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Campanha de combate às hepatites virais será permanente

Repro­dução: © Arquivo/Agência Brasil

Projeto é da Sociedade Brasileira de Hepatologia


Pub­li­ca­do em 05/07/2023 — 07:32 Por Alana Gan­dra — Repórter da Agên­cia Brasil — Rio de Janeiro

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A Sociedade Brasileira de Hepa­tolo­gia (SBH) decid­iu tornar per­ma­nente, e com vigên­cia durante todo o ano, a cam­pan­ha de con­sci­en­ti­za­ção e com­bate às hepatites virais, que mar­ca tradi­cional­mente o mês de jul­ho. “Essa foi uma ideia que tive­mos porque, se a gente se prende só a um mês, agos­to começa e as pes­soas acabam se esque­cen­do da importân­cia do tema. Por isso, o nos­so mote foi De Jul­ho a Jul­ho Amare­lo. A cura começa com o teste para a cam­pan­ha con­tra as hepatites virais”, disse nes­ta terça-feira (4) à Agên­cia Brasil o pres­i­dente da SBH, Gio­van­ni Faria Sil­va. A cam­pan­ha é pro­movi­da em parce­ria com o Insti­tu­to Brasileiro de Figa­do (Ibrafig).

O tit­u­lar da SBH con­sider­ou de grande importân­cia a Lei 14.613, san­ciona­da na segun­da-feira (3) pelo pres­i­dente Luiz Iná­cio Lula da Sil­va, que altera a Lei 13.802, de 10 de janeiro de 2019, que insti­tu­iu o Jul­ho Amare­lo, e esta­b­elece um con­jun­to de ativi­dades e mobi­liza­ções a serem desen­volvi­das para com­bate às hepatites virais neste mês.

Na próx­i­ma sem­ana, mem­bros da SBH par­tic­i­parão, em Brasília, de reuniões no Min­istério da Saúde, com o obje­ti­vo de traçar metas e planos para esten­der pelo país ações de diag­nós­ti­co, trata­men­to e com­bate às hepatites virais. Faria Sil­va disse que é inter­esse da SBH dar todo o apoio ao min­istério, do pon­to de vista de ori­en­tações sobre trata­men­to, inclu­sive no for­ma­to online, a médi­cos que não têm mui­ta intim­i­dade com as hepatites virais.

O Dia Mundi­al de Luta Con­tra as Hepatites Virais é cel­e­bra­do em 28 de jul­ho, dia do nasci­men­to do cien­tista Baruch Blum­berg, gan­hador do Prêmio Nobel, que desco­briu o vírus da hepatite B, desen­volveu um teste de diag­nós­ti­co e a vaci­na para esse tipo de hepatite.

Na pági­na da cam­pan­ha da SBH, as pes­soas podem obter infor­mações e mate­ri­ais como fol­hetos e car­til­has sobre a doença.

Ações

Entre as ini­cia­ti­vas pre­vis­tas está a ilu­mi­nação de mon­u­men­tos e pré­dios históri­cos na cor amarela, em todo o Brasil, como o Mon­u­men­to das Ban­deiras, em São Paulo, e o Cristo Reden­tor, no Rio de Janeiro. Out­ras ações serão real­izadas para lem­brar que toda pes­soa aci­ma de 4o anos de idade deve ser tes­ta­da para hepatites virais. Na entra­da de jogos de fute­bol, serão exibidas faixas aler­tan­do que as hepatites virais são doenças que podem atacar o fíga­do e provo­car cir­rose hep­áti­ca.

“Nós ter­e­mos várias cam­pan­has de testagem em inúmeras cidades do país. Essas cam­pan­has não acon­te­cerão somente em jul­ho, mas devem se per­pet­u­ar durante o ano”, disse Faria Sil­va. O teste para hepatite C e B é feito com uma gota de sangue do dedo. “Jun­ta­mente com essas testa­gens, a gente vai aler­tar as pes­soas sobre out­ras causas de doenças hep­áti­cas, como, por exem­p­lo, a doença por virose do fíga­do”, disse o pres­i­dente da SBH.

A enti­dade médi­ca pre­tende tam­bém faz­er micro elim­i­nações em presí­dios, onde as taxas de infec­ta­dos são grandes. A SBH já está atuan­do em alguns presí­dios, não só fazen­do testagem, mas encam­in­han­do as pes­soas para trata­men­to, porque o pre­so, uma vez sain­do da prisão, pode con­t­a­m­i­nar out­ras pes­soas pos­te­ri­or­mente. “São ações para evi­tar a pro­gressão da doença e, tam­bém, a trans­mis­são pos­te­ri­or­mente”.

Out­ro pro­je­to da SBH é tes­tar moradores de rua, porque muitos são por­ta­dores de vírus, mas descon­hecem. Faria Sil­va disse que esse pro­je­to é mais difí­cil. Mes­mo assim, a sociedade, segun­do ele, está tra­bal­han­do jun­to com algu­mas orga­ni­za­ções que têm moradores de rua cadastra­dos, o que per­mite faz­er o diag­nós­ti­co e o trata­men­to da infecção pelo vírus. “É um trata­men­to muito fácil. Um com­prim­i­do por dia, sem efeitos colat­erais, e atinge cura de 98% dos casos”, infor­mou o espe­cial­ista.

O mod­e­lo ado­ta­do na cap­i­tal paulista será repro­duzi­do para out­ras cidades do país. “Nós vamos faz­er um pro­je­to-pilo­to. Porque não adi­anta só tes­tar. Os moradores têm que ter acom­pan­hamen­to pos­te­ri­or. Você não vai con­seguir elim­i­nar o prob­le­ma e evi­tar uma pro­gressão da doença. Para isso, é impor­tante que essas pes­soas sejam cadastradas e ras­treadas para que pos­sa ser ofer­e­ci­do o trata­men­to, prin­ci­pal­mente para aque­les vin­cu­la­dos a unidades que fornecem refeições ou um lugar para dormir, como abri­gos”.

A ideia é nego­ciar com os admin­istradores dess­es abri­gos para que os moradores de rua infec­ta­dos fiquem no local durante o perío­do de trata­men­to, de oito a 12 sem­anas.

Hepatites virais

Hepatites virais são doenças com vírus que agri­dem o fíga­do. Os vírus que cronifi­cam são só da hepatite B, C e D. Nes­sa cronifi­cação, a doença evolui para a cir­rose de for­ma ass­in­tomáti­ca. “Por isso, é difí­cil ter diag­nós­ti­co pre­coce. Os sin­tomas apare­cem quan­do a pes­soa já tem cir­rose avança­da. Pode ter até cir­rose no iní­cio, mas não dá sin­toma algum. Por­tan­to, é fun­da­men­tal que se faça diag­nós­ti­co pre­coce, tes­tando, prin­ci­pal­mente pes­soas com fatores de risco”, expli­ca o médi­co.

Para a hepatite C, Faria Sil­va disse que os maiores fatores de risco são pes­soas que rece­ber­am trans­mis­são de sangue ou deriva­dos do sangue antes de 1992; rece­ber­am trans­plante de algum órgão; usaram dro­gas injetáveis ou seringas de vidro para tomar med­icações líc­i­tas, comuns antes do aparec­i­men­to do vírus HIV. Pes­soas que habitam o mes­mo ambi­ente têm um cer­to risco, emb­o­ra não tão alto, adver­tiu o médi­co.

Para hepatite D, além de todos os fatores cita­dos ante­ri­or­mente, tem a trans­mis­são sex­u­al e a trans­mis­são da mãe para o bebê, a chama­da trans­mis­são ver­ti­cal. A Região Norte é onde é mais preva­lente o vírus D da hepatite, em espe­cial na Amazô­nia.

O trata­men­to da hepatite C é feito com um com­prim­i­do por dia, com tér­mi­no entre oito a 12 sem­anas e chance de cura de 98%. Para a hepatite B, o trata­men­to se pro­lon­ga durante toda a vida, emb­o­ra em alguns casos a doença não com­pro­meta o fíga­do. Já para a hepatite D, o trata­men­to é mais com­plexo, feito com med­icação injetáv­el que pode apre­sen­tar efeitos colat­erais. “É um vírus mais raro e neces­si­ta ter a pre­sença do vírus B para infec­tar com o Delta”, expli­cou o pres­i­dente da SBH.

De acor­do com o Bole­tim Epi­demi­ológi­co de Hepatites Virais, divul­ga­do em 2022 pela Fun­dação Oswal­do Cruz (Fiocruz), foram noti­fi­ca­dos no Sis­tema de Infor­mação de Agravos de Noti­fi­cação (Sinan), do Min­istério da Saúde, 718.651 casos con­fir­ma­dos de hepatites virais no Brasil de 2000 a 2021.

Edição: Fer­nan­do Fra­ga

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