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Câncer é primeira causa de morte por doença em crianças

Repro­dução: © Tânia Rêgo/Agência Brasil

Inca lembra, no entanto, que enfermidade é altamente curável


Pub­li­ca­do em 15/02/2023 — 08:50 Por Alana Gan­dra — Repórter da Agên­cia Brasil — Rio de Janeiro

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O câncer infan­til é a primeira causa de morte por doença em cri­anças e a segun­da causa de óbito em ger­al. A primeira seria aci­dente. O Insti­tu­to Nacional do Câncer (Inca) esti­ma que no triênio 2023/2025 ocor­rerão, a cada ano, 7.930 novos casos de câncer em cri­anças e jovens de 0 a 19 anos de idade.

Hoje (15), Dia Inter­na­cional da Luta con­ta o Câncer Infan­til, a oncol­o­gista pediátri­ca do Inca Sima Fer­man, chefe da Seção de Pedi­a­tria, lem­brou que atual­mente a doença é alta­mente curáv­el. “Essa é a prin­ci­pal infor­mação que a gente tem”, disse.

Em entre­vista à Agên­cia Brasil, Sima afir­mou que como a incidên­cia de câncer vem aumen­tan­do lenta­mente ao lon­go dos anos, ele começa a apare­cer como causa impor­tante de doença em cri­ança. “Como nem todas são curadas, a doença pode ter, na ver­dade, um per­centu­al de mor­tal­i­dade infan­til tam­bém. Os dados mais recentes, de 2020, rev­e­lam que foram reg­istra­dos 2.280 óbitos em cri­anças e ado­les­centes de 0 a 19 anos no Brasil.

Entre os tipos mais comuns de câncer infan­to­ju­ve­nil estão leucemia, lin­fo­ma e tumores do sis­tema ner­voso cen­tral. A médi­ca do Inca ressaltou, con­tu­do, que os tumores em cri­anças são difer­entes dos que acome­tem pes­soas adul­tas. “Adul­to tem muito car­ci­no­ma, tumores de célu­las difer­en­ci­adas”. Os tumores de cri­anças são difer­entes. Emb­o­ra ess­es três tipos sejam mais fre­quentes, existe uma gama de tumores, como os embri­onários, que ocor­rem nos primeiros anos de vida. São exem­p­los os da reti­na, de rim, de gânglio sim­páti­co. “São tumores que acon­te­cem, mais fre­quente­mente, em cri­anças menores. Mas todos eles são muito difer­en­ci­a­dos e respon­dem bem ao trata­men­to quimioterápi­co, nor­mal­mente. Essa é a prin­ci­pal infor­mação que a gente tem para dar nesse dia tão impor­tante”, reit­er­ou a espe­cial­ista.

Para a oncol­o­gista, a doença é muito séria, mas trouxe, ao lon­go dos anos, uma esper­ança de bus­ca pela vida. Há pos­si­bil­i­dade de cura, se o paciente é diag­nos­ti­ca­do pre­co­ce­mente e trata­do nos cen­tros espe­cial­iza­dos de atenção à cri­ança.

Alerta

Nos país­es de alta ren­da, entre 80% e 85% das cri­anças acometi­das por câncer podem ser curadas atual­mente. No Brasil, o per­centu­al é mais baixo e var­iáv­el entre as regiões, mas apre­sen­ta média de cura de 65%. “É menos do que nos país­es de alta ren­da porque muitas cri­anças já chegam aos cen­tros de trata­men­to com sinais muito avança­dos”. Sima Fer­man reafir­mou que o diag­nós­ti­co pre­coce é muito impor­tante. Por out­ro lado, admi­tiu que esse diag­nós­ti­co é, muitas vezes, difí­cil, ten­do em vista que sinais e sin­tomas se assemel­ham a doenças comuns de cri­ança.

O Inca faz treina­men­to com profis­sion­ais de saúde da atenção primária para alertá-los da importân­cia de uma inves­ti­gação mais pro­fun­da, quan­do há pos­si­bil­i­dade de o sin­toma não ser comum e con­sti­tuir doença mais séria. Sima lem­brou que cri­ança não inven­ta sin­toma. Afir­mou que os pais devem sem­pre acom­pan­har a con­sul­ta e o trata­men­to dos fil­hos e dar atenção a todas as queixas feitas por eles, prin­ci­pal­mente quan­do são muito recor­rentes e per­manecem por um tem­po. “É impor­tante estar aler­ta porque pode ser uma coisa mais séria do que uma doença comum”.

Podem ser sinais de tumores em cri­anças uma febre pro­lon­ga­da por mais de sete dias sem causa aparente, dor óssea, ane­mia, man­chas rox­as no cor­po, dor de cabeça que leva a cri­ança a acor­dar à noite, segui­da de vômi­to, alter­ações neu­rológ­i­cas como per­da de equi­líbrio, mas­sas no cor­po. “São situ­ações em que é pre­ciso estar aler­ta e que podem levar a pen­sar em doença como câncer”.

Para os profis­sion­ais de saúde da atenção primária, espe­cial­mente, a médi­ca recomen­dou que devem levar a sério as queixas dos pais e das cri­anças e acom­pan­har o menor durante todo o perío­do até elu­ci­dar a situ­ação para a qual a cri­ança foi procu­rar atendi­men­to. “E, se for o caso, faz­er exam­es mais pro­fun­dos e ver se há algu­ma doença que pre­cisa ser trata­da”.

Individualização

Para cada tipo de câncer, os oncol­o­gis­tas do Inca procu­ram estu­dar a biolo­gia da doença, para dar um trata­men­to que pos­sa levar à chance de cura, com menos efeitos no lon­go pra­zo. “Para con­seguir isso, temos que saber especi­fi­ca­mente como a doença se apre­sen­tou à cri­ança e, muitas vezes, as car­ac­terís­ti­cas biológ­i­cas do tumor. Isso vai nos guiar sobre o trata­men­to que ofer­ece mais ou menos riscos para esse paciente ficar cura­do e seguir a vida”.

Em ger­al, o trata­men­to de um câncer infan­til leva de seis meses a dois anos, depen­den­do do tipo de doença apre­sen­ta­da pelo paciente. Após esse pra­zo, a cri­ança fica em acom­pan­hamen­to, ou “no con­t­role”, por cin­co anos. Se a doença não voltar a se man­i­fes­tar durante ess­es cin­co anos, pode-se con­sid­er­ar o paciente cura­do. “Cada vez, a chance de a doença voltar vai dimin­uin­do mais. A chance é maior no primeiro ano, quan­do ter­mi­na o trata­men­to, e vai dimin­uin­do mais e mais”, disse a oncol­o­gista pediátri­ca.

Edição: Graça Adju­to

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