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Caminhos da Reportagem mostra situação de imigrantes no país

Um lar além das fronteiras vai ao ar hoje (9). às 23h, na TV Brasil

EBC
Pub­li­ca­do em 09/12/2024 — 07:02
Brasília
Imigrantes venezuelanos cruzam a fronteira com o Brasil.
Repro­dução: © Marce­lo Camargo/Agência Brasil

Nes­ta segun­da-feira (9), a TV Brasil exibe, às 23h, uma edição inédi­ta do Cam­in­hos da Reportagem que desta­ca histórias de imi­grantes no Brasil. O pro­gra­ma “Um lar além das fron­teiras” rev­ela a fal­ta de per­spec­ti­va e de políti­cas públi­cas para esta pop­u­lação vin­da de país­es diver­sos, como Venezuela, Síria e Repúbli­ca Domini­cana.

No extremo leste de São Paulo, depois do bair­ro de São Mateus, uma comu­nidade for­ma­da ape­nas por venezue­lanos rece­beu o nome de Veneza City. Entre ruas de ter­ra, casas impro­visadas feitas de madeira com­pen­sa­da for­mam o bair­ro.

Hoje cer­ca de 300 pes­soas vivem no local. Wendy Her­rera é uma delas. Design­er de moda na Venezuela, ela chegou ao Brasil em 2020. E de trav­es­sia em trav­es­sia, foi viv­er em Veneza City. “Eu não sei porque, um dia falei assim: eu vou morar em São Mateus. Meu mari­do falou: você é lou­ca? Eu falei: bom, não sei o porquê, mas eu sin­to uma vibração boa de lá. Eu falei para o meu mari­do: eu sin­to uma ener­gia boa de lá. E aí eu vim para cá e con­segui um bar­ra­co”.

Assim como Wendy, a com­er­ciante Car­men Nor­ie­ga saiu da Venezuela em bus­ca de mel­hores condições de vida. O fil­ho dela foi um dos primeiros a chegar em Veneza City. Ela con­ta que ele começou a vender pro­du­tos nos semá­foros para com­ple­men­tar a ren­da da família. E que ago­ra resolver­am abrir uma vend­in­ha, ao lado da casa onde vivem.

“Pouco a pouco deci­di vender ovo, gelad­in­ho, sorvetes, doces, balas…e hoje vendemos tam­bém bata­ta, cebo­la, alho.” E con­clui: “Aqui esta­mos bem. Mas meu son­ho é voltar para o meu país”.

A área onde foi esta­b­ele­ci­da Veneza City é uma área públi­ca que hoje está em dis­pu­ta judi­cial.

Além de Car­men e Wendy, o Brasil já acol­heu out­ros mil­hares de venezue­lanos, nos últi­mos anos. De acor­do com o Min­istério da Justiça e Segu­rança Públi­ca, de janeiro de 2017 a janeiro de 2022 chegaram 689.694 venezue­lanos ao Brasil. E muitos deles vier­am para ficar, como expli­ca Paulo Illes, coor­de­nador de relações insti­tu­cionais do Cen­tro de Dire­itos Humanos e Cidada­nia do Imi­grante (CDHIC).

“Eu cos­tu­mo diz­er que uma boa práti­ca migratória é a políti­ca que reduz ao máx­i­mo o tem­po de per­manên­cia dessas pes­soas no abriga­men­to. Porque o imi­grante não vem para São Paulo, não vem ao Brasil, para ficar em abri­go. Ele vem porque quer tra­bal­har, jun­tar din­heiro e aju­dar a família.”

É neste momen­to que o imi­grante esbar­ra na fal­ta de políti­ca públi­ca volta­da para a mora­dia defin­i­ti­va, como afir­ma Car­la Aguilar, assis­tente social e ger­ente do Cen­tro de Apoio e Pas­toral do Migrante (Cami).

“Aí, você fala assim: ah, mas não tem nem para os brasileiros. Então, dev­e­ria fun­cionar para todos, como diz o Arti­go 5º da Con­sti­tu­ição. Todos nós dev­eríamos ter mora­dia digna inde­pen­dente da nacional­i­dade. E essas pes­soas têm mui­ta difi­cul­dade em con­seguir alu­gar um lugar, porque ela não tem todos os doc­u­men­tos que eles pedem. Não tem fiador, não tem rede de apoio”, afir­ma Car­la.

Sem per­spec­ti­vas, muitos imi­grantes acabam indo morar nas per­ife­rias dos grandes cen­tros ou em ocu­pações irreg­u­lares. Este é o caso das famílias que vivem no cen­tro da cap­i­tal paulista, na ocu­pação Jean Jacques Dessalines.

O domini­cano Cliff Dante vive soz­in­ho em um dos cômo­d­os impro­visa­dos. Ele define o lugar onde vive como “um lugar onde moram várias pes­soas que estão em uma condição escas­sa e que não podem pagar aluguel. E a gente aprende a con­viv­er com os out­ros, mas não é fácil”.

O edifí­cio é uma pro­priedade par­tic­u­lar e uma rein­te­gração de posse foi pedi­da pelo pro­pri­etário à Justiça. As dívi­das do imóv­el com IPTU não pago à prefeitu­ra de São Paulo chegam a quase 400 mil reais.

Se políti­cas públi­cas voltadas para a mora­dia ain­da são um desafio, a prefeitu­ra de Araraquara decid­iu insti­tuir uma lei volta­da para o imi­grante. E uma das ino­vações pro­postas é extin­guir o pra­zo para a con­cessão do aluguel social. Hoje, uma pes­soa, imi­grante ou não, pre­cisa com­pro­var que vive há pelo menos dois anos no municí­pio onde está solic­i­tan­do o bene­fí­cio. Em Araraquara é difer­ente.

“O imi­grante, quan­do chega no municí­pio, já chega em esta­do de vul­ner­a­bil­i­dade social. Então, imag­ine ele ter que aguardar dois anos para poder usufruir des­ta políti­ca social. Então, nes­sa leg­is­lação, a gente tira esse tem­po, essa bar­reira tem­po­ral, para que o imi­grante, na hora que chega no nos­so municí­pio, a gente con­si­ga de fato acol­her”, expli­ca Rena­ta Fatah, Coor­de­nado­ra de Dire­itos Humanos da prefeitu­ra de Araraquara.

O sírio Jadal­lah Al Sabah foi um dos ben­e­fi­ci­a­dos do aluguel social em Araraquara. O chef de coz­in­ha con­ta que o pro­gra­ma social foi essen­cial para que ele pudesse se estru­tu­rar no Brasil e traz­er a família. “Ago­ra eu con­si­go pagar meu aluguel. Ten­ho tra­bal­ho e está tudo cert­in­ho”, afir­ma.

Sobre o programa

Pro­dução jor­nalís­ti­ca sem­anal da TV Brasil, o Cam­in­hos da Reportagem leva o tele­spec­ta­dor para uma viagem pelo país e pelo mun­do em bus­ca de pau­tas espe­ci­ais, com uma visão difer­ente, insti­gante e com­plexa de cada um dos assun­tos escol­hi­dos.

No ar há mais de uma déca­da, o Cam­in­hos da Reportagem é uma das atrações jor­nalís­ti­cas mais pre­mi­adas não só do canal, como tam­bém da tele­visão brasileira. Para con­tar grandes histórias, os profis­sion­ais inves­tigam assun­tos vari­a­dos e rev­e­lam os aspec­tos mais rel­e­vantes de cada assun­to.

Saúde, econo­mia, com­por­ta­men­to, edu­cação, meio ambi­ente, segu­rança, prestação de serviços, cul­tura e out­ros tan­tos temas são abor­da­dos de maneira úni­ca. As matérias temáti­cas lev­am con­teú­do de inter­esse para a sociedade pela telin­ha da emis­so­ra públi­ca.

Questões atu­ais e polêmi­cas são tratadas com pro­fun­di­dade e seriedade pela equipe de profis­sion­ais do canal. O tra­bal­ho min­u­cioso e bem exe­cu­ta­do é recon­heci­do com diver­sas pre­mi­ações impor­tantes no meio jor­nalís­ti­co.

Exibido às segun­das, às 23h, o Cam­in­hos da Reportagem tem horário alter­na­ti­vo na madru­ga­da para terça, às 4h30. A pro­dução disponi­bi­liza as edições espe­ci­ais no site http://tvbrasil.ebc.com.br/caminhosdareportagem e no YouTube da emis­so­ra públi­ca em https://www.youtube.com/tvbrasil. As matérias ante­ri­ores tam­bém estão no aplica­ti­vo TV Brasil Play, disponív­el nas ver­sões Android e iOS, e no site.

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