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Câncer de pênis atingiu mais de 10 mil brasileiros nos últimos 5 anos

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© Aten­di­men­to hos­pi­ta­lar (Repro­du­ção)

Especialista alerta para importância do diagnóstico precoce


Publi­ca­do em 21/02/2021 — 08:30 Por Alex Rodri­gues — Repór­ter da Agên­cia Bra­sil — Bra­sí­lia

Con­si­de­ra­do raro em paí­ses desen­vol­vi­dos, o cân­cer de pênis ain­da afe­ta milha­res de homens no Bra­sil. Embo­ra evi­tá­vel, a doen­ça atin­giu, pelo menos, 10.265 bra­si­lei­ros entre os anos de 2016 e 2020. São casos que, além de dei­xar seque­las físi­cas e psí­qui­cas às vezes irre­pa­rá­veis, colo­ca­ram o país entre as cin­co nações com os mai­o­res núme­ros de ocor­rên­ci­as, jun­to com Quê­nia, Ugan­da, Egi­to e Índia.

Segun­do o Ins­ti­tu­to Naci­o­nal de Cân­cer (Inca), mes­mo que menos fre­quen­te que outros tumo­res, como o de prós­ta­ta, o cân­cer de pênis repre­sen­ta cer­ca de 2% de todos os casos de neo­pla­si­as malig­nas diag­nos­ti­ca­das entre homens no Bra­sil, sen­do mais fre­quen­tes nas regiões Nor­te e Nor­des­te – prin­ci­pal­men­te entre pes­so­as de menor grau de ins­tru­ção e ren­da.

Con­for­me o Minis­té­rio da Saú­de, a pro­por­ção de inter­na­ções se man­te­ve rela­ti­va­men­te está­vel ao lon­go dos últi­mos anos: foram 1.961 em 2016; 2.017 (2017); 2.142 (2018); 2.194 (2019) e 1.951 no ano pas­sa­do. Entre 2014 e 2018, as mais altas taxas de mor­ta­li­da­de por cân­cer de pênis foram veri­fi­ca­das em três esta­dos da região Nor­des­te: Mara­nhão, Piauí e Ser­gi­pe; e em dois da região Nor­te: Pará e Tocan­tins. No ano pas­sa­do, esses cin­co esta­dos, além de 370 cida­des de todo o país, foram incluí­dos em um pro­je­to-pilo­to que o minis­té­rio cri­ou para qua­li­fi­car o cui­da­do com a saú­de mas­cu­li­na e ten­tar redu­zir a inci­dên­cia de cân­cer de pênis. A pas­ta des­ti­nou R$ 20 milhões ao pro­je­to, ain­da em fase expe­ri­men­tal.

Higiene íntima

De acor­do com o uro­lo­gis­ta Feli­pe de Pau­la, mem­bro da dire­to­ria da Soci­e­da­de Bra­si­lei­ra de Uro­lo­gia (SBU) de São Pau­lo, mui­tos dos casos da doen­ça pode­ri­am ser evi­ta­dos ape­nas com cui­da­dos bási­cos com a higi­e­ne ínti­ma, já que o des­cui­do com a lim­pe­za do órgão sexu­al mas­cu­li­no é iden­ti­fi­ca­da como o prin­ci­pal fator de ris­co.

“É pre­ci­so higi­e­ni­zar mui­to bem o pênis, mas não só sua par­te exte­ri­or. É neces­sá­rio expor a glan­de, ou seja, a cabe­ça do pênis; colo­cá-la para fora do pre­pú­cio [cama­da de pele retrá­til que cobre a extre­mi­da­de do órgão] e lavá-la bem”, ori­en­ta o uro­lo­gis­ta, des­ta­can­do que a pre­sen­ça de fimo­se pode aumen­tar o ris­co de sur­gi­men­to de lesões e difi­cul­tar a lava­gem ade­qua­da da glan­de (que deve ser fei­ta ape­nas com água e sabo­ne­te ou sabão), aumen­tan­do o ris­co de sur­gi­men­to de um tumor.

Demora no diagnóstico

Dire­tor clí­ni­co do Hos­pi­tal Regi­o­nal do Cân­cer de Pre­si­den­te Pru­den­te (HRCPP), no inte­ri­or pau­lis­ta, Pau­la tam­bém des­ta­ca que, por vári­os moti­vos, a mai­o­ria dos paci­en­tes cos­tu­ma demo­rar a cons­ta­tar os sinais de que há algo de erra­do. E mais ain­da para pro­cu­rar um médi­co.

“Uma pes­qui­sa demons­trou que, mes­mo depois de per­ce­ber uma lesão no pênis, meta­de dos homens demo­rou mais de um ano para pro­cu­rar o ser­vi­ço de saú­de. Seja por fal­ta de aces­so, seja, na mai­o­ria das vezes, por ver­go­nha”, decla­rou o uro­lo­gis­ta à Agên­cia Bra­sil, aler­tan­do para o fato de que, no últi­mo ano, o diag­nós­ti­co pre­co­ce da doen­ça foi pre­ju­di­ca­do tam­bém pelo medo do novo coro­na­ví­rus.

“A situ­a­ção pio­rou, pois com a covid-19, as pes­so­as têm pro­cu­ra­do cada vez menos os ser­vi­ços de saú­de. Isto se refle­te tam­bém em rela­ção aos [diag­nós­ti­cos de] tumo­res que se agra­vam à medi­da que a pes­soa demo­ra a bus­car aju­da médi­ca”, comen­tou Pau­la, des­ta­can­do que, quan­to mais cedo for ini­ci­a­do, mai­o­res as chan­ces do tra­ta­men­to de qual­quer tipo de cân­cer ser bem-suce­di­do. “Infe­liz­men­te, quan­do mui­tas des­tes homens pro­cu­ram o ser­vi­ço de saú­de, a situ­a­ção já é gra­ve.”

Pau­la reco­men­da que os homens fiquem aten­tos ao sur­gi­men­to e à evo­lu­ção de feri­das e man­chas em qual­quer par­te do órgão sexu­al, mas prin­ci­pal­men­te na glan­de. Feri­men­tos que não cica­tri­zam, a pre­sen­ça de uma secre­ção bran­ca e/ou de um chei­ro desa­gra­dá­vel que não desa­pa­re­ça com a ade­qua­da lava­gem do pênis podem ser indí­ci­os de um tumor.

Outro sinal pre­o­cu­pan­te pode ser a pre­sen­ça de gân­gli­os ingui­nais (ínguas) na região das viri­lhas. Qual­quer que seja o caso, a pes­soa deve con­sul­tar um médi­co espe­ci­a­lis­ta para iden­ti­fi­car a real cau­sa do pro­ble­ma e rece­ber o tra­ta­men­to mais ade­qua­do.

Alta taxa de cura

Diag­nos­ti­ca­do em está­gio ini­ci­al, o tra­ta­men­to do cân­cer de pênis apre­sen­ta ele­va­da taxa de cura. A detec­ção dos casos de cân­cer pode ser fei­ta por meio de exa­mes clí­ni­cos, labo­ra­to­ri­ais ou radi­o­ló­gi­cos. O tra­ta­men­to depen­de da exten­são local do tumor e do com­pro­me­ti­men­to dos gân­gli­os ingui­nais, poden­do ser fei­to por meio de cirur­gia, radi­o­te­ra­pia ou qui­mi­o­te­ra­pia, con­for­me o caso. Segun­do o Inca, o diag­nós­ti­co pre­co­ce é fun­da­men­tal para evi­tar que a situ­a­ção se agra­ve e seja neces­sá­rio ampu­tar par­ci­al ou total­men­te o pênis.

Embo­ra seja mais fre­quen­te entre homens a par­tir dos 50 anos de ida­de, o cân­cer de pênis tam­bém pode atin­gir os mais jovens. Entre os fato­res que aumen­tam o ris­co da pes­soa vir a desen­vol­ver a doen­ça estão o fumo e as con­sequên­ci­as de doen­ças sexu­al­men­te trans­mis­sí­veis mal­tra­ta­das – razão para os espe­ci­a­lis­tas refor­ça­rem a reco­men­da­ção para que os homens usem pre­ser­va­ti­vo ao terem rela­ções sexu­ais.

Edi­ção: Pedro Ivo de Oli­vei­ra

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