu­alizaram as suas táti­cas de atu­ação. Histórias de pes­soas que sofr­eram golpes e dicas de como não cair nes­sas armadil­has estão no pro­gra­ma Cam­in­hos da Reportagem, que vai ao ar neste domin­go (4), às 20h, na TV Brasil.

O Brasil é o quar­to país mais afe­ta­do por cib­er­ataques no mun­do, de acor­do com Fabio Assoli­ni, anal­ista sênior de segu­rança da empre­sa Kasper­sky, espe­cial­iza­da em segu­rança para a inter­net. Para se ter uma ideia, mais de 5 mil­hões de brasileiros foram víti­mas de crimes de clon­agem de What­sApp em 2020, segun­do lev­an­ta­men­to da PSafe, empre­sa de segu­rança dig­i­tal.

A jor­nal­ista Michelle Souza, de Brasília, foi uma das víti­mas de golpe. Ela con­ta que esta­va tra­bal­han­do e con­ver­san­do com alguns con­tatos pelo What­sApp quan­do rece­beu uma lig­ação. Era uma pes­soa fazen­do um con­vite para um even­to. Michelle seguiu as instruções que eram pas­sadas pelo tele­fone: cli­cou em um link, que ger­ou um códi­go por SMS e infor­mou o códi­go à pes­soa. E o What­sApp fechou na hora.

O con­heci­do golpe de What­sApp fun­ciona geral­mente como acon­te­ceu com Michele: o golpista engana a víti­ma, para que ela informe um códi­go cur­to rece­bido por SMS e, com esse códi­go cur­to, con­segue ati­var o What­sApp da pes­soa em out­ro apar­el­ho. Assim, começa a inter­a­gir com os con­tatos dela, sim­u­la uma situ­ação de emergên­cia e pede din­heiro empresta­do. “Eu nun­ca esper­a­va que ia cair numa situ­ação como essa. As pes­soas começaram a me lig­ar, foi tudo muito rápi­do, rápi­do mes­mo, coisa de menos de cin­co min­u­tos”, lem­bra Michelle.

Quan­do o golpista pediu din­heiro em nome de Michelle, um ami­go dela não imag­i­nou que pode­ria ser um golpe e trans­feriu cer­ca de R$ 6 mil.  “Eu, no afã de aju­dar, nem pen­sei que pode­ria ser out­ra pes­soa que esta­va no lugar dela”, disse o chef de coz­in­ha Simei Noron­ha. “Eu gostaria que as pes­soas apren­dessem com o meu erro”, com­ple­ta.

O pres­i­dente da Safer­Net Brasil, Thi­a­go Tavares, expli­ca que todas as redes soci­ais, as platafor­mas de e‑mail e os men­sageiros instan­tâ­neos, como What­sApp e Telegram, con­tam com um recur­so que per­mite ati­var um segun­do fator de aut­en­ti­cação para com­pro­var que você é você mes­mo. “Isso resolve­ria 95% das ten­ta­ti­vas de golpes que ocor­rem hoje, por exem­p­lo, em redes soci­ais e aplica­tivos de men­sagens. Mas pou­ca gente ain­da uti­liza o segun­do fator de aut­en­ti­cação. Quan­to mais gente uti­lizar, maiores serão as difi­cul­dades de ess­es crim­i­nosos terem êxi­to nas suas ações”.

E como os golpes cos­tu­mam ser atu­al­iza­dos, um dos temas do momen­to é a vaci­na con­tra a covid-19.  Tem gente usan­do o nome do Min­istério da Saúde e das sec­re­tarias de Saúde para aplicar golpes pelo What­sApp. Cri­aram, por exem­p­lo, um per­fil fal­so do secretário de Saúde do Maran­hão, Car­los Lula, que é tam­bém pres­i­dente do Con­sel­ho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). “O golpista dizia: ‘sobraram algu­mas dos­es do lote das vaci­nas. Você não quer adquirir para o seu municí­pio? E pedia um val­or para que fizesse a entre­ga. Obvi­a­mente absur­do. As dos­es de vaci­na são públi­cas, são gra­tu­itas”, afir­ma o secretário.

Neste momen­to de pan­demia, hou­ve tam­bém um aumen­to de crimes rela­ciona­dos à hon­ra, à imagem e à dig­nidade das pes­soas, segun­do a Safer­Net Brasil, que citou ain­da um pico de casos envol­ven­do vaza­men­to de ima­gens ínti­mas de nudez. A fotó­grafa Karim Kahn teve seu apar­el­ho de celu­lar rou­ba­do. No momen­to do roubo, o apar­el­ho esta­va des­blo­quea­do. Ela rece­beu ameaça: se não pas­sasse os dados do ban­co e as sen­has, divul­gar­ia nos gru­pos de What­sApp uma foto dela de top­less que esta­va no celu­lar. A ameaça foi con­cretiza­da. “Fiquei com mui­ta ver­gonha. No primeiro dia em que voltei para o tra­bal­ho esta­va de cabeça baixa, pen­san­do: é o meu cor­po, o que vão falar de mim? ”

Tam­bém neste momen­to de pan­demia, aumen­tou em 400% o número de recla­mações por ven­das online, segun­do o pres­i­dente do Pro­con de São Paulo, Fer­nan­do Capez. “Um número sig­ni­fica­ti­vo dessas recla­mações era de golpes”. Cami­la de Abreu, pub­lic­itária que mora em Brasília, caiu nesse tipo de golpe ao com­prar um celu­lar em uma loja na inter­net. Depois de con­ver­sar muito com o vende­dor e tirar todas as dúvi­das, ela fez a trans­fer­ên­cia bancária. “Na hora em que eu depositei, uma coisa me dizia que ain­da não esta­va cer­to. Foi quan­do tive a curiosi­dade de pegar o CNPJ da empre­sa que ele me pas­sou, joguei na inter­net e vi que era fal­so”, con­ta Cami­la.

Para que os brasileiros não sejam tão afe­ta­dos pelas fraudes vir­tu­ais, uma das saí­das apon­tadas pelos espe­cial­is­tas pas­sa pela edu­cação. Nos­sa equipe esteve, então, em uma esco­la onde edu­cação dig­i­tal faz parte do cur­rícu­lo. “Quan­do você tem um jovem que entende um pouco mais de tec­nolo­gia, os pais, que talvez não enten­dam tan­to, as tias, os avós, respon­sáveis, eles vão procu­rar esse jovem para tirar dúvi­das. O cam­in­ho para a mudança é a edu­cação”, afir­ma o pro­fes­sor Felipe Azeve­do.

A ínte­gra do Cam­in­hos da Reportagem fica disponív­el no site do pro­gra­ma.

Edição: Graça Adju­to

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