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Campanha orienta jovens contra a gravidez na adolescência

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Repro­dução: © Imagens/TV Brasil

Orientações podem ser acesssadas pela inernet em site da UFRJ


Pub­li­ca­do em 10/07/2021 — 16:02 Por Alana Gan­dra — Repórter da Agên­cia Brasil — Rio de Janeiro

Jovens inter­es­sa­dos em obter infor­mações cor­re­tas sobre edu­cação sex­u­al con­tam ago­ra com o suporte da cam­pan­ha #Pron­tosParaEs­saCon­ver­sa, lança­da pelo Lab­o­ratório de Comu­ni­cação Pub­lic­itária Apli­ca­da à Saúde e à Sociedade (Com­pas­so), pro­je­to de exten­são da Uni­ver­si­dade Fed­er­al do Rio de Janeiro (UFRJ). A cam­pan­ha pode ser aces­sa­da no site e está cir­cu­lan­do pela inter­net, nas mídias soci­ais, infor­mou hoje (8) à Agên­cia Brasil o pro­fes­sor San­dro Tor­res, da Esco­la de Comu­ni­cação (ECO) da UFRJ, respon­sáv­el pelo pro­je­to.

O obje­ti­vo é infor­mar e con­sci­en­ti­zar os jovens sobre temas rela­ciona­dos à gravidez na ado­lescên­cia, por meio de um diál­o­go sim­ples e con­fiáv­el. A cam­pan­ha é real­iza­da sem cus­to pelos alunos da UFRJ, em parce­ria com a Fun­dação Oswal­do Cruz (Fiocruz) e a prefeitu­ra de Niterói.

Segun­do Tor­res, foi feito um tra­bal­ho pre­lim­i­nar de pesquisa e entre­vis­tas com espe­cial­is­tas de diver­sas áreas, incluin­do análise de arti­gos e con­teú­dos cien­tí­fi­cos, para mon­tagem de um ban­co de infor­mações, que foram traduzi­das para uma lin­guagem acessív­el a jovens de 15 a 19 anos de idade, que é o públi­co-alvo da cam­pan­ha. A equipe do pro­je­to perce­beu que a fal­ta de infor­mação, bem como a propa­gação de con­teú­dos desin­for­ma­tivos, isto é, que induzem ao erro ou con­fun­dem o recep­tor, con­tribuem para os altos índices de gravidez na ado­lescên­cia.

“A cam­pan­ha é basea­da em per­son­agens que habitam as mídias dig­i­tais e que assumem papeis que traduzem o con­hec­i­men­to para uma lin­guagem palatáv­el ao públi­co”, disse Tor­res. A meta é evi­tar a gravidez pre­coce e inde­se­ja­da que, na lin­guagem da juven­tude, sig­nifi­ca “deu ruim”. “Durante todo o proces­so de cri­ação da cam­pan­ha, pas­samos por várias eta­pas. Uma delas foi uma pesquisa com jovens de 15 a 19 anos na qual 98% dos entre­vis­ta­dos indicaram que sen­tem fal­ta das ori­en­tações de edu­cação sex­u­al, tan­to na esco­la quan­to em casa, na família. Alegam tam­bém que a prin­ci­pal fonte de infor­mação deles está entre ami­gos e na inter­net, o que é um absur­do”, disse o respon­sáv­el pelo pro­je­to.

Impacto

Tor­res ressaltou que os números tam­bém são assus­ta­dores. De acor­do com a Orga­ni­za­ção Pan-Amer­i­cana de Saúde (OPAS), a cada mil ado­les­centes na faixa etária entre 15 e 19 anos no mun­do, 44 são mães, enquan­to no Brasil, a cada mil jovens 59 engravi­dam na ado­lescên­cia, resul­ta­do muito aci­ma da média glob­al. “Isso tem um impacto sério no desen­volvi­men­to da vida social da pop­u­lação, porque esse jovem que teve a gravidez pre­coce, que foi mãe ou pai pre­coce, vai ter difi­cul­dade para com­ple­tar seus estu­dos e, con­se­quente­mente, para ter suces­so na car­reira. É um prob­le­ma que aca­ba assom­bran­do o sujeito e mexe com a vida dele.”

San­dro Tor­res desta­cou que a políti­ca de com­bate e pre­venção à gravidez na ado­lescên­cia “é uma políti­ca, inclu­sive, de com­bate à pobreza”. Citou dados das Sociedades de Gine­colo­gia e Obstetrí­cia, segun­do os quais de qua­tro mães ado­les­centes, três são pre­tas, pobres e per­iféri­c­as. “Atrav­es­sa­do nes­sa questão tem um prob­le­ma de ordem socioe­conômi­ca”, apon­tou o pro­fes­sor. O com­pro­mis­so do Com­pas­so, como todo pro­je­to de exten­são, é pegar o que tem de mel­hor na pesquisa da uni­ver­si­dade e levar para a sociedade, com­ple­tou.

O pro­je­to é final­ista em uma pre­mi­ação de pro­dução acadêmi­ca lab­o­ra­to­r­i­al, durante con­gres­so que vai ocor­rer em agos­to próx­i­mo. Para o coor­de­nador do Lab­o­ratório de Comu­ni­cação e Saúde (LACES) da Fiocruz, Wil­son Borges, a parce­ria com o Compasso/UFRJ tem dois aspec­tos que con­sid­era cru­ci­ais. “O primeiro é que a pro­pa­gan­da é trata­da enquan­to nar­ra­ti­va, enquan­to lin­guagem. Isso a recolo­ca em um novo lugar de dis­cussão. E, segun­do, a pro­pos­ta de diál­o­go com a sociedade é majori­tari­a­mente pro­duzi­da pelos alunos, o que dá um difer­en­cial muito sig­ni­fica­ti­vo para essas práti­cas que a gente tem vis­to”.

Vivências

Car­oli­na Fre­itas engravi­dou da primeira fil­ha, Sofia, aos 16 anos, no segun­do ano do ensi­no médio e ago­ra, aos 18 anos, está na segun­da gravidez. Sarah, sua segun­da fil­ha, vai nascer neste mês. Ela mora­va com a avó na Bar­ra da Tiju­ca, zona oeste do Rio de Janeiro, e se mudou para Saquare­ma, na Região dos Lagos, onde con­heceu seu namora­do e hoje mari­do, Lucas, pai de suas duas cri­anças. Atual­mente, ele tra­bal­ha como chaveiro e ela é dona de casa.

Car­oli­na lem­brou que con­seguiu con­cluir o segun­do ano do ensi­no médio, mes­mo grávi­da, porque entrou no nono mês de gravidez em novem­bro. Para faz­er o ter­ceiro ano, ela pas­sou a estu­dar à noite e deix­a­va Sofia, recém-nasci­da, com a mãe. Assim, ela con­seguiu obter o cer­ti­fi­ca­do de con­clusão do ensi­no médio. “Mas não con­segui faz­er a fac­ul­dade ain­da, por con­ta da pan­demia e porque eu fiquei grávi­da de novo”.

Paulo Vic­tor Rodrigues, 22 anos, sem­pre dese­jou ser pai, mas não aos 19 anos, quan­do nasceu Alice, hoje com 3 anos. “Foi bem com­pli­ca­do. Tive que adi­ar alguns planos, tive que ter respon­s­abil­i­dade que, com certeza, eu não teria. Deix­ei de faz­er a fac­ul­dade e per­di uma opor­tu­nidade profis­sion­al. Se min­ha fil­ha tivesse chega­do ago­ra, eu teria essa exper­iên­cia tran­qui­lo”. Paulo Vic­tor con­sid­era muito impor­tante que os jovens sejam infor­ma­dos e ori­en­ta­dos sobre o que deve ou não ser feito e sobre as for­mas de pre­venção. A mãe da cri­ança não está mais com Paulo Vic­tor. Os dois têm a guar­da divi­di­da da fil­ha, que fica uma sem­ana com cada um. Ele mora com a avó e seu son­ho é se tornar jogador de fute­bol profis­sion­al. Atual­mente, ele tra­bal­ha como pro­fes­sor em uma escol­in­ha de fute­bol e quer começar a fac­ul­dade, que teve que adi­ar dev­i­do à pater­nidade pre­coce.

Laris­sa da Veiga engravi­dou aos 18 anos da fil­ha Hele­na, que está hoje com 2 meses. Teve tam­bém que adi­ar o son­ho de cur­sar a fac­ul­dade de engen­haria, mas pre­tende começar ain­da este ano. Ela defend­eu que o assun­to de sexo não seja tabu entre as famílias, como ocor­ria no pas­sa­do. “Min­ha mãe teve uma ret­icên­cia muito grande de falar comi­go sobre isso. Eu fui saber mais para a frente, só”.

Ela enfa­ti­zou a neces­si­dade de os jovens serem mais bem ori­en­ta­dos e infor­ma­dos sobre a neces­si­dade de usarem preser­v­a­tivos, como a camis­in­ha, e de tomar anti­con­cep­cionais, para se cuidarem e se tratarem. Disse que “as coisas começam a mudar ago­ra, porque nós, jovens, esta­mos lev­an­tan­do essas pau­tas e tam­bém os adul­tos mais vel­hos estão anal­isan­do que é necessário agir assim, para as pes­soas não pas­sarem por exper­iên­cias ruins”.

Laris­sa mora no bair­ro do Lins, zona norte do Rio, com o mari­do Nathan. Ela tra­bal­ha como aux­il­iar admin­is­tra­ti­va em uma con­feitaria e ele como assis­tente admin­is­tra­ti­vo em um hos­pi­tal.

Apoio

O pro­fes­sor San­dro Tor­res obser­vou que, além da parce­ria com o Laces, da Fiocruz, a cam­pan­ha tem apoio de lab­o­ratórios de out­ras insti­tu­ições, como a Uni­ver­si­dade do Esta­do do Rio de Janeiro (Uerj) e a Uni­ver­si­dade Fed­er­al Flu­mi­nense (UFF).

Edição: Maria Clau­dia

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